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Análise: Thirty Flights of Loving (PC)

Nós últimos anos, a indústria de videogames parece por vezes flertar com a possibilidade de criar novas experiências nos jogos. Seja com uma... (por Unknown em 05/03/2013, via GameBlast)

Nós últimos anos, a indústria de videogames parece por vezes flertar com a possibilidade de criar novas experiências nos jogos. Seja com uma grande publisher por trás como em Child Of Eden (PS3/X360), seja com um game vindo do outro lado do mundo como em Analogue: A Hate Story (PC) ou pode ser simplesmente com um projeto despretensioso de um ex-modder desempregado como em Gravity Bone. Desse último caso saíram dois jogos que fogem dos padrões de narrativa, duração e temática que vem se reforçando e repetindo nos últimos anos por toda indústria.


Thirty Flights of Loving não é um messias do gênero, longe disso, mas com certeza é uma oportunidade de conhecer algo novo e diferente — mesmo para quem jogou Gravity Bone.

Era uma vez, a recompensa de U$30 no Kickstarter

No longínquo ano de 2009, um modder relativamente famoso na comunidade de Quake 2, Brendon Chung, trouxe ao mundo gratuitamente um game com elementos que fugiam do comum. Era muito curto e ainda assim impressionava. Tanto que esse total desconhecido para a grande mídia teve sua primeira obra analisada em sites como IGN e Destructoid. Seu nome era Gravity Bone. 

Vai uma bebidinha aí?
A partir do sucesso desse game, Chung começou a desenvolver novos games. Agora com uma produtora independente, a Blendo Games. Com isso, em 2010 veio o elogiado Flotilla e o pouco conhecido Air Forte. Em 2011 foi a vez do premiado Atom Zombie Smasher. No entanto, apenas em 2012 veríamos aquela mesma fórmula de sucesso que trazia bonecos cabeçudos e quadradões em um rápida aventura. Surgia em meio a uma campanha do Kickstarter o jogo Thirty Flights of Loving.

A campanha, que originalmente tentava ressuscitar o antigo podcast Idle Thumbs, passava agora a dividir atenção com a singela recompensa U$30 (ou mais) que prometia uma continuação das aventuras do Citizen Abel. A meta de U$30 mil foi facilmente ultrapassada e após um mês de coletas o projeto acumulou mais de U$ 130 mil, a volta do podcast Idle Thumbs e o nascimento da continuação de Gravity Bone.

O fora de série

Thirty Flights of Loving, como uma boa sequência (espiritual) que é repete, a dose de Gravity Bone e se revela como mais um jogo de 13 minutos, de gênero quase indefinido e de personagens "quadrados". O game que consegue misturar diversas categorias dos games em si conta a história de um grupo de assaltantes e o seu grande assalto. Todavia, sem nunca deixar claro o que está sendo roubado, o porquê do furto ou simplesmente mostrar o momento do roubo. Ao invés disso, o jogador é levado por uma verdadeira viagem pelos dias que antecedem o crime. Para completar a confusão mental, o jogo apresenta o fatos do enredo em uma ordem não-linear sendo de sua inteira responsabilidade juntar as peças do seu quebra-cabeça e descobrir em que momento cada acontecimento se dá na vida dos assaltantes sem nome (exceto por Citizen Abel, seu personagem), sem passado ou futuro. 

¡Viva la Revolución!

Definir Thirty Flights of Loving é complicado. Podemos dizer que se trata de uma história interativa como Linger in Shadows do PlayStation 3. Quem sabe ainda não estamos lidando com "um jogo de tiro em primeira pessoa (FPS) onde você nunca dispara uma bala", como sugeriu Graham Smith do PC Gamer. Ou simplesmente não é um game com perspectiva em primeira pessoa e elementos de point'n'click adventure. 

Na dúvida opte por todas as alternativas anteriores e quaisquer outras que lhe vierem a mente.

A continuação indireta

Apesar de por diversas vezes Thirty Flights of Loving ser citado como uma continuação de Gravity Bone ele não é. Podemos ser radicais e citar apenas como único ponto em comum o mesmo personagem principal, Citizen Abel. Nem mesmo a forma de narrativa dos games passa pelo mesmo ponto da reta. A temática dos enredos, por exemplo, são completamente diferentes. No primeiro, Citizen Abel é um espião infiltrado com missões a serem cumpridas. Enquanto na “continuação” nosso personagem não passa de um meliante de alto nível. Todavia, é completamente indispensável que os candidatos a jogadores de TFOL deem uma passada pelo primeiro e único jogo gratuito da Blendo Games.

Voando para fora da caixinha

Sem buscar um primor gráfico Thirty Flights of Loving vai em busca de algo mais visual ao utilizar um motor gráfico ultrapassado para os padrões atuais. Visualmente falando, os gráficos proporcionados pela id Tech 2 (Quake II engine) são uma verdadeira fonte de cores e cenas que corroboram a essência da história em imagens. A motivo de comparação, atualmente a criadora da “engine”, a id Software, utiliza-se da id Tech 5 e já está produzindo a sexta versão do motor gráfico. 

Tome um rumo diferente do de costume, e quase sempre estará certo.
Vale lembrar que a opção por tal "engine" não foi uma escolha proposital, e sim uma ocasionalidade, visto a disponibilidade e fácil acesso à id Tech 2 que se encontra como um software livre sob a Licença Pública Geral. Apesar desse adendo, seria um erro desconsiderar que, talvez, Brendon Chung nunca tivesse feito algo tão mágico se dispusesse de recursos para fazer algo mais grandioso. As limitações técnicas com certeza influenciaram na duração de Gravity Bone que posteriormente deu origem Thirty Flights of Loving. Podemos dizer que na falta de possibilidades, a criatividade reinou e gerou a saga do Citizen Abel.

Os momentos é que importam

O grande mérito do sucesso de críticas do jogo é sua capacidade de contar uma história fantástica em tão pouco tempo. Mesmo deixando diversos pontos em aberto, TFOL , produz um produto final no mínimo satisfatório. Já o seu demérito é o seu valor de mercado. Apesar de custar apenas cinco reais ainda assim é um valor há se considerar por um produto que só irá lhe entregar alguns poucos minutos de entretenimento — que podem não ser tão impressionantes como para esse que vos escreve. Cabendo ao leitor decidir se o investimento é válido, ou não.

Prós

  • Duração total da aventura pelo mundo de Thirty Flights of Loving 
  • Contém no pacote o clássico Gravity Bone 
  • Capacidade de inovação e de surpreender os jogadores 

Contras

  • A possibilidade de gastar R$ 5 num jogo que pode não agradar 
Thirty Flights of Loving - PC - Nota: 8,0
Revisão: Leandro Freire

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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