Analógico

As ferramentas para acabar de vez com o mau comportamento em jogos online

Existem diferentes opções para se defender daqueles que querem estragar as partidas.


Na manhã de 02 de junho deste ano, oficiais da Polícia Federal foram até a zona sul de São Paulo para cumprir mandado de busca e apreensão. Seria somente mais um dia comum de trabalho para os agentes da lei, se não fosse por um detalhe: estavam efetivando uma decisão inédita da Justiça brasileira. A tarefa era encontrar o responsável por um portal que oferecia hacks para Point Blank (PC). Ao ser localizado, o acusado admitiu que lucrava com a venda dos programas e, então, foi obrigado a retirar a página do ar imediatamente, sob risco de ser multado em R$ 10 mil por cada acesso.


Segundo o advogado da Ongame, publisher do jogo, o comércio dos aplicativos gerou cerca de R$ 500 mil ao dono do site. Por desenvolver e distribuir as ferramentas de trapaça, o suspeito foi indiciado por estelionato e violação de propriedade intelectual. A legislação nacional afirma que é crime grave reproduzir e vender trechos de qualquer software sem autorização do autor, acarretando uma pena que pode variar de um a quatro anos de prisão, além de multa. A criação de hacks, por sua vez, se enquadra dentro da lei, já que a atividade envolve a apropriação de partes dos códigos de programação do game.

Quem tenta levar vantagem usando essas artimanhas também está sujeito a punições. A princípio, aplica-se a esses infratores banimentos temporários ou definitivos; no entanto, as empresas podem entrar com processos contra aqueles que se acham mais espertos do que os outros por se aproveitarem de programas ilegais que melhoram o desempenho. O caso de Point Blank pode representar um marco para os jogadores brasileiros, pois mostra que as autoridades estão de olho no universo virtual e atuam em prol de um futuro mais limpo e honesto. Mas, para atingir esse objetivo, todos nós temos papel fundamental.
Caso de hack em Point Blank pode ser divisor de águas

Armas contra trapaceiros

Muitos têm a falsa impressão de que não existem leis na internet ou nos games online. Entretanto, não é bem assim que as coisas funcionam: você é, sim, responsável pelos atos que comete no mundo virtual. As regras de lá são as mesmas do universo aqui fora, com possibilidade de processos, multas e até mesmo prisões. As grandes empresas cujos títulos oferecem possibilidade de jogatinas online sempre disponibilizam em seus sites ferramentas para denunciar aqueles que estragam a diversão alheia de alguma maneira.

Este mau comportamento, no entanto, não está restrito somente às partidas: também está presente em fóruns ou redes sociais que falam sobre videogames. Quando isso acontece nesses ambientes, o usuário ofendido conta ainda com o amparo da SaferNet, uma ONG sem fins lucrativos que reúne cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em direito e que tem como missão defender e promover os direitos humanos na internet.

A organização recebe denúncias anônimas de crimes virtuais, além de contar com suporte governamental, parcerias com a iniciativa privada, autoridades policiais e judiciais. Portanto, se você foi vítima ou presenciou algum fato que passou dos limites da brincadeira, é possível acessar o site da SaferNet e registrar o ocorrido para coibir esse tipo de atitude, que não faz bem para ninguém.
Não fique calado, denuncie!

“HuEhUe BR”

Infelizmente, a fama do brasileiro não é a das melhores nas comunidades de jogos online. Conhecidos como “huehue BR”, devido a forma como escrevemos nossa risada, somos tachados de trapaceiros e inconvenientes. Para se ter a exata noção de como somos vistos pelos estrangeiros, o desenvolvedor independente Isac Cobb, durante a PAX East de 2013, afirmou que: "Jogadores brasileiros em games online são uma gangue e não um grupo”.

Quem tem esse tipo de comportamento se defende dizendo que tudo se trata apenas de um jogo e não deveria ser levado tão a sério. Será mesmo? Há algo de errado com alguém que, para se divertir, precisa atrapalhar, ou até acabar, com a alegria dos outros. Além disso, tais comportamentos ainda mancham a imagem da grande maioria dos brasileiros que querem somente usar os videogames da maneira adequada e passar bons momentos. Porém, esses poucos malucos acabam prejudicando muitos.
Temos que acabar com essa má fama

Ao se deparar com um desses “huehue BR”, a dica é nunca respondê-los, pois o que eles querem é atenção. Também não deixe de escolher aquele personagem que você gosta só por causa de alguma zoeira, pois assim estará fazendo exatamente o que os inconvenientes desejam. E, é claro, a denúncia também é fundamental nestes casos.

Jogo limpo

Na sociedade atual, infelizmente, vemos o aumento de casos de machismo, bullying, racismo e outros terríveis meios de discriminação. Esse tipo de comportamento acaba sendo transportado também para o universo virtual e temos o dever de combatê-los da mesma forma que brigamos contra os vilões mais impiedosos. Não podemos ficar calados e deixar certas atitudes passar impunes: a justiça está agindo e as ferramentas estão a disposição de todos para tornamos as jogatinas online cada vez melhor.

Revisão: Bruno Alves
Capa: Felipe Araujo

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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