O projeto é uma espécie de Sea of Thieves no espaço, mas adiciona tanto tempero à fórmula que conseguiu criar algo verdadeiramente único. Ao entrelaçar elementos de battle royale e extraction shooter, com habilidades de MOBA e visuais cartunescos, o projeto tem tudo para ser o novo vício do seu grupo de amigos.
Piratas Espaciais
Em Wildgate, você e mais três jogadores formam uma equipe de Prospectores — piratas espaciais que entram na Orla do Tifão para saquear, combater e buscar pela glória entre estrelas e estações espaciais. O objetivo máximo da partida é extrair pelo portal Viacofins com o desejado artefato. Entretanto, eliminar todos os seus adversários também é uma opção.
É exatamente ao unir as duas mecânicas — a de extração ou a de “último a sobreviver” — que as partidas de Wildgate se tornam tão emocionantes. Você começa com sua equipe em um ponto remoto do espaço, gerado proceduralmente. Existem diversos locais de interesse: estações abandonadas, naves à deriva, postos comerciais, cometas com vida alienígena, dentre outros.
Os jogadores devem completar esses desafios PVE para melhorar suas naves e conseguir espólios. Enquanto isso, outras quatro equipes fazem o mesmo, e todos também estão à procura do artefato. Assim que alguém encontra esse tesouro, ele é marcado no mapa — e uma grande luta pela supremacia começa.
Que vença o melhor
Wildgate é um daqueles projetos que têm tantas referências, mecânicas e ideias de outros jogos que poderia facilmente se tornar um monstro de Frankenstein Mas acredito que a experiência dos devs — que são ex-funcionários da Blizzard — teve grande influência em quão coeso todo o projeto é.
Pilotar a nave não é uma tarefa fácil, mas é extremamente gratificante fazer manobras enquanto seus colegas de equipe abrem um buraco no escudo da nave inimiga. De fato, parece uma batalha naval — mas no espaço. É uma dança entre manobras, tiros e pilantragem, porque você pode deixar sua nave e embarcar na do inimigo para sabotar, internamente, seus planos.
Só nessa possibilidade, o sistema abre uma variedade enorme de jogadas: implantar uma bomba na nave inimiga, matar os tripulantes e jogar a nave num meteoro, desligar os escudos por dentro, sobrecarregar o reator… são quase infinitas as possibilidades.
Também é bem satisfatório o tiro em primeira pessoa. Logo na beta, existia uma boa variedade de armas e personagens, que contêm habilidades únicas — assim como num MOBA multiplayer. Tem personagem que fica invisível, tem aquele que tem mais vida, mas é mais lento, personagens que teletransportam, dentre outros.
Então, antes de cada partida, você deve equipar seu kit com armas, acessórios como granadas e carregadores rápidos, escolher suas duas armas — e partir para a busca pela glória nos confins do espaço.
Melhorias e ajustes
Apesar de ser uma beta, boa parte dos sistemas e funcionalidades do jogo está madura o suficiente para um lançamento. Eu, pessoalmente, não encontrei nenhum bug ou problemas de performance, o que me deixou bem impressionado.
Entretanto, existem alguns pontos que devem ser observados pelos desenvolvedores, como o balanceamento de armas, personagens e mecânicas. Com poucas horas de teste, já existiam estratégias “meta” nas batalhas de nave, que eram bem eficientes, mas tiravam boa parte da graça dos combates.
Como todo jogador pode se teletransportar de volta para sua nave, o que eles faziam era entrar na nave inimiga, desencaixar os canhões e se transportar de volta para a própria nave — tudo com muita facilidade, sem penalidade nenhuma. Algo que quebra o ritmo entendido de troca de tiros e estratégias mais complexas.
Além disso, existem personagens que podem ficar invisíveis por bastante tempo, o que também compromete o balanceamento das lutas. Felizmente, esses problemas são intrínsecos de todos os multiplayers que contém mais camadas nas gameplay — e podem ser corrigidos com certa facilidade.
Até os confins da galáxia
Wildgate tem potencial para ser o melhor dos dois mundos — do battle royale e do extraction shooter —, um jogo em que você escolhe: saquear e fugir ou lutar e prevalecer. O trabalho em equipe e a quantidade de mecânicas exploratórias e de combate dão profundidade suficiente para que as partidas não caiam na mesmice. É possível jogar várias em sequência — e todas serem igualmente empolgantes.
Para além das melhorias e balanceamentos, a Moonshot Games vai ter que encontrar formas de adicionar novas aventuras, localidades e até mecânicas para manter o interesse do público vivo ao longo das temporadas — algo que somente passes de batalha não conseguem garantir.
No fim, eu me diverti muito durante a beta — até mesmo jogando com estranhos. Acredito que Wildgate é tudo que um grupo de amigos pode pedir numa tarde de sábado: transformar a história da sua nave em glória e vitória, numa jogatina cheia de camadas e mecânicas interessantes.
Revisão: Mariana Marçal
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dreamheaven