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Análise: Uncanny X-Men: Days of Future Past (Mobile) não mostra garra

Apesar de ser uma ótima ideia, um novo jogo da Marvel pode deixar os fãs frustrados com a falta de controles precisos e a necessidade de configurações robustas para um bom desempenho mobile.



Ano passado, tivemos a continuação do excelente filme X-Men: Primeira Classe: o igualmente bem feito X-Men: Dias de um Futuro Esquecido. Aproveitando o evento, ainda que de forma tardia, a Glitchsoft lança para celulares e tablets um jogo relacionado ao título do filme, nesse caso fazendo muito mais alusão às HQs.

Relembrando o futuro do passado

Este arco clássico das histórias dos mutantes mais famosos da Marvel foi publicado no início da década de 1980 (1981 para ser exato). Foi nas revistas Uncanny X-Men #141 e 142 que a saga sobre um futuro distópico foi apresentada aos leitores pelas mãos habilidosas de Chris Claremont. Depois do assassinato do senador Robert Kelly, a população pede o fim da raça mutante. Logo após é aprovada uma lei que inicia a produção dos sentinelas — robôs gigantes programados para exterminar mutantes — o que acarreta em um futuro apocalíptico para os mutantes. Para tentar salvar todo mundo, Kitty Pride volta ao passado para tentar achar a assassina do senador e assim dar fim à realidade opressora do futuro. Foi nesta saga, por sinal, que foi inspirado o filme "Exterminador do Futuro", lançado poucos anos depois, mas isso é outra historia.

E o jogo?

Bom, até aqui tudo certo com a história ser um clássico, mas é aqui que começam os problemas. Apesar de ter alguns elementos das HQs, como a viagem no tempo, o jogo acaba se perdendo em um típico arcade da época, ou seja, um side scrolling com fases iguais, todas com o mesmo objetivo, que é chegar ao fim matando todos os inimigos, que são extremamente repetitivos. Para ter uma idéia, geralmente cada cenário possui dois ou três inimigos diferentes, porém, que já apareciam em uma cena anterior. A história não muda de acordo com o personagem escolhido, por isso não faz diferença qual escolher.
clones atacam Wolverine

Existe um sistema de experiência que funciona como moeda dentro do jogo. Com ele você pode comprar habilidades novas para seu personagem ou uma roupa alternativa; pode-se, por exemplo, chamar o simpático dragão Lockheed, mascote de Kitty Pryde, para auxiliar na batalhas. Colocaram, inclusive, vários extras no game, como capas das edições relacionadas ao jogo, biografia dos personagens etc. Esses bônus dão um certo incentivo para jogar de novo a mesma fase, a fim de coletar todos os colecionáveis

Como superar a falta de controle

É aqui que chegamos no ponto crítico. A jogabilidade é bastante difícil. Não pelos controles, que são bastante simples até, mas pela falta de resposta aos comandos. Existem duas formas de controle. A primeira é o clássico, com duas setas virtuais para a movimentação, um botão de pulo e outro de ataque, que funcionam tanto por toque (apenas um toque na tela desfere um ataque simples) quanto deslizando o dedo para aplicar golpes especiais. A segunda opção funciona apenas deslizando o dedo em partes da tela. Qualquer comando escolhido causará a mesma frustração ao tentar subir em uma plataforma, por exemplo. O personagem tem uma movimentação pesada, não natural, fazendo com que o jogo perca um pouco o ritmo. Depois de um tempo, você acaba desistindo de pular para pegar os tanques de xp.

Saindo bem na fita

O jogo lembra muito os clássicos do Super Nintendo, tanto pelo visual quanto pela sonoplastia. O clima nostálgico me remete às tardes em que jogava X-Men: Mutant Apocalypse (SNES), porém, como dito anteriormente, sem a jogabilidade precisa que apenas um controle poderia proporcionar. Os sentinelas são bastante fiéis ao design original e as lutas com os chefes de fase gigantes são bastante fáceis. Vale salientar, ainda, o cuidado com o figurino dos personagens, pois cada um possui no mínimo dois uniformes diferentes — o Wolverine e a Kitty Pryde contam com três uniformes. Outra semelhança com o jogo clássico é a quantidade de heróis, pois este conta com, além dos já citados, Ciclope (Scott Summers), Tempestade (Ororo Munroe), Colossus (Priotr Rasputin), entre outros. Magneto chegará em uma futura atualização. Legal, mas mais uma vez diferente das histórias originais.

Julgando os mutantes

A falta de resposta dos comandos frustra. Uma saída é jogar em telas maiores, como é o caso dos aparelhos com pelo menos cinco polegadas, pois têm uma área maior para executar os comandos. Isso acaba pesando bastante na avaliação geral. Outro ponto incômodo é a necessidade de um dispositivo com uma configuração razoável para ter uma experiência menos lenta. Por outro lado, se ainda assim você não se importar com isso, terá um jogo interessante. Vários extras deixarão os fãs satisfeitos. Para não dizer que tudo foi ruim, há algo muito bom nisso tudo: é um jogo barato e por isso compensa pagar o valor para não ter qualquer compra “in app”. Ou seja, não terá banners ou preocupações com estaminas acabando, travando sua jogatina de tempos em tempos, e enchendo a paciência. Além do mais, todas as habilidades podem ser compradas utilizando pontos adquiridos durante o jogo.


Prós

  • Gráfico muito bom, nostálgico até;
  • Vários personagens para escolher;
  • Muitos extras pra fazer a alegria dos fãs.

Contras

  • Jogabilidade frustrante;
  • Muito pesado para celulares menos potentes;
  • História contada de forma superficial.
Uncanny X-Men: Days of Future Past — Android/iOS — Nota: 5.0

Revisão: Alberto Canen
Capa: Angelo Gustavo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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