Call of Duty Zombies: como o modo de jogo easter egg se tornou marca registrada da série

Modo que revolucionou o gênero de sobrevivência e salvou a reputação dos títulos repetitivos da série.

em 21/09/2025
A franquia Call of Duty se tornou a grande protagonista do gênero FPS no mundo dos games, abordando diferentes temáticas como guerras históricas, conflitos modernos fictícios e realidades alternativas em um futuro distante. Com modos multijogador intensos e viciantes junto com seu icônico modo zombies, que mistura o gênero de sobrevivência com histórias criativas e missões complexas alcançou uma posição máxima de relevância mesmo após mais de 30 títulos e 22 anos de franquia.

Campanhas inconsistentes

Em seu primeiro título, Call of Duty contava apenas com o modo campanha, assim como a maioria dos jogos dos anos 2000, com aproximadamente 7 horas de extensão, retratando a história de um soldado americano lutando pelo seu país na Segunda Guerra Mundial, um cenário que retornaria algumas vezes em campanhas posteriores. A entrada, na época, foi muito elogiada pela crítica por seu design de som e sua história cativante, recebendo um 9.3 do portal IGN.

Desde então, as campanhas da franquia tiveram seus incríveis altos e suas polêmicas baixas. Uma de suas histórias mais elogiadas está presente no título Black Ops 2, contando o decorrer de um conflito fictício no ano de 2025! Mostrando que a série conseguia criar narrativas incríveis sem precisar usar atritos reais como muleta, além de apresentar personagens incrivelmente cativantes e uma gameplay inovadora com diversas mecânicas. 

Já as baixas, vieram em sequência, desde o ano de 2013, logo após a campanha tão elogiada e citada logo acima, Call of Duty: Ghosts se tornou o primeiro título infame da série, sendo duramente criticado por muitas razões mas, entre elas, sua rasa campanha, com personagens esquecíveis e uma temática confusa. Após isso, os desenvolvedores pareceram não recuperar seu ritmo por anos, com tentativas de inovar com mecânicas extremamente futuristas, que não vingaram, e tentativas de voltar para o que funcionou no início, campanhas retratando guerras históricas, que também não funcionaram.

Porém, acredito que o principal exemplo de campanha que enfurece os fãs foi a apresentada no título Modern Warfare III (2023), a qual trazia uma narrativa cansada e sem sal e uma trilha sonora extremamente fraca. Contudo, desta vez, a trama incluía personagens já estabelecidos e amados, que não conseguiram salvar a tragédia, mexendo com a nostalgia de milhares de fãs. “A campanha é mais do que apenas ruim, é um insulto, não só destruindo os personagens que crescemos amando, como também destruiu qualquer interesse que eu tinha em ver para onde essa linha do tempo iria” – comenta o youtuber TheActMan, criador com quase dois milhões de seguidores, fã da série.


Mais do mesmo multiplayer

Apesar de nunca se tornar uma peça central no cenário competitivo, as opções Multijogador da série Call of Duty são umas das mais icônicas do mundo dos jogos, com sua época de ouro dominando o mercado, desde os icônicos tanques em World at War à simplicidade do Black Ops, um dos mais elogiados até hoje. O modo continuava, ano após ano, atraindo uma base massiva de jogadores. Entretanto, após mais de uma década de fórmulas similares, os últimos multiplayers lançados começaram a se misturar, parecendo todo ano apenas uma extensão anterior, com algumas mudanças aqui e ali, mas sempre acompanhada do preço padrão da franquia CoD.


O modo "secundário" mais icônico dos games

Como uma recompensa extra para jogadores que completassem a campanha de Call of Duty: World at War, a desenvolvedora Treyarch introduziu o zombies na série, baseado em sobrevivência e dividido em rodadas que ficam cada vez mais difíceis, começando com um mapa simples e cru porém aterrorizante, introduzindo cada vez mais aspectos e melhorias conforme mais mapas eram lançados em novas DLCs entradas na saga. Essa nova ideia foi muito elogiada em reviews da época como em uma feita pelo portal GameSpot: “O modo serve como uma diversão intensa e frenética e como uma ótima, mesmo que bizarra, mudança de ares.”


É de consenso da comunidade que apesar de revolucionário, a opção de jogo ficou cada vez melhor, apresentando mais e mais mecânicas únicas, oferecendo uma nova perspectiva para títulos de sobrevivência zumbi, sendo algumas dessas mudanças:
  • Wonder Weapons: armas especialmente poderosas que ajudam o player a chegar em rounds mais altos (a partir do 50), geralmente todo mapa apresenta uma nova, um dos fatores que torna o modo especial, com algumas que se tornaram icônicas na comunidade gamer no geral como a RayGun e a Wunderwaffe DG 2;
  • Pack-a-Punch: um upgrade permanente para a arma do jogador, com uma camuflagem especial, aumentando exponencialmente a longevidade de cada partida e dando um toque extra para cada partida, tornando todas as armas minimamente viáveis;
  • Perks: habilidades compráveis durante a gameplay, como vida extra, uma recarga mais rápida, uma segunda chance, possibilita diferentes formas de se jogar cada estágio e diferentes estratégias, cada um com seu design de bebida e um jingle para acompanhar;
  • Easter eggs: se tornou o grande selling-point do modo, uma série de passos para prosseguir uma história secundária do mapa, sendo considerado o objetivo principal para a maioria dos jogadores, dando muito mais propósito para cada cenário e uma grande re-jogabilidade para qualquer edição, mesmo se lançado 10 anos atrás. É o componente mais avaliado quando se decide se um mapa é bom ou não. No entanto, ao mesmo tempo que é o que a maioria dos players seguem, cada fase proporciona uma experiência profunda para os fãs que também só querem se divertir sem muitas regras e preferem não seguir o Easter egg.

Análise de caso: Black Ops 3

O modo que antes era apenas uma grata surpresa, se tornou com o passar dos anos um aspecto determinante para a qualidade de cada entrada, podemos ver como exemplo Black Ops 3, de 2015. Seguindo os passos de seu antecessor, tanto a campanha como o multijogador seguiram uma abordagem futurista com jetpacks, robôs, armas avançadas, entre outros fatores, buscando combater as críticas de falta de inovação, que vinham atormentando a série por anos. Porém, a tentativa não vingou, com Advanced Warfare, seu antecessor, um dos jogos mais criticados da época, principalmente em seu bagunçado multiplayer, com a movimentação avançada deixando lutas um contra um muito confusas, resultando na rápida desistência do game por parte dos jogadores. 

Agora, com Black Ops 3, as principais críticas foram à sua campanha, que apresentou um contexto desorganizado e um roteiro que se tornaria piada na base de fãs, considerado por muitos até hoje a pior campanha de toda a franquia Call of Duty. 

Seu multijogador, apesar de conseguir uma recepção um tanto quanto melhor, ainda foi duramente criticada, pela aversão dos jogadores a movimentação avançada, mapas tidos como fracos, e a volta das massacradas microtransações e sistema de supply drop, com cosméticos inofensivos mas, ao mesmo tempo, armas exclusivas, muitas delas consideradas mais poderosas que a maioria, incitando seus jogadores a comprarem fichas de caixas pela chance de obterem as armas de DLCs, muitas delas também sendo armas derivadas de outros jogos, brincando com a nostalgia dos fãs.

Contudo, mesmo com esse mar de críticas, ainda recebeu um 9.2 do IGN, e um 81 do Metacritic, por conta de seu modo zombies, visto pela maioria dos jogadores como o melhor da série, com perks novos, um sistema de chiclete que, apesar de às vezes tornar a experiência um pouco fácil demais, criava ainda mais rejogabilidade e tornava o modo mais acessível para jogadores novos. Além de 5 mapas também considerados topo de prateleira, o título também trouxe o Zombies Chronicles, um conjunto de 8 mapas antigos refeitos. 
 
A última grande mecânica que garantiu o legado de Black Ops 3 foi a adição do tão amado “Custom Zombies”, uma ferramenta que não aparecia desde o World at War, em 2008, que habilita a comunidade a criar e compartilhar mapas, resultando em diversas obras simples e divertidas e muitas outras que realmente são admiráveis, superando mapas da própria Treyarch. Com essa ferramenta, muitos mapas estão sendo feitos na engine de BO3 até hoje, basicamente eliminando a chance de tornar a experiência repetitiva.

Atualmente, informações sobre o modo zombies são, em geral, a parte mais aguardada de cada título anual de Call of Duty, não podendo faltar em nenhum jogo. Com vídeos comentando sobre o tópico ou ensinando algo sobre os mapas novos atraindo milhões de espectadores a cada lançamento, mostrou-se o quanto um modo que alguns jogadores em 2008 nem sabiam da existência evoluiu e conquistou seu espaço na maior franquia de FPS dos games.

Revisão: Thomaz Farias
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Mark Strutsel
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