De volta para o futuro
O mais novo lançamento da franquia Call of Duty tem uma pegada geral mais moderna, numa ambientação que se situa no ano 2035. Os elementos futuristas incluem drones assassinos, equipamentos para saltos usando as paredes e robôs humanóides. Eles chegam ao game de forma orgânica e bem pensada, sobretudo em termos da jogabilidade, que essencialmente é mantida a mesma do ano passado.
Acredito que essa tenha sido uma decisão acertada: o movimento omnidirecional, introduzido em Black Ops 6, trouxe mais dinamismo a uma jogabilidade já bastante fluida. Se a temática futurística fosse usada para, por exemplo, mochilas a jato aceleradas ou botas para correr rapidamente, as coisas poderiam se tornar excessivamente caóticas. As mecânicas adicionadas são suficientes e combinam com a ambientação.
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| Como conferimos na sua versão beta, Black Ops 7 traz novos recursos para a movimentação |
Falando nela, a modernidade do jogo também se manifesta em cenários mais tecnológicos e designs arrojados de equipamentos. Gostei das escolhas no geral, que contam com visuais bem bonitos. Embora a produção ainda não esteja no nível da geração atual de consoles, ela está melhor do que nunca e apresenta texturas e iluminação competentes. O trabalho de áudio também está ótimo, com destaque para a dublagem em português brasileiro.
Seguindo as minhas análises passadas de jogos Call of Duty, a partir de agora vou dividir a matéria em três seções principais. Assim, poderei falar individualmente dos modos Campanha Co-op, Multijogador e Zumbis, visto que cada um tem características próprias e que merecem espaço. Vale destacar que a integração com Warzone infelizmente continua uma incógnita (o que é ruim), então ela fica de fora da análise.
Campanha controversa
Vamos começar falando da parte mais polêmica do novo título da franquia Call of Duty. Para início de conversa, temos pela primeira vez uma Campanha Co-op, ou seja, cooperativa. Mais do que isso: ela é obrigatoriamente online, justamente para garantir a formação de uma equipe completa (até quatro jogadores) sempre que possível. Os desafios desse modo claramente foram pensados nisso, sobretudo pela quantidade de inimigos.
Por diversas vezes a minha equipe foi sufocada por estar desfalcada (numérica ou quantitativamente), quase comprometendo a conclusão das missões. Essa proposta cooperativa online brilha mais depois do final da campanha, que, sem maiores spoilers, se torna uma espécie de jogo de extração. Se o leitor acha essa proposta um tanto polêmica – uma campanha só online e cooperativa –, então espere para falarmos do enredo desse modo.
Como característico da marca Black Ops, temos aqui uma história menos voltada aos combates de larga escala (mais vistos em Modern Warfare), focada na espionagem. A questão é que a trama, além de mal introduzida e corrida, faz muito uso de elementos psicológicos e fantásticos. Explico: um grupo de agentes precisa investigar a Guilda, corporação de segurança e tecnologia envolvida em casos de terrorismo e rebeliões ao redor do mundo.
Uma das armas desse grupo é um gás perigoso e que acaba interagindo com os equipamentos dos mocinhos, criando alucinações no melhor estilo Espantalho e Batman. Embora justificada pelo roteiro, a campanha acaba trazendo diversos momentos “de faz de conta”, com cenários malucos e inimigos praticamente mágicos. As missões não são inerentemente ruins – alguns chefes são bem legais de enfrentar –, mas não combinam em nada com a proposta esperada para esse tipo de Call of Duty.
Afinal, eu não jogo a campanha de Black Ops 7 esperando lutar contra monstros gigantes ou sair pulando como um super-herói em ilhas flutuantes. Eu jogo esperando espionagem, missões infiltradas, tiroteios estratégicos, etc. Coisas mais fantásticas deveriam ficar por conta do modo Zumbis (e usando a temática mortos-vivos, não algo muito aleatório) ou então serem usadas em um título específico para o fantástico.
Multijogador de qualidade
Mais uma vez, temos neste modo o maior destaque de um novo título da franquia. Call of Duty: Black Ops 7 entrega um multijogador ainda mais divertido que o anterior, aprimorando diversas ideias e agregando outras novas. Como eu já comentei, a temática futurista do game foi usada adequadamente, com recursos que só tornam os tiroteios ainda mais variados e divertidos.
Uma mudança importante é o processo de criação de salas para as partidas. Anteriormente, elas eram criadas de forma que os jogadores com bom desempenho fossem colocados em partidas mais difíceis, buscando criar equilíbrio com níveis de habilidade compatíveis. Agora, esse sistema é a opção secundária, sendo que a primária proporciona um peso modesto ao desempenho dos jogadores.
Não se sabe exatamente a fórmula para a criação das partidas (a conexão tem um fator importante), contudo, é fato que o Multijogador está mais diverso. As salas são persistentes, de modo que você vai continuar jogando com os mesmos colegas, até que queira trocar. Apesar dessa pluralidade nas capacidades dos times, senti que, no geral, é relativamente comum encontrar jogadores muito fortes em lobbies um pouco desequilibrados.
Por outro lado, tive dificuldades em conseguir criar partidas usando o método antigo (agora uma opção secundária). Parece que o pessoal gostou do novo sistema, então vamos ver como as coisas vão no médio e longo prazo. Em termos de armas, habilidades, equipamentos (como robôs e drones tecnológicos) e mapas, temos uma seleção muito boa, com destaque para o retorno de mapas clássicos.
Além de nomes novos como Blackheart e Cortex – ambos com pegadas futuristas –, temos o retorno de Hijacked, Raid e Express. Normalmente chegando bem depois do lançamento, Nuketown (numa versão moderna) também está disponível para os fãs. Outra novidade é quanto às vantagens, que agora podem ser combinadas para gerar especialidades híbridas, tornando as partidas ainda mais diversificadas.
Zumbis, cuja diversão nunca morre
Finalmente, chegamos ao combate contra os mortos-vivos. De maneira geral, eles continuam como no título anterior; ou seja, divertidos, desafiadores e repletos de coisas para explorar. Black Ops 7 conta com algumas variações para o modo Zumbis, começando pelo padrão, que tem à disposição o mapa Cinzas dos Condenados. Ele é composto por áreas com temáticas independentes, interligadas por estradas (que podem até ser percorridas com uma caminhonete com direito a Soco-em-Lata) para formar um grande cenário.
Gostei da disposição diferente dessa opção, bem como do retorno do modo Dead Ops Arcade. Na sua quarta versão, ele traz partidas em cenários pequenos, mas com muitos inimigos e recursos para utilizar. É quase como um shoot’em up, com direito até a câmera vista de cima, como nos jogos clássicos de gênero. Por fim, temos o modo Amaldiçoado – que aumenta a dificuldade geral – e o Sobrevivência.
Esse último é semelhante à experiência padrão de sobrevivência por rodadas, desta vez, no entanto, em um local confinado. Por enquanto, somente a Fazenda Vandorn (que é uma das partes de Cinzas dos Condenados) está disponível, mas confesso que acho essa opção “claustrofóbica” demais. Os Aumentadores lançados em Black Ops 6 retornam, garantindo upgrades para as vantagens-cola, mods de munição e melhorias de campo.
O modo Zumbis mantém recursos como salvamentos para as partidas solo e customização de skins. Após tantos elogios, aproveito para fazer uma crítica a alguns do liberáveis (que também se aplica aos demais modos de Black Ops 7): vários deles parecem ter sido gerados diretamente por ferramentas de IA. A maioria deles é um tanto sem graça e deixa aquela sensação de que poderiam ter mais personalidade.
Mais um bom título para a franquia
Confesso que eu esperava menos de Call of Duty: Black Ops 7. Os títulos recentes intercalaram momentos altos e baixos, mas o novo FPS conseguiu manter o nível geral de qualidade visto no game do ano passado. A maior crítica fica por conta da campanha, que é, no mínimo, polêmica: não somente ela obriga o jogador a ficar online e jogar de forma cooperativa, como também traz um enredo por vezes inconsistente.
Em termos do Multijogador e do Zumbis, temos opções divertidas e bem produzidas. O primeiro se beneficia da ambientação futurista, recebendo novidades pontuais e interessantes. Já o segundo continua viciante e variado, repleto de surpresas para os tiroteios contra os mortos-vivos. Portanto, mesmo não sendo revolucionário e ainda devendo informações sobre Warzone, temos aqui um jogo de tiro competente, sobretudo para quem já é fã da franquia.
Prós
- FPS consegue entregar uma experiência divertida e com boa quantidade de conteúdo;
- Produção audiovisual de ótima qualidade, com destaque para a dublagem em português brasileiro;
- Temática futurista encaixa bem com a proposta do título, incluindo a jogabilidade e os cenários;
- Modo Multijogador continua muito divertido e com boas opções de jogo;
- Zumbis é um modo envolvente para curtir a jogabilidade do game;
- Quantidade e variedade de conteúdo é adequada, sobretudo porque novidades devem chegar em breve.
Contras
- Campanha exagera na ousadia e perde parte da sua identidade em relação a série Black Ops;
- A interligação (ou não) com Warzone permanece uma incógnita;
- Nenhuma novidade significativa em termos de produção ou jogabilidade.
Call of Duty: Black Ops 7 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Thomaz Farias
Análise redigida com cópia digital cedida pela Activision















