Análise: Daemon X Machina: Titanic Scion traz o retorno das batalhas de mecha, agora num mundo aberto

A pancadaria entre armaduras de metal ganha novas camadas nessa boa continuação, ainda que traga novos problemas.

em 12/09/2025
Daemon X Machina, lançado inicialmente para Switch (e posteriormente para PC), atraiu a atenção dos fãs de mecha nos videogames. Com ênfase na personalização dos robôs e uma narrativa e estética inspiradas no anime, o jogo da Marvelous conquistou um nicho específico que estava em busca de experiências desse tipo.

Depois de um extenso período de desenvolvimento, sua sequência finalmente chegou. Daemon X Machina: Titanic Scion veio para tentar melhorar os fundamentos estabelecidos em seu antecessor, enquanto oferece uma experiência com uma estrutura diferente.

Encontrando seu lugar no mundo

Em Titanic Scion, o jogador assume o controle de um personagem de sua própria criação que está em fuga de uma estação orbital sob o domínio de Axiom, uma força predominante no universo, séculos depois dos eventos do primeiro jogo. Um companheiro chamado Nerve ajuda em sua fuga, mas acaba ficando para trás e se sacrificando. Em um momento de desespero para salvar o amigo, o protagonista é lançado para o "Blue Planet". 

Um ferreiro, membro de um grupo de resistência contra Axiom e os Immortals, seres orgânicos e mecânicos que devastam esse mundo, o resgata. O protagonista, alvo de discriminação por ser resultado de um experimento do inimigo, precisa demonstrar e descobrir sua humanidade, enquanto auxilia (ou não) a resistência. Ao mesmo tempo, ele se torna a principal arma contra um grupo de vilões chamado Neum, que atua em nome da Axiom.
 
O restante da história acompanha as missões principais, com diálogos ocorrendo ao longo do progresso. A escrita não se aprofunda muito na personalização dos NPCs, que são mais arquétipos do que personagens complexos, semelhante a alguns JRPGs antigos.

Considerando o foco nesta história, a desvantagem para nós é a ausência de tradução dos textos para o português. Como muitas das conversas acontecem com personagens não tão animados e apenas falando, torna-se ainda mais desinteressante seguir a história em inglês ou em outro idioma disponível.

A narrativa progride de maneira semelhante ao título de 2019. Ao passo que a missão principal desenvolve os conflitos do protagonista e apresenta vários personagens fundamentais para a trama, as missões secundárias trazem histórias complementares ao mundo em si. É possível seguir apenas o enredo central, contudo, grande parte do conteúdo está nas tarefas opcionais.

A principal distinção reside na configuração geral da jogabilidade, uma vez que Titanic Scion é um jogo de mundo aberto. Ao definirmos nosso objetivo na base, precisamos nos dirigir ao ponto de teletransporte mais próximo e seguir até a marcação, em um formato que me remeteu a Metal Gear Solid V: The Phantom Pain.

O mapa é preenchido com uma variedade de inimigos, bases, objetivos secundários e descobertas de missões adicionais. Infelizmente, em matéria de “coisas para se fazer”, o mundo aberto é bem vazio em vida; porém, sua exploração é facilitada pela habilidade de travessia do nosso Arsenal, como são chamadas as armaduras.

Podemos sobrevoar Blue Planet de maneira rápida ou optar por uma abordagem mais lenta, deslizando ou utilizando um veículo. Embora seja necessário gastar combustível para aproveitar as habilidades a jato do Arsenal, não existem grandes obstáculos para simplesmente passear por aí.

Apesar disso, a falta de diversidade de inimigos e a baixa variedade de biomas tornam o mundo aberto rapidamente monótono. Na maior parte do tempo, estaremos explorando terras desabitadas e desoladas.

Tiro, porrada e customização

Embora o mundo explorável seja um novo foco, Daemon X Machina se sobressai pelo seu combate altamente personalizável, e Titanic Scion leva isso a um novo patamar. As pancadarias do metal eram divertidas no primeiro jogo e foram ainda mais refinadas na sequência.

Atualmente, as armaduras lembram mais exoesqueletos do que o tradicional estilo Gundam, apesar delas ainda existirem. É possível equipar uma arma em cada mão, adicionar mísseis em cada ombro e armazenar pelo menos três armas. Há uma grande variedade de armas. Metralhadoras, escopetas, lança-chamas, arco e flecha, sabres de luz, katanas e maças são alguns exemplos de armas que podemos usar nos combates. 

Considerando o aspecto modular do Arsenal, é possível criar uma variedade ilimitada de builds conforme a preferência do jogador. Isso não se restringe apenas às habilidades ofensivas, mas também às de armadura, efeitos passivos e ao sistema de Fuse, que incorpora efeitos ativos e passivos permanentes ao nosso personagem, influenciando o Arsenal empregado.

É fácil compreender as batalhas contra inimigos comuns, no entanto, é preciso ter cuidado com um grande número de ameaças, especialmente quando há torretas de longa distância nos perseguindo. A diversidade de adversários é bastante razoável, e, ao serem vencidos, eles sempre nos deixam recursos.
 
Já em relação a chefes, a atenção precisa ser redobrada. Embora pareçam simples no início, eles se tornam mais distintos e requerem estratégias mais sofisticadas para serem derrotados, como o chefe que se multiplica, sendo necessário utilizar bombas de interferência eletromagnética no cenário para identificar o verdadeiro.

Um ponto negativo é que, por ser um jogo baseado na coleta de equipamentos e montagem de builds, existe uma grande quantidade de aleatoriedade nos drops. Em outras palavras, o grinding está presente em Titanic Scion, e a combinação ideal pode exigir horas de tarefas repetitivas.

Entretanto, na dificuldade normal, é possível avançar com o básico, reservando a profundidade para aqueles que realmente desejam se envolver nos inúmeros menus. A interface é, em um primeiro momento, muito confusa e parece burocrática, mas é algo com o qual acabamos nos acostumando.

Novas ambições, novos problemas

O primeiro Daemon X Machina apresentava uma direção de arte peculiar, empregando cores vibrantes em gráficos planos no estilo anime. Operava sob as limitações do Switch, porém carecia de personalidade e tornava-se ainda mais gritante na versão melhorada para PC.

Titanic Scion mantém essa identidade, com uma qualidade técnica superior. Os cenários são mais elaborados, os personagens são mais diversos e expressivos, e o design dos Arsenal ganhou mais vitalidade.

Contudo, isso não implica que estejamos perante um exemplo técnico. Titanic Scion continua sendo um jogo de baixo custo, o que significa que o mundo que exploramos ainda apresenta texturas de baixa resolução, iluminação básica e a já citada falta de diversidade temática. Além disso, não gosto do design dos humanos em Daemon X Machina, pois a maioria parece ter vindo de um anime contemporâneo qualquer.

Ao jogar no PC, enfrentei algumas quedas de desempenho, particularmente durante as travessias do planeta, mesmo com o uso do upscaling DLSS. Como observei que também há problemas de taxa de quadros no PS5 e Switch 2, acredito que se trata de questões de otimização.

Todos se amarram em robôs (não tão) gigantes

Daemon X Machina: Titanic Scion é uma sequência sólida que amplia os fundamentos do jogo anterior, enquanto explora abordagens mais contemporâneas. As batalhas são divertidas, há muitas opções de personalização para nossa armadura e muito conteúdo para explorar.
 
Trata-se de um título bastante repetitivo e artisticamente pouco interessante, além de apresentar uma narrativa que não consegue sustentar seus fundamentos de maneira eficaz. No entanto, é uma experiência excelente para os fãs de jogos com robôs gigantes e propostas semelhantes.

Prós:

  • Combate divertido e variado, com diversas opções de armas para escolher;
  • O sistema de equipamentos e melhorias é bastante complexo para aqueles que desejam se envolver na criação de builds, mas é compreensível para os jogadores casuais;
  • A mudança de mapas delimitados da prequela para um mundo aberto é bastante interessante e enriquece a experiência;
  • Os designs de armadura são excelentes e bem detalhados;
  • Há uma quantidade imensa de conteúdo a ser descoberta, principalmente para aqueles que desejam explorar os objetivos secundários.

Contras:

  • A interface e os menus são bastante confusos e exigem um tempo de aprendizado;
  • A qualidade visual é comprometida por texturas de baixa qualidade e sistema de iluminação pobre;
  • Mundo aberto vazio, apresentando muitas missões repetitivas;
  • Ausência de localização de textos para português.
Daemon X Machina: Titanic Scion — PC/PS5/Switch 2 — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Thomaz Farias
Análise produzida com cópia digital cedida pela Marvelous
OpenCritic
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Alecsander "Alec" Oliveira
Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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