Análise: Machick 2 é uma experiência tola, mas insanamente divertida

Uma galinha com poderes mágicos contra um monte de sapos… o que poderia dar errado?

em 20/09/2025
Lançado em 10 de setembro para PC via Steam, Machick 2 é a nova versão do roguelike de sobrevivência criado pelo estúdio brasileiro Deadpixel em 2024. Superior em todos os aspectos ao seu antecessor, Machick 2 eleva o caos do bullet heaven a um patamar cósmico e caótico.

Magia galinácea

Em Machick 2 assumimos o papel de uma galinha que foi recrutada para combater a ameaça dos sapos. Para proteger sua espécie nosso herói aviário conta com a ajuda de outros frangos para criar varinhas mágicas e enfrentar os inimigos com poderosas magias elementais e artefatos peculiares.

Assim como em outros jogos do gênero, em Machick 2 o jogador deve combater hordas intermináveis de sapos durante um período de tempo determinado. Ao fim dessa etapa, surge o chefe da área, que precisa ser derrotado para concluir a fase. A vitória garante recompensas, como novos feitiços e pontos de aprimoramento permanentes para os atributos do personagem.

Ao subir de nível, a galinha pode escolher novos feitiços para seu arsenal. Com o progresso, essas magias se tornam mais fortes e podem evoluir para novas formas, alterando radicalmente o estilo de ataque e seus efeitos no cenário.

Além dos feitiços, o protagonista conta com a ajuda de pintinhos que funcionam como aliados. Esses pequenos “minions” podem ter diferentes funções: atacar de forma básica, auxiliar na coleta de itens ou causar dano elemental.

Baús derrubados aleatoriamente pelos inimigos também concedem equipamentos que geram efeitos variados, como aumento de velocidade, transformações temporárias em outras criaturas, bônus passivos e muito mais.

Um dos diferenciais de Machick 2 é a varinha inicial, que pode ser criada pelo jogador. Ao acumular moedas, novas peças são desbloqueadas, permitindo montar varinhas com efeitos passivos, diferentes tipos de projéteis e afinidades elementais, que garantem vantagens ofensivas ou defensivas, como dano em área, em cadeia ou até recuperação de vida.

Repetir partidas torna-se essencial para reunir recursos, desbloquear todos os ingredientes e experimentar diferentes combinações de varinhas até encontrar a favorita.

Um frango graúdo e recheado de conteúdo

A apresentação em Machick 2, ao contrário do jogo anterior, é muito mais atraente. O trabalho de pixel art da Deadpixel está caprichado e dá mais personalidade ao título. O jogo ainda conta com diversas cutscenes que reforçam esse aspecto, tornando a experiência mais interessante.

Esse visual ganha destaque com as referências à cultura pop presentes em inimigos e itens, que adicionam humor por meio de easter eggs e associações diretas a obras de quadrinhos, cinema e televisão. No quesito sonoro, embora a trilha seja cheia de energia, os efeitos continuam básicos e pouco perceptíveis, muitas vezes abafados pela música. Isso exigiu ajustes manuais de mixagem nas opções do jogo.

Tecnicamente, Machick 2 é bastante competente. Uma atualização recente adicionou um Modo Desempenho, que desabilita alguns efeitos visuais para oferecer mais fluidez. O recurso é especialmente útil diante do caos que rapidamente toma conta da tela durante as partidas, o que é recorrente e chega a causar o típico incômodo visual que este gênero de jogo proporciona em momentos de jogatina mais intensa.

Na jogabilidade, a expectativa inicial era de encontrar apenas mais um clone de Vampire Survivors, mas o jogo surpreende pela quantidade de conteúdo disponível. São vários cenários, magias e extras para desbloquear. No momento da publicação desta análise, ainda não explorei nem metade do que está disponível.

Entre os conteúdos, destacam-se personagens, armas inusitadas além das varinhas, magias, relíquias que liberam novas habilidades e um modo desafio para cada nível concluído. Esse modo remove o limite de tempo e permite competir em rankings online, registrando o desempenho das galinhas que sobreviveram por mais tempo em cada mapa.


Machick 2 redefine o conceito de custo-benefício em termos de conteúdo desbloqueável apenas jogando. Se você valoriza esse tipo de experiência, o jogo merece sua atenção. Apesar da premissa curiosa de um frango mágico enfrentando uma nação de sapos, a diversão é garantida e o humor é parte essencial da proposta.

Fisgado pela tolice, convencido pela qualidade

Machick 2 mostra como é possível expandir uma fórmula já conhecida sem perder o frescor e a criatividade. A Deadpixel conseguiu entregar um roguelike de sobrevivência divertido, cheio de referências, com grande variedade de conteúdo e um visual carismático. Apesar de alguns pontos técnicos no áudio e da premissa aparentemente bizarra, o jogo se destaca pela sua profundidade, humor e excelente custo-benefício, sendo uma ótima opção tanto para fãs do gênero quanto para quem busca uma experiência descompromissada e viciante.

Prós

  • Grande variedade de conteúdos para desbloquear (magias, armas, cenários e modos);
  • Pixel art detalhada e cutscenes que enriquecem a apresentação;
  • Referências à cultura pop que adicionam humor e identidade ao jogo;
  • Sistema de criação de varinhas que amplia a personalização;
  • Modo Desempenho que melhora a fluidez em PCs mais modestos;
  • Excelente custo-benefício.

Contras

  • Efeitos sonoros pouco impactantes e mal balanceados com a trilha musical;
  • Caos visual em alguns momentos pode atrapalhar a leitura da tela;
  • Curva de progressão exige muita repetição de partidas para liberar todo o conteúdo.
Machick 2 – PC — Nota: 8.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nuntius Games

OpenCritic
Siga o Blast nas Redes Sociais
Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 4.0).