Análise: Double Dragon Revive até consegue entreter, mas sem reviver o prestígio do beat 'em up clássico

Carregando o nome de uma marca famosa, novo jogo tem qualidades interessantes que são prejudicadas por uma produção que ficou devendo.

em 05/11/2025
Revivendo um dos nomes mais clássicos dos beat ‘em up, Double Dragon Revive chegou com um peso enorme nas costas. Afinal, esse gênero deve muito aos gêmeos Billy e Jimmy Lee, que agora têm uma oportunidade de encontrar uma nova leva de jogadores. Pronto para descobrir o quão bom é esse novo lançamento? Prepare-se para a luta, pois esta análise vai começar detonando!

Voltando às ruas

Estreando em 1987, a série Double Dragon foi um sucesso nos fliperamas e uma das responsáveis pela popularização do gênero beat ‘em up. Com altos e baixos ao longo dos anos, a franquia recebeu uma nova oportunidade com a estreia de Double Dragon Revive. Seguindo uma proposta não usual (embora já vista em Double Dragon Neon), o game chega como uma produção em três dimensões.
Nada é exatamente feio, mas tão pouco é interessante
Nesse sentido, o design dos personagens tem uma pegada meio genérica, pouco interessante. Os visuais em si têm uma qualidade considerável para um título mais modesto, com destaque para animações de golpes e cenários. Pena que os atores dessa história são pouco expressivos, até mesmo nas artes que aparecem ao longo da campanha.
 
Ilustrações são usadas frequentemente para contar a história, mas mesmo elas são genéricas. Faltou mais charme e carisma, o que compromete a qualidade geral do game. Os melhores jogos desse gênero são, normalmente, bonitos e agradáveis, com uma boa dose de estilo. Talvez tivesse sido mais fácil alcançar isso com gráficos em 2D ou artes mais caprichadas.
As ilustrações não conseguem compensar os designs em 3D
Embora por vezes visualmente desinteressante, a produção é boa o suficiente para não comprometer as partidas. Para quem chegou no mundo dos beat ‘em ups agora, esse tipo de game coloca o jogador para percorrer fases e mais fases repletas de inimigos, culminando num chefe ao final de cada uma. Nesse sentido, as animações dos ataques e especiais são legais, num estilo com muitas luzes e faíscas.

Tá na hora do pau!

Falando agora do jogo em si, Double Dragon Revive entrega uma experiência satisfatória. Seja no controle de Billy ou Jimmy (ou de outros personagens liberados ao longo da campanha), os gêmeos lutadores do estilo Sōsetsuken e protagonistas principais da franquia, temos acesso a golpes rápidos e com boas combinações para combos. É possível criar cadeias de golpes elaboradas, principalmente se usarmos o cenário a nosso favor.
A variedade dos cenários é um dos pontos fortes do título
Temos um botão para ataque normal que, se pressionado por mais tempo, dispara um ataque forte ou, se repetido, pode resultar num combo. Também temos um golpe especial, agarramento (para inimigos ou itens), um hipergolpe e um finishing blow (esse último precisa ser carregado). Finalmente, o jogador também pode pular, defender ou esquivar.
Ao menos as habilidades disponíveis são bem legais
Não é possível adquirir técnicas ou melhorias ao longo da campanha, mas o game tenta compensar isso de outras formas. É possível interagir com diversos objetos do cenário, criando golpes e finalizações únicas (que usam desde lixeiras até mictórios). Também temos uma boa quantidade de armas para usar durante as fases, tais como facas, nunchakus, tonfas e marretas. Os inimigos podem fazer uso desses itens também, então é preciso ficar atento a cada oportunidade que aparece.
 
Os vilões têm uma boa variedade e oferecem desafios adequados ao longo de quase toda a campanha. “Quase”, porque existem alguns picos de dificuldade aqui e ali que destoam do resto das missões. Em particular, determinados chefes (no capítulo 7, por exemplo) e seções de plataforma (mais sobre elas logo, logo) parecem não ter sido devidamente implementadas.
Algumas lutas contra chefes são bem arrastadas, não importa quão bom você seja
Isso leva a algumas derrotas em sequência, até que seja possível aprender a particularidade daquela tarefa. Na sequência, as coisas voltam ao ritmo normal da campanha, deixando uma sensação de que passamos por um calombo numa estrada asfaltada. No mais, temos uma aventura divertida e com dose de desafio adequada para o gênero beat ‘em up.

Faltou um pouco mais

Deixei a história de Double Dragon Revive para depois por não ser muito original hoje em dia. Ela reconta o enredo do primeiro game, ambientada em um mundo pós-apocalíptico, onde as forças da lei não existem mais. Com a ameaça de perigos como a gangue Shadow Warriors, os irmãos Lee partem para salvar sua amiga raptada, dando início à aventura.
Uma aventura com enredo pouco original
Nada demais ou de menos, sobretudo lembrando das ilustrações não muito inspiradas que aparecem. Mais inspirada é a trilha sonora que, apesar de também ser relativamente genérica, traz algumas canções bem interessantes e que embalam as lutas de forma adequada. A dublagem, quando aparece, é boa também (mais uma vez, prejudicada pela apresentação).
 
Lembra que eu falei das seções de plataforma? Elas trazem alguns picos de dificuldade exagerados por serem mal implementadas, usando a física das lutas para que o jogador pule em esteiras rolantes ou plataformas que se movem. Das duas, uma: ou elas não deveriam existir, ou então deveriam ter um sistema próprio para serem completadas.
Os desafios de plataforma vão de "desinteressantes" a " injustos"
No mais, Double Dragon Revive é um beat ‘em up ok, sem maiores ressalvas. Temos um modo extra que traz algumas missões e uma galeria com os filmes da história e episódios sobre cada um dos personagens. Para liberar tudo, é preciso zerar a campanha e não morrer durante as partidas. Como ela é relativamente curta, não custa nada (para quem curtir) tentar obter as melhores pontuações ou reprisar capítulos individualmente.
Algumas poucas atrações incentivam a continuar jogando
A conclusão é que faltou um pouco mais de inovação: não bastava simplesmente “reviver” um título da década de oitenta com visuais modernos e novidades pontuais. Seria preciso agregar mais possibilidades de golpes e customizações, algo já presente na boa variedade dos cenários e elementos interativos. Poder interromper ataques inimigos no momento certo e liberar novos lutadores são positivos interessantes, mas insuficientes para dar o devido destaque ao game.

Valeu a tentativa!

Apesar de vir de uma longa estirpe, Double Dragon Revive não conseguiu alcançar um nível de qualidade digno dos seus tempos dourados. Ele até pode divertir com seus combates dinâmicos e boa variedade nos cenários, que trazem interações interessantes de usar. A questão é que, enquanto o game não é exatamente feio, seu estilo deixa a desejar, bem como alguns de seus desafios. Fica a dica para fãs do gênero beat ‘em up ou que quem queira reviver (ainda que parcialmente) as glórias do passado.
Uma experiência interessante para alguns, mas nada além disso

Prós

  • Game traz uma experiência interessante para o gênero usando elementos clássicos dos beat ‘em up;
  • Jogabilidade fluída e intuitiva, ótima para criar combos bem legais;
  • Boa variedade nos inimigos e cenários, incluindo os elementos interativos em cada um;
  • Trilha sonora oferece boas canções para embalar as partidas;
  • Modo extra, ilustrações e personagens dão mais fôlego para continuar jogando.

Contras

  • O estilo do game é genérico e pouco interessante, sobretudo em termos dos personagens e da falta de novidades significativas;
  • Picos de dificuldade em alguns chefes e nas seções de plataforma quebram negativamente o ritmo da campanha (que poderia ser maior).
Double Dragon Revive — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Mariana Marçal
Análise redigida com cópia digital cedida pela Arc System Works
OpenCritic
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Matheus Senna de Oliveira
é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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