Análise: Irem Collection Volume 3 traz shooters que repaginaram o gênero

Cores e fantasia tomam conta da coletânea, que reúne três títulos da empresa japonesa lançados entre as décadas de 1980 e 1990.

em 09/07/2025
Após um Volume 1 problemático e um Volume 2 que melhorou consideravelmente a consistência do conteúdo, chegou a hora de receber mais um trio de jogos com o compilado Irem Collection Volume 3.

Como frisei no início da análise do Vol. 2, não vou repetir minhas críticas ao fracionamento de todos os clássicos em cinco volumes. Peço, por gentileza, que leiam a minha análise do Vol. 1, na qual dediquei um trecho a isso. Irei me ater apenas à emulação, ao port e à apresentação dos jogos deste volume no texto, mas, ainda assim, citarei no final a divisão da coletânea como um ponto contra.

Um trio bastante incomum, mas que funciona muito bem

Mais uma vez, temos a seleção de três jogos que foram desenvolvidos pela Irem Software Engineering — todos shoot ‘em ups horizontais, mas com características bem únicas:

Battle Chopper/Mr. Heli (1987)
— Controlamos um helicóptero que pode alternar livremente sua posição frontal para a direita ou para a esquerda, além de ter bombas que podem ser disparadas pela parte de cima do veículo, enquanto voa, ou por baixo, ao se locomover em uma superfície. Pelo caminho,  é possível juntar cristais que valem dinheiro — gasto para comprar power-ups e fortificar os projéteis do helicóptero. Versões incluídas: Arcade (JP e mundial) e PC Engine (JP).

Dragon Breed (1989)
— O rei Kayus desperta um grande dragão chamado Bahamoot e agora, deve salvar o reino de Agamen das garras de Zambaquous, o rei das trevas. Na maior parte do tempo, controlamos Kayus montado no dragão, que é imune aos disparos das criaturas inimigas e pode ter seu corpo flexível usado como escudo. Os power-ups são ovos de dragão, que podem deixar as labaredas de Bahamoot mais fortes ou até modificar seus poderes. Entretanto, apenas o dragão é invencível: se Kayus for tocado, ele perde a vida na hora. Versões incluídas: Arcade (JP e mundial).

Mystic Riders/Mahou Keibitai Gunhouki (1992)
— No controle de dois bruxinhos, combatemos perigos mágicos e criaturas místicas, como disparos de fogo e elétricos, que podem ser melhorados com cristais encontrados pelo caminho. Um recurso interessante é o de jogar o cetro — que serve de montaria — para desviar de uma quantidade muito grande de disparos. Há também a possibilidade de seguir a pé em algumas plataformas, o que nos permite soltar projéteis em diferentes direções. Versões incluídas: Arcade (JP e mundial).

Ou seja, temos três “jogos de navinha” que fogem completamente da estética espacial/futurista, combinando outros tipos de elementos narrativos — principalmente medievais e fantasiosos. Battle Chopper é o que ainda está mais próximo da ideia geral dos shumps, por trazer um helicóptero, mas isso para por aí, pois a ambientação alegre e colorida logo mostra uma personalidade mais leve. Este trio do terceiro volume consegue ser mais chamativo que os títulos dos outros dois, graças a essa mudança de clima para uma jogabilidade convencional para a época. 

Inclusive, vale uma pequena observação sobre a emulação dos ports: para todos os títulos, é possível jogar no modo clássico — que é a experiência arcade básica, sem o recurso de rebobinar, save state e trapaças — ou no modo casual, no qual podemos usar tudo o que estiver à disposição para tornar a jogatina mais tranquila.

Entretanto, há um porém: ligar todas as trapaças acaba dando uma leve “bugada”nos jogos, fazendo com que ocorram alguns travamentos quando muita coisa acontece na tela ao mesmo tempo. Isso acontece com uma infinidade de títulos dos anos 1980 e 1990. Quer queira ou não, invencibilidade, vidas infinitas e tiros no máximo funcionando ao mesmo tempo acabam exigindo muito da ROM — então, não estranhem esses engasgos caso vocês optem por essa opção mais casual de jogar.

Além disso, segue-se a regra de desabilitar as conquistas e o ranking online no modo casual, o que é justo. Assim, evita-se que a platina seja obtida em poucos minutos e que os placares globais fiquem inflados de jogadores com pontuações perfeitas. Só vai conseguir atingir o topo quem realmente se esforçar — então, o ideal é treinar no casual, para conhecer bem os jogos e todos os seus caminhos, e depois ir para as cabeças no clássico.

Ah, o padrãozinho…

Por seguir o mesmo modelo de apresentação dos volumes anteriores, infelizmente, ainda não há qualquer tipo de informações extras sobre os jogos contidos nesta coletânea. Temos um menu inicial bem bonito — e só. E, previsivelmente, como em outros compilados da ININ Games, sabemos que não haverá esse tipo de inclusão nos dois volumes futuros que faltam.

O que resta é aproveitar a emulação competente e brincar com alguns filtros, para alterar a cor, o formato e a disposição da tela. Os recursos de rebobinar e o save state também sempre são bem-vindos, mas já fazem parte do “feijão com arroz” oferecidos por essas coletâneas.

Perde-se muito sem uma galeria que reúna um pouco das histórias por trás desses jogos ou traga ilustrações e panfletos da época, pois estes jogos não eram tão comuns de serem encontrados. Vale citar que apenas Battle Chopper teve um lançamento para as gerações seguintes, via Virtual Console da Nintendo e Evercade VS.

Já que não vai mudar, bora aproveitar

Irem Collection Volume 3 traz três ótimos jogos que não tiveram tanta atenção assim no seu período de lançamento,  tampouco ganharam ports para os consoles mais conhecidos da época. Seria legal contar com mais informações sobre eles, mas tê-los reunidos em uma coletânea já é algo a ser considerado atrativo. Os fãs de shooters que gostam de novas interpretações do gênero, com certeza, irão curtir esta edição.

Prós

  • Reunião de três ótimos títulos que dão uma cara nova e criativa aos shoot ‘em ups;
  • A emulação original deles é bem feita;
  • O modo casual contém trapaças e recursos como rebobinar e save state;
  • As pontuações do modo clássico podem ser registradas em um ranking global.

Contras 

  • Ausência de uma galeria ou de algo que explique o contexto da época do lançamento dos jogos;
  • Jogar com todas as trapaças ligadas de uma vez pode causar alguns momentos de lentidão na emulação;
  • Fragmentar a coletânea em cinco volumes vai totalmente contra a grandeza que ela poderia.
Irem Collection Volume 3 — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Mariana Marçal
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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