Análise: Monument Valley 3: O Jardim da Vida é uma pequena coleção dos maiores sucessos da série

DLC gratuito do terceiro jogo apresenta uma série de fases que não inovam tanto quanto poderiam, mas mantêm a mente afiada.

em 09/12/2025
Lançado em dezembro do ano passado, Monument Valley 3, o mais recente capítulo da série de puzzles surreais Monument Valley, passou em branco por um simples motivo: estava acorrentado à Netflix Games, serviço de jogos para celular da gigante do streaming. Em julho, chegou ao PC e consoles ao mesmo tempo que era arrancado dos dispositivos móveis.

Agora, o bom filho à casa torna, e traz junto de si o DLC gratuito Monument Valley 3: O Jardim da Vida, lançado originalmente em abril. Além do conteúdo que já estava presente no PC e consoles, a atualização (e, no caso do iOS e Android, reedição) inclui todas as fases adicionais que seriam lançadas de acordo com o roteiro inicial, antes de o jogo ser removido da Netflix Games.

Feridas psicológicas e truques de perspectiva

O Jardim da Vida se divide em duas partes: quatro níveis do mesmo porte da história principal e uma série de quebra-cabeças curtos, chamados “Memórias”. Falemos das duas em ordem.

O Jardim em si é uma ilhota à esquerda do farol de Noor, de onde a história principal de Monument Valley 3 parte. Aqui dentro existem quatro edifícios; quando um personagem secundário os adentra, jogamos uma fase que representa sua psiquê, sempre torturada, marcada pela impossibilidade de ser quem realmente é.

Pessoalmente falando, quando zerei a campanha do jogo a fim de me preparar para o DLC, pensei “olha, foi bom, esses jogos sempre mexem comigo, só que o problema é que eu nunca mais vou encontrar uma fase tão impactante quanto aquela literal caixa de surpresas do primeiro”. Meus amigos, O Jardim da Vida virou para mim e disse “é caixa que você quer? Tome!” Em um certo capítulo, há uma série de subfases que brincam com cubos. Nunca fui tão feliz.

Nesse sentido, conforme o título da análise indica, é uma expansão que brinca com algumas das melhores ideias que já apareceram nos outros jogos. Não diria que nada é superinventivo, mas ainda não me cansei dos truques similares. O que ajuda é que não existe nada no mercado (do meu conhecimento) que faça o que Monument Valley faz. Tem minha permissão tácita para seguir na zona de conforto.

Seguindo a linha do resto do game, O Jardim da Vida também lida com questões ambientais e a importância da comunidade. O jogo como um todo foi desenvolvido com o apoio da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), ONG que atua há mais de um século em prol de vítimas de desastres naturais e emergências de saúde.

Na parede da memória

Em seguida, às fases menores. Pela primeira vez na série, conseguimos explorar uma pequena área: um arquipélago cheio de pessoas que compartilham com Noor memórias de todos os tipos. 

Cada uma dura uma única tela e, assim como os níveis principais, explora algum aspecto da personalidade do remetente. Por exemplo, um caminho sinuoso e cheio das ilusões de ótica icônicas da série, inspiradas pelo trabalho de M.C. Escher, pode representar alguém que um dia já se perdeu muito na vida antes do processo de autodescoberta.

A duração curta não é impedimento ao impacto emocional; auxiliados, como sempre, por uma belíssima estética low-poly de tons oníricos e uma trilha sonora suave e focada, esses pequenos retalhos tocam o coração do mesmo jeito que as fases mais desenvolvidas. 

A única objeção real a se fazer é que o final, desbloqueado ao coletarmos todas as Memórias, é um tanto anticlimático. Talvez ter ficado com uma sensação de “sério, só isso?” tenha sido um problema meu, questão de ter ajustado mal as expectativas — mesmo assim, com toda a fanfarra que acontece ao desbloquearmos essa última fase, é difícil não pensar que poderia ter sido algo um pouco maior.

Um jardim bem regado 


Mecanicamente falando, Monument Valley 3: O Jardim da Vida não vai mudar o mundo: é mais Monument Valley, não ousando muito além, o que não é bem um ponto negativo. O DLC segue a linha da campanha principal — poderia ter sido um pouquinho mais, mas o que recebemos também não é ruim.

Prós

  • Resgata as melhores ideias dos outros títulos;
  • Tamanho reduzido não tira brilho da franquia;
  • Excelente atmosfera, com belos gráficos e trilha sonora.

Contras

  • A fase final das Memórias é anticlimática;
  • Sensação de incompletude.

Monument Valley 3: O Jardim da Vida — PC/PS5/XSX/Switch/iOS/Android — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: iOS

Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela ustwo games

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Hiero de Lima
Jornalista formada pela PUC-SP e eterna apaixonada por videogames, especialmente aqueles japoneses de mistério. Sempre tem alguma redação gigante para escrever depois que zera um Yakuza.
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