Análise: Hidden Cats in Spooky Town: procurando gatos entre abóboras e fantasias de Halloween

Um prazeroso jogo de objetos escondidos, mesmo quando não for dia das bruxas.

em 05/11/2024

Se você já viu algum livro da série Onde Está Wally, já sabe como é: uma grande ilustração, complexa em sua densidade de elementos e situações cômicas, repleta de coisas para encontrar. Esse é o gênero de objetos escondidos, que também tem seu espaço nos videogames. Alguns títulos investem em narrativas e dão ares de puzzle à busca, mas também há a vertente mais simples de apenas esquadrinhar as cenas para encontrar um grande número de alguma coisa.

Este segundo tipo é o caso de Hidden Cats in Spooky Town. Trata-se do sexto jogo dos sete lançados na série (até agora) criada pela desenvolvedora brasileira Nukearts e, como o nome indica, o foco da coisa toda está nos gatos.



Temporada de bruxas, abóboras e gatos

A ideia é simples: encontrar centenas de felinos escondidos, pendurados, estampados e esparramados por cenários com tema de assombrações. O cenário principal é um grande panorama urbano de Halloween, com casarões, fantasmas, fantasias, muitas abóboras e gatos por todo lado, é claro. 

A apresentação é básica e eficaz: estilo caricato e traços simples com contornos riscados, como um desenho antes da arte final. O roxo das linhas é suave e agradável, mas passa certa monotonia e acho que o jogo poderia se beneficiar de alguns filtros de cores para diferenciar os cenários ou escolhermos nas opções. Existe uma única opção, o Dark Mode, mas ele é dark demais para ser viável.



Alguns objetos pontuais se movem brevemente, servindo para apontar que há um gato escondido atrás deles, mas o todo do jogo é bastante estático e cairia bem uma animação aqui e ali para dar mais vida aos ambientes. Nesse quesito, a parte sonora ajuda, com um fundo musical que varia de local para local da grande ilustração e, no nível da rua, efeitos sonoros de murmúrio da multidão e dos carros, dando à paisagem um belo toque de espacialidade. Ah, sim, também ouvimos muitos, muitos miados.

Inicialmente monocromático, cada porção do desenho vai ganhando cores aos poucos, para indicar que todos os gatos dali já foram encontrados. É interessante para dar uma noção do avanço e para guiar a busca, mas o efeito de facilitação pode ser indesejado por alguns jogadores e sua ativação deveria ser opcional.



Não só de gatos viverá o gamer

Para dar uma estrutura de progressão, essa etapa que descrevi acima tem duas modalidades: Normal, para simplesmente encontrar 120 gatos em localizações fixas, e Advanced, mais elaborada com seus 200 bichinhos em locais aleatórios e 20 humanos fantasiados.

À medida que os bichanos são encontrados, rapidamente são desbloqueados seis novos cenários menores, como um cemitério, um laboratório e um parque de diversões. Estes só ganham cores quando completamos tudo que há neles. Ao finalizá-los todos, surge o cenário final, After Party, mais complexo que os outros e com visão isométrica, em fez de lateral.



Dessa vez, além de 100 gatos, é preciso encontrar 100 pessoas em roupas e atitudes diferentes. Esse é o segmento mais interessante do jogo e foi uma boa resposta à minha sensação de que, mesmo orbitando ao redor dos gatos, Hidden Cats deveria ter mais variedade de objetos para encontrar; no final das contas, levei pouco mais de quatro horas para achar tudo e obter o troféu de platina no PS5, divertindo-me com meus filhos na busca pelas bolas de pelo. 

Quando são apenas gatos, a mente de quem joga fixa em um só elemento e os encontra em um ritmo acelerado, completando um cenário de 50 bichanos em alguns minutos. O esquema de encontrar humanos dá mais variedade, mas ainda é limitado por um sistema em que apenas quatro deles são listados por vez. Ao encontrar um desses, um novo alvo o substitui, fazendo andar uma longa fila de objetivos, passo a passo.

Entendo que expor muitos de uma vez só tiraria parte da graça, mas penso que quatro é um número muito baixo que deixa a exploração lenta demais, em contraste com a ágil “caça” aos gatinhos. Espero que a Nukearts possa encontrar um meio-termo mais equilibrado nesse quesito em seus próximos jogos.



Sim, suponho que haverá mais títulos na série, uma vez que a ideia pode ser replicada em quase qualquer tema ou região. Um Hidden Cats in Brazil, com algumas de nossas capitais, seria uma boa pedida.

Ah, já analisei antes A Castle Full of Cats e, apesar das semelhanças de apresentação e da origem brasileira, são séries diferentes feitas por desenvolvedoras diferentes, mas igualmente agradáveis. Se você gostar de um deles, vale a pena conferir o outro.

Gaturas ou travessuras?

A Nukearts ainda pode melhorar alguns pontos em seus próximos trabalhos, mas a simplicidade que temos em Hidden Cats in Spooky Town é eficaz e dá conta do serviço. Quem gosta de procurar objetos escondidos terá nele uma diversão leve e relaxante, gostosa de completar.



Prós 

  • Gameplay agradável e relaxante de buscar objetos escondidos;
  • Cenários amplos, somando centenas de gatos;
  • Além de gatos, há pessoas a encontrar, adicionando uma pequena, mas necessária dose de variedade;
  • Bom uso de efeitos sonoros em alguns trechos.

Contras

  • A simplicidade da produção e o objetivo casual podem não atrair parte do público;
  • A falta de mais animações e variação de cores nos desenhos monocromáticos dá sensação de monotonia estática;
  • A busca por pessoas acontece apenas em parte dos cenários disponíveis;
  • A mecânica auxiliar de colorir automaticamente as partes já completas tem o efeito colateral de impor o auxílio, o que deveria ser opcional.
Hidden Cats in Spooky Town — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital enviada pela Silesia Games
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Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies. Veja minhas análises no OpenCritic.
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