Análise: Trouble Witches FINAL! Episode 01 Daughters of Amalgam peca pela repetitividade, mas ainda tem um charme cativante

Um grupo de bruxinhas deve impedir uma feiticeira do mal e suas filhas de espalharem o caos com um demônio ancestral. Tudo isso com muita fofura.

em 14/12/2025
Lançado inicialmente em 2007 pela Rocket Engine Co., Trouble Witches ~Daughters of Amalgam~ trouxe três bruxinhas voadoras em uma aventura colorida e cheia de tiros, em um subgênero que ficou conhecido como cute ‘em up — algo como um shoot ‘em up com personagens fofinhas.

Após trabalhar em algumas melhorias para esse título e ainda trabalhar em outros da mesma categoria, como Cotton Reboot!, chegou a hora de trazer uma versão mais encorpada do seu primeiro clássico. Trouble Witches FINAL! Episode 01 Daughters of Amalgam traz o charme do título original mais todos os incrementos lançados até então, de uma só vez.

Vale citar que esta versão já foi lançada originalmente para PS4 e Switch em 2023 e no começo desse ano para PS5, exclusivamente no Japão. Agora é que as versões de PS4 e Switch estão chegando ao Ocidente, mas ainda não há uma previsão para a de PS5.

Haja bruxaria!

A história original de Trouble Witches traz a bruxa Amalgan como a principal vilã. Ela roubou um anel que selava os poderes do demônio antigo Draupnhir e repartiu essa joia com as suas filhas. Agora as feiticeiras Pril, Aqual e Yuki precisam derrotar essa família do mal, recuperar o anel e trancar Draupnhir novamente.

Essa versão final traz, além do trio de protagonistas, mais doze personagens para compor o elenco-base — treze, se contarmos a convidada Cotton, que é adquirida por DLC —, mas ainda é possível liberar novas versões de cada uma delas, praticamente dobrando as opções disponíveis.

Cada uma delas conta com um padrão de projéteis, e isso influencia na jogabilidade. Há as que possuem padrões mais abrangentes, com tiros que cobrem uma área mais aberta; em contrapartida, tem bruxinhas com tiros menos volumosos e mais direcionados, que causam um dano maior. Vale ressaltar também que todas contam com um companheiro, que fica à sua volta com disparos auxiliares.

Além disso, elas também contam com duas habilidades: um círculo mágico, que desacelera as esferas de energia das criaturas pelo caminho e as transforma em moedas quando elas são derrotadas; e cartas especiais, que modificam a propriedade do nosso disparo por um curto espaço de tempo. Podemos ter até três, usando uma por vez.

A loucura de coisas acontecendo ao mesmo tempo é inevitável e, mesmo com inimigos bem diferentes e coloridos, é normal ter diversos pontos de atenção. Logo, nas dificuldades mais altas, é normal ser acertado por algum tiro que passou despercebido. Isso fica ainda mais intenso nas fases finais, mas, ainda assim, quem já for acostumado com o gênero com certeza se sentirá desafiado em sempre tentar mais uma vez.

De novo, de novo e de novo mais uma vez

Trouble Witches Final! traz diversos modos de jogo, mas que consistem na mesma coisa: passar pelas seis fases, derrotando Amalgam. O Story insere cenas e diálogos — em inglês ou japonês —, para criar uma breve narrativa para cada uma das integrantes do vasto elenco. Além disso, sempre há uma conversinha antes da batalha contra a chefe do cenário.

O Arcade e o Valpurgis Night Mode são a mesma coisa que o Story, só que sem as inserções. É só finalizar as seis fases e fim de papo; porém, o segundo traz uma dificuldade bem mais elevada e com menos possibilidades de encontrar uma lojinha para comprar cartas mágicas no meio do caminho. 

O Endless e o Boss Rush também seguem a mesma métrica, de jogar todo o caminho inúmeras vezes até cansar, só que o primeiro envolve os cenários completos e o segundo apenas as batalhas contra as chefes. Em ambos é possível parar e salvar seu progresso para continuar depois. O Score Attack pode durar 2 ou 5 minutos, e é só aproveitar os continues infinitos para conseguir a maior pontuação dentro das marcas temporais estipuladas.

Para quem quiser experimentar o jogo em sua essência original, é possível jogar a versão Arcade tradicional, que nada mais é que a mesmíssima coisa que o Arcade que já está presente no menu principal, mas com a tela no formato 4:3 (fullscreen), com as laterais preenchidas por um papel de parede. Por fim, também há o tutorial e um modo para praticar os cenários disponíveis.

É muita coisa para passar sempre pelas mesmas fases, então a repetitividade é alta — e com baixas recompensas. Para liberar a segunda versão de cada bruxinha, é necessário terminar o modo Story com elas, mas essa é a única recompensa que temos. Não há nada a ser liberado para os outros modos, o que é um desperdício.

Além disso, os (não tão) diversos modos de jogo não conseguem esconder o fato de a estrutura de fases do título trazer uma aventura curta. Com exceção do Endless do Boss Rush, que tem loopings infinitos, é possível terminar uma partida entre 15 e 20 minutos, sem estresse.

Como a ideia é celebrar o lançamento de um título que já tem quase 20 anos, não faria mal incluir mais alguns desbloqueáveis. Uma galeria com artes de cada personagem, ou até um modo de exibição com os finais das bruxinhas, tanto no Story quanto no Arcade clássico, viria a calhar e traria uma motivação real para utilizar todo o elenco, mesmo enfrentando essa dose forte de repetitividade.

Outro ponto que poderia ter alguma melhora seria a parte gráfica. Os visuais são bonitos, coloridos, chamativos, mas ainda assim parecem um pouco defasados, mesmo para o padrão PS4/Switch. Como houve o esforço de adequar a disposição da tela para o widescreen (16:9) de maneira natural, em vez de só deixar esticado, um aprimoramento para uma resolução maior viria a calhar.

Seria muito legal se não só os elementos em primeiro plano, mas também os ambientes ao fundo, ganhassem essa repaginada no visual, pois os cenários são fantásticos, no melhor sentido da palavra. Florestas, vilarejos, geleiras com baleias voadoras, vulcões e até um labirinto com diversas imagens aleatórias fazem um ótimo papel panorâmico e com certeza ficariam melhor com pelo menos um upscaling visual.

Uma fantasia que dura pouco, mas enche os olhos

Trouble Witches FINAL! Episode 01 Daughters of Amalgam é um ótimo cute ‘em up, mas peca pela repetitividade e por se apegar demais aos moldes do lançamento original. Se houvesse a introdução de mais desbloqueáveis, que justificassem retornar aos diversos modos de jogo, com certeza ele poderia ter um fator replay mais atrativo do que só replicar os mesmos percursos com variações de dificuldade.

Prós

  • Elenco-base de 12 personagens, com mais algumas desbloqueáveis e cada uma delas com diferentes características;
  • Visual colorido e fantástico, que mistura bem personagens 2D com fundos tridimensionais;
  • Mesmo com muita coisa acontecendo, é fácil aprender os padrões de ataque dos inimigos e assimilar a jogabilidade. 

Contras

  • Mesmo com vários modos, o jogo é altamente repetitivo;
  • Nas dificuldades mais altas, podem ocorrer alguns momentos de confusão;
  • Poderia ter mais desbloqueáveis;
  • Visuais um pouco defasados.
Trouble Witches FINAL! Episode 01 Daughters of Amalgam — PS4/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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