Virtua Fighter, a franquia que iniciou o precedente de jogos de luta 3D lá em 1993, ganhará um novo título em um futuro próximo, mas até chegar o momento, temos uma nova versão de VF5, game lançado originalmente em 2006.
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é uma atualização de Ultimate Showdown, lançado exclusivamente para o PS4 em 2021. Antes desta última versão, no final do ano passado, o PC ganhou o seu modelo também, batizado de Virtua Fighter 5 R.E.V.O. A ideia agora é juntar todas as melhorias dos últimos cinco anos em uma versão definitiva para PlayStation 5, Xbox Series X/S e PC. O Nintendo Switch 2 também receberá o título em algum momento no futuro.
O que já estava bom poderia ter ficado um bocadinho melhor
Se você já tem na sua biblioteca uma das duas versões anteriores que citei no começo desta análise, então já sabe o que esperar, e isso não é ruim. Toda a melhora visual feita para o PC foi portada com maestria para o PS5, com gráficos muito bonitos e movimentos fluidos, obtidos graças à Dragon Engine, do estúdio Ryu Ga Gotoku, que é o mesmo motor gráfico utilizado na franquia Yakuza.
A customização de personagens também está de volta, com opções interessantes, mas ainda um pouco limitadas. Cada lutador possui cinco trajes, e a escolha do que usar é sempre feita dentro do molde de cada um deles, sem tanta liberdade. Por exemplo, se quisermos alterar o traje B de Akira, precisamos nos restringir às opções específicas dele, com algumas poucas variações de cores e texturas. Seria mais vantajoso poder misturar tudo dentro das cinco opções e, aí sim, criar composições mais únicas e com a nossa cara.
O áudio também foi mantido da mesma forma, para o bem e para o mal. Por um lado, temos ótimas músicas para as fases, que combinam bem com a identidade sonora dos mais de 30 anos da franquia. Por outro lado, as vozes e efeitos sonoros durante a luta continuam soando estranhas e abafadas, como se estivessem em baixa qualidade.
Quem adquiriu VF5 e suas expansões anteriormente no PS4 — o pacote lendário e as collabs com Yakuza e Tekken 7 — terá acesso a elas gratuitamente no PS5, tendo que adquirir somente o jogo base, com um valor abaixo do comum.
É ótimo poder contar com essa vantagem e não precisar gastar tanto para (re)adquirir o jogo, mas todo esse conteúdo não pode ser aproveitado da maneira que gostamos. Seria muito mais funcional ter opções que nos permitissem a plena personalização de quais músicas queremos escutar e em quais situações, sejam elas ligadas a uma fase ou personagem, mas não. Só podemos escolher qual álbum vai tocar e fim de papo. Se pintar alguma curiosidade sobre quais músicas pertencem a qual lista, é melhor pesquisar na internet ou tentar puxar pela memória.
Vários palcos para distribuir a porrada
O prato principal desta versão de VF5 é o modo World Stage, que até batiza o subtítulo usado no nome. Nesta experiência solo, temos oito setores diferentes, nos quais temos que enfrentar diversos inimigos de dificuldades variadas. Usar um mesmo lutador faz com que o ranking dele suba e torne possível disputar combates mais difíceis e torneios separados, além de liberar alguns itens cosméticos para a customização do elenco.
Não é uma opção de jogo muito elaborada, mas acaba se tornando mais interessante que o Arcade, que oferece apenas sete lutas diretas para então vir o derradeiro duelo final contra a chefe, Dural. Como alguns cosméticos estão ligados ao uso de cada integrante do elenco, vai ser normal testar cada um dos lutadores e descobrir uma certa afinidade com alguns.
Entretanto, este é o único modo novo de fato. Todos os outros já estavam presentes no Ultimate Showdown. Para jogar sozinho, além do já citado Arcade, temos o Versus local para dois jogadores e o modo Treino, que apresenta um tutorial geral e uma lista de movimentos específicos de cada lutador, mas esta também é apresentada de uma maneira estranha.
Diferentemente dos desafios de combos que encontramos na maioria dos jogos de luta atuais, World Stage traz uma explicação sobre cada combinação única e podemos praticá-la repetidamente, sem seguir para outro movimento. Se quisermos tentar outro comando, temos que reiniciar a explicação até chegar ao movimento desejado e selecionar a opção de tentar reproduzi-lo. Aqui, seria bem-vindo o modelo básico que encontramos em vários títulos, que é uma lista para cada lutador, como um checklist progressivo.
Por fim, algo que poderia ter sido melhorado é o sistema de conquistas. Primeiro que não há um troféu de platina e temos apenas 18 conquistas. Destas, 16 são as mesmas que já estavam presentes no PS4, e que foram replicadas no PC em R.E.V.O. Apenas duas são inéditas. Dadas as devidas proporções, um sistema de conquistas/troféus acaba sendo um chamariz que aumenta o fator replay em alguns casos, então isso poderia ter sido melhor aproveitado.
A rede está firme, mas de vez em quando balança
Outra mudança significativa que fez parte do chamariz para atrair jogadores foi a implementação do rollback netcode, que já havia sido feita na versão R.E.V.O. do PC. Ela funciona muito bem durante a luta, mas existem algumas ressalvas.
O status da conexão é representado por três cores: verde (boa), amarelo (regular) e vermelho (ruim). É sempre bom ficar de olho nesse indicador, pois, por mais que a conexão seja estável, enfrentar um oponente com conexão ruim nos coloca na situação de ter um rival que fica se teleportando pela tela. Tirando essa situação específica, que ocorreu algumas vezes, as demais lutas que fiz online transcorreram bem, sem lags ou travamentos.
Referente ao matchmaking, foi mais fácil jogar em salas fechadas do que realizar partidas ranqueadas diretas. A espera por um oponente foi longa e nem sempre a busca trazia resultados. Quanto aos lobbies, podemos abrir salas com regras específicas para até oito participantes, e ainda é possível deixá-las públicas ou tornar seu acesso possível apenas por senhas.
Como ainda estamos na primeira semana de lançamento de VF5 World Stage, com certeza haverá patches de correção para refinar essa parte da experiência, que tem tudo para render bons momentos para participantes e espectadores.
A versão suprema (até a próxima?)
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage é um ótimo jogo. De fato, essa versão deveria ter sido lançada lá em 2021, mas as melhorias que ela traz fazem deste um título muito recomendável tanto para quem conhece os jogos da série quanto para quem nunca ouviu falar. Entretanto, há algumas coisas básicas que outras franquias grandes do gênero já trazem e VF5 poderia ter incluído também, como uma melhor apresentação para o modo Treino, customização mais livre e a possibilidade de editar a lista de músicas que são reproduzidas durante as partidas.
Prós
- Os visuais dos personagens e das fases ficaram ótimos em alta resolução;
- O modo World Stage adiciona uma camada bacana para quem quer novos desafios;
- Quem já tem conteúdo comprado no PS4 pode adquirir no PS5 com desconto;
- As partidas online com rollback netcode fluem muito bem no geral;
- A trilha sonora carrega bem a identidade das músicas da franquia.
Contras
- A customização de personagens e trilha sonora têm limitações nada práticas;
- O modo treino poderia apresentar melhor os golpes dos lutadores;
- Lutar online contra quem tem conexão ruim resulta em “teleportes” pela tela;
- Demora de matchmaking nas ranqueadas;
- Os efeitos sonoros, como vozes e batidas, ainda aparentam estar em baixa qualidade.
Virtua Fighter 5 R.E.V.O. World Stage — PC/PS5/XSX — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Sega











