Análise: Shantae Advance: Risky Revolution finalmente saiu da garrafa, trazendo diversão e humor geniais

Mais de duas décadas depois de seu surgimento, o jogo de plataforma consegue entregar uma aventura divertida e criativa, ainda que um pouco limitada.

em 27/08/2025

Não é sempre que um título anunciado há mais de 20 anos consegue ver a luz do dia. Shantae Advance: Risky Revolution chega após muito tempo de espera, contando uma divertida e colorida história de sua heroína genial. Nesta matéria, vamos conhecer mais deste jogo repleto de magia e alguma nostalgia. Vista seu turbante e escolha seus desejos antes de esfregar a lâmpada, pois a matéria vai começar!

Mil e uma noites 

A origem por trás deste game é, no mínimo, curiosa: sua produção começou lá em 2002, pensado como um lançamento para o Game Boy Advance. Ele seria a continuação de Shantae, que estreou no mesmo ano, só que para o Game Boy Color. Apesar de bem recebido pela crítica e por quem jogou, o primeiro título não teve vendas expressivas.
A heroína tem muitas incarnações
Logo, apesar de estar com produção avançada, Risky Revolution acabou não encontrando uma publicadora interessada e foi cancelado em 2004. Alguns elementos do game foram reutilizados em projetos posteriores ao longo dos anos, incluindo Risky’s Revenge, para Nintendo DSi, em 2010. Somente em 2023 o game “perdido” teve retorno anunciado, mais uma vez, de forma curiosa. 
A versão mais completa do game traz vários itens legais
Primeiramente, ele chegou numa versão física — na forma de cartucho para GBA — e limitada, lançada em abril de 2025. Finalmente, em agosto chegou a sua versão digital para os consoles da geração atual e anterior. A produção técnica e a jogabilidade são basicamente as mesmas da versão para Game Boy Advance, com direito a algumas novidades pontuais, como artes de alta definição de personagens, HUD e menus.
Uma aventura divertida te espera!
Portanto, o “novo” lançamento do game tem um visual pixelado clássico, bem como comandos simples, tudo proporcional a sua plataforma original. Isso, entretanto, não prejudica a experiência divertida da história: Shantae, uma meia humana, meia gênia, é responsável por proteger o continente Sequin Land de vários perigos, tais como a pirata Risky Boots.

Pulando, lutando e dançando

Shantae Advance: Risky Revolution é um jogo de plataforma, no qual precisamos explorar os cenários para resolver tarefas, encontrar itens e enfrentar inimigos. A protagonista Shantae pode pular pelos cenários e tem como arma principal seu cabelo, que pode ser usado como uma espécie de chicote. Sua habilidade mais forte, entretanto, vem por meio de danças especiais obtidas ao longo da história.
Use a cabeça (e o cabelo) para derrotar os inimigos
Inicialmente, dançar somente atrai itens que estejam um pouco distantes; conforme obtemos novas magias, a meia humana, meia gênia pode se transformar em diferentes criaturas. Não quero estragar as surpresas, mas as opções vão de macaca a carangueja, cada uma delas com poderes especiais únicos (com direito a melhorias escondidas) para vencer certos desafios.
As transformações de Shantae são bem legais
Nesse sentido, o game também tem contornos de metroidvania, colocando o jogador para revisitar áreas após obter as habilidades certas. Para completar seu arsenal, Shantae pode fazer compras nas lojas da zumbi Rottytops, amiga da gênia. Elas vão desde melhorias para os ataques com o cabelo (nada como um bom xampu) até consumíveis e feitiços, proporcionando flexibilidade ao estilo de quem estiver jogando.
Todas as ilustrações são coloridas e bonitas
Falando em amigos, nossa heroína tem vários companheiros legais para interagir na sua aventura. Alguns exemplos incluem a já comentada Rottytops, a treinadora de pássaros Sky e o guerreiro Bolo, todos coloridos e engraçados. Eles ajudam a heroína a enfrentar Risky, que ameaça o mundo com seus equipamentos que provocam terremotos e modificam as paisagens.

Criatividade com qualidade

Inclusive, essa mecânica de mudança é um dos pontos fortes de Shantae Advance: Risky Revolution. Mudar os mapas permite alcançar áreas até então inacessíveis, além de avançar na história. As fases maiores contam com portais que permitem “cruzar” para o plano de fundo, aumentando as possibilidades de exploração. Criativos e com paisagens legais, esses desafios exigem atenção para serem enfrentados.
Alternar entre os planos de jogo é uma mecânica interessante
Também temos as dungeons mais tradicionais, que exigem exploração, combates e solução de alguns quebra-cabeças leves. Dentro delas também temos a presença do gênero metroidvania, pois é necessário ir e voltar algumas vezes na dungeon para conseguir liberar o chefão. Eles, por sua vez, são bem desafiadores, mas de forma justa, oferecendo lutas agradáveis.
Cada novo chefe traz um desafio único
Novas áreas são liberadas conforme avançamos no jogo, o que também permite ao jogador acessar mais transformações, melhorias, além de novos segredos. Aqui vale uma crítica ao título que, infelizmente, pode ser aplicada a outros elementos: provavelmente devido às limitações do Game Boy Advance, temos uma campanha relativamente curta.
Aumentar a vida ajuda bastante a concluir a campanha
Mesmo com os segredos (que não são numerosos) e melhorias, o jogador vai precisar em torno de 10 horas para aproveitar praticamente tudo que o game tem a oferecer. Faltaram mais mapas e dungeons — ou quem sabe eles poderiam ser maiores —, assim como ter colecionáveis escondidos e desafios extras. Digo isso mesmo admitindo que a aventura é redonda, pois me parece que aqui tivemos um potencial desperdiçado.

Faltaram mais desejos

Em termos de jogabilidade, o título faz muito bonito. Pensado para o GBA, ele tem comandos simples, mas também funcionais e intuitivos. Qualquer que seja o desafio, temos ações bem pensadas e intuitivas. Isso também vale para a produção técnica no geral, com visuais pixelados e efeitos sonoros antigos, mas carismáticos e competentes. Nesse sentido, aqui, mais uma vez, preciso lembrar das restrições do hardware.
Faça seus desejos ao poço (não vale mais desejos...)
Seria legal ter animações e cenários mais caprichados, que por vezes acabam se repetindo ou cansando pela simplicidade. O tempo necessário para salvar o jogo também é estranhamente longo, tal como se estivéssemos jogando em um cartucho. Aliás, Shantae Advance: Risky Revolution oferece duas opções para ser jogado: versão “original” para Game Boy Advance ou versão “moderna” (elas não são intercambiáveis a qualquer momento, só podendo ser escolhidas antes de a campanha começar).
Lutar contra os amigos é uma experiência simples e sem maiores atrativos
Obviamente, as artes em alta definição só existem na versão para consoles, mas considero uma adição modesta. O modo multijogador mais parrudo (quatro jogadores, em vez de dois) também não é um grande atrativo, até por ser somente local e apenas “OK” (uma espécie de luta em plataformas). Penso que a aventura poderia ser muito mais interessante se a produção não fosse uma mera adaptação, mas sim mais pensada para os videogames mais modernos.
Faltou se desprender do passado e olhar para o presente
Outro exemplo: Shantae pode escolher entre três roupas bônus, chamadas Armadura Ardente, Caçadora de Relíquia e Alta Tensão. Cada uma aumenta a força de algum feitiço específico, mas com duas ressalvas: só é possível escolher uma vez antes de começar a campanha e as opções estão disponíveis somente para quem adquiriu a versão Deluxe do título. Em tempos atuais, poder customizar a protagonista não seria algo inovador, mas bastante desejável.

Diversão genial

Depois de tanto tempo no limbo, finalmente Shantae Advance: Risky Revolution chegou com sua divertida aventura. Focada no gênero plataforma — temperada com elementos como combate e metroidvania —, a experiência é colorida e bem-humorada, além de conter uma boa dose de desafio. Ainda que o game em geral seja muito bom, infelizmente a “restrição” em produzir um título compatível com um videogame antigo limitou um lançamento que tinha potencial para ser imperdível.

Uma divertida e envolvente aventura!

Prós

  • Jogo de plataforma traz diversão e variedade com uma temática bastante criativa;
  • Cenários e personagens são carismáticos, com direito a uma história repleta de bom humor e criatividade;
  • Jogabilidade simples e sólida funciona bem em praticamente todos os momentos;
  • Bom nível de qualidade e variedade dos desafios apresentados ao longo da campanha, em particular quanto ao elemento metroidvania;
  • Produção combina adequadamente visuais pixelados e artes em alta definição.

Contras

  • A “limitação de hardware” prejudicou a produção do game em vários pontos, sobretudo na quantidade geral de conteúdo, na repetição de elementos e na apresentação da história.
Shantae Advance: Risky Revolution — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Ives Boitano 
Análise redigida com cópia digital cedida pela WayForward
OpenCritic
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Matheus Senna de Oliveira
é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
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