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Análise: TopSpin 2K25 (Multi) retorna com gameplay sólido e uma fórmula que pode render mais

Uma das principais franquias de tênis virtual encerra seu hiato e busca a velha forma, mas precisa oferecer mais e explorar ideias mais modernas.

O tênis nunca foi um dos esportes com maior apelo entre o grande público brasileiro, apesar dos anos dourados em que Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni conseguiam roubar os holofotes tupiniquins do futebol com suas conquistas. Ainda assim, é uma modalidade com grande apelo entre os games, por sua proposta de partidas rápidas e dinâmicas para até quatro jogadores. Até mesmo Mario e Sonic já se arriscaram com raquetes, às vezes com sucesso, outras não.

Iniciada em 2003, TopSpin foi uma das principais franquias de tênis a surgir, ao lado de Virtua Tennis, da Sega. Após um hiato de mais de uma década, TopSpin 2K25 traz de volta o ambiente das quadras, agora imerso no modelo dos jogos esportivos atuais.

Dominando a quadra

A jogabilidade de TopSpin 2K25 é bastante simples de entender, mas isso não significa que ela não tem nuances divertidas. Cada um dos botões do controle, além do gatilho direito, representa um tipo de batida, como Slice, Top Spin ou Lob. Assim que a bola vem em direção à nossa metade da quadra, uma barra de acerto aparece, com uma zona verde. Quanto mais próximo dessa zona de acerto, maiores as chances de desferir um golpe indefensável. 

Podemos apertar qualquer botão no ato do impacto ou segurá-lo assim que for possível responder o serviço do nosso rival, para uma raquetada poderosa. Uma marca vermelha sinaliza a força da jogada, e requer um pouco mais de atenção dos jogadores. Esse sistema pode até parecer complexo, mas basta algumas partidas para que ele se torne totalmente intuitivo, o que deixa as disputas com um ritmo fluido e bastante gostoso. Se conseguirmos impor nosso ritmo ao adversário, é possível pontuar até mesmo com uma tacada fraca e nem tão precisa.

Mas logo as coisas complicam um pouco, o que, no caso de TopSpin, é uma coisa boa. Os atletas também possuem uma barra de fatiga, equanto mais for uma longa sequência de raquetadas, mais eles se cansam e mais difícil fica de alcançar certas jogadas. Com a variedade de status entre os tenistas disponíveis, e até incluindo o criado pelo jogador, há margem para momentos mais plásticos, com os atletas se jogando para não ceder um ponto ou claramente desistindo de ir atrás da bola porque estão exauridos naquele momento.

Outro fator a ser levado em consideração que aumenta o realismo é o piso das quadras. Seja no piso rápido, no saibro ou na grama, o rumo das partidas muda drasticamente, a ponto de termos que planejar melhor nossa postura de jogo.

TopSpin 2K25 conta com um elenco de 25 tenistas, entre nomes atuais e lendas do esporte:

Masculino
  • Roger Federer
  • Carlos Alcaraz
  • Frances Tiafoe
  • Andre Agassi
  • Andy Murray
  • Ben Shelton
  • Daniil Medvedev
  • John McEnroe
  • Matteo Berrettini
  • Pete Sampras
  • Taylor Fritz
Feminino
  • Serena Williams
  • Iga Świątek
  • Belinda Bencic
  • Coco Gauff
  • Caroline Wozniacki
  • Emma Raducanu
  • Karolina Pliskova
  • Leylah Fernandez
  • Madison Keys
  • Maria Sharapova
  • Naomi Osaka
  • Paula Badosa
  • Sloane Stephens
  • Steffi Graf
A lista de nomes é grande, e vale salientar que é raríssimo um jogo de esporte ter um elenco com mais mulheres do que homens, mas ainda assim alguns nomes acabaram fazendo falta. É o caso de Novak Djokovic, que é um dos principais nomes do esporte e atual líder do ranking da ATP — sigla para Associação de Tenistas Profissionais —, além de outros importantes, como Rafael Nadal e o nosso Guga.

Jogando pelo calendário

Algo que eu já havia sinalizado na análise que fiz de PGA Tour 2K23 é o quanto esportes individuais trazem pouco conteúdo, pois não conseguem ter modos de jogo tão vistosos quanto os coletivos. Jogos como EA Sports FC (o antigo FIFA), NBA 2K, EFootball (o antigo Pro Evolution Soccer), MLB the Show e Madden conseguem trazer a empolgação de criar esquadrões com os seus atletas favoritos. Até mesmo WWE consegue emular a experiência de juntar um grupo de superestrelas, mesmo que em disputas individuais na esmagadora maioria das vezes. 

Tecnicamente, não é culpa de TopSpin, mas daria para tentar ser um pouco mais criativo com o conteúdo proposto. O MyCareer nos coloca no centro das atenções, criando nosso alter ego para as quadras, com direito a personalização de equipamento e roupas de marcas famosas, como Adidas, Nike, Wilson e Lacoste. Todas elas já vêm com um padrão definido de cores, o que é compreensível, mas os itens genéricos, como camisetas e blusões sem patrocínio nenhum, não podem ser alterados, o que é um pouco chato para quem gosta de criar sua própria identidade visual.

Uma vez que o nosso “eu” das raquetes está criado, seguimos um ciclo de eventos que se repete ao longo do ano: treinamos para melhorar nossas habilidades, participamos de uma disputa especial para ganhar recompensas e finalizamos disputando um torneio de até oito participantes. Também é possível descansar durante um mês do circuito, para recuperar o condicionamento físico.

O objetivo óbvio é se posicionar como líder do ranking da ATP, ou da WTA no caso das tenistas femininas, e ganhar os quatro Grand Slams do ano: Australian Open, Roland Garros, Wimbledon e US Open. Uma vez que essas metas são alcançadas, o MyCareer continua, mas sem adicionar nada de novo. É só a continuidade da sua trajetória em manter o posto de melhor do mundo.

Além do MyCareer, podemos fazer partidas de exibição, simples ou em duplas, contando com até três amigos de maneira local, e a TopSpin Academy. Trata-se do tutorial do jogo, com lições básicas e avançadas, que ensinam o jogador a controlar melhor suas rebatidas e como utilizar os espaços da quadra, tudo isso narrado pelo icônico (e chiliquento) John McEnroe.

Quanto aos modos online, eles já são um pouco mais variados. Além das mesmas partidas casuais do offline, podemos realizar torneios diversos e buscar a posição mais alta do ranking global.

Ainda assim, alguns recursos poderiam ter sido melhor aproveitados. Seria muito bacana criar torneios offline, já que é possível ter quatro jogadores no mesmo console, ou até mesmo poder jogar um que já existe, como o próprio Roland Garros, que dá o tom da primeira temporada… de prêmios.

Pois é, outra mancada de TopSpin 2K25 é a de apenas trazer itens cosméticos em seu conteúdo extra pago. Nada de torneios ou partidas históricas, apenas um passe VIP que desbloqueia camisas, raquetes, bermudas, tênis e afins ao cumprirmos metas específicas jogando partidas em quaisquer modos.

Por falar em história, uma última crítica minha é como os garotos-propaganda do jogo são mal-utilizados. A capa das edições Básica e Grand Slam trazem Roger Federer e Serena Williams, que são dois monstros do tênis mundial, e mesmo assim não há nada focado neles. Nem um prêmio específico ou modo que traga os momentos marcantes de suas carreiras. Simplesmente um desperdício que poderia atrair grandemente a atenção até de quem não é fã do esporte.

Volta ao mundo em 80 raquetadas

Da mesma forma que buscou um elenco de tenistas de peso, TopSpin 2K25 também não poupou esforços em trazer uma variedade de quadras de diversos cantos do planeta. Além das oficiais espalhadas por lugares como Estados Unidos, França, Austrália e Inglaterra, há alguns lugares mais exóticos e fantasiosos, que brincam um pouco com a ambientação, como uma espécie de réplica do Coliseu, em Roma; um palácio ancestral no Japão; e um lugar em Dubai com forte aspecto futurista.

Em cada uma das 48 quadras, é possível jogar de manhã, de tarde ou à noite. O bacana disso é contar com a diferente posição do sol em alguns casos e locais, favorecendo ou prejudicando a nossa visão, como uma partida real. Isso se dá com a projeção das sombras da arquibancada na quadra. Um toque bastante relevante e divertido no quesito realismo.

Entretanto, o visual dos atletas acaba pecando um pouco. Os jogadores têm expressões faciais que transitam muito entre o extremo e o inexpressivo, com direito a olhos arregalados que não acompanham bocas fechadas, ou o contrário, quando, em um close, o atleta está gritando, mas seus olhos estão estáticos, como se assistisse a uma novela.

A parte sonora não compromete muito, pois o tênis não conta com narradores. Então, você tem um ou outro comentário, além das chamadas dos juízes, os grunhidos dos tenistas, a playlist do menu, que transita entre a calmaria e faixas dignas de uma rave, e a voz de John McEnroe em alguns tutoriais e menus.

E pela milésima vez, 2K, incentive seus estúdios a pelo menos considerar colocar textos em português nos jogos. Por mais que já seja uma conformidade um título dela sair sem nem uma vírgula no nosso idioma, torna-se cada vez mais incômodo ter que encarar paredes de textos e menus extensos fora da língua brasileira. 

Ainda não é um Grand Slam

Demorou mais de uma década para que a franquia fizesse seu retorno, e TopSpin 2K25 pode ser um bom começo, mas ainda está longe do ideal. Enquanto a lista de tenistas e quadras não decepciona, acompanhados por uma jogabilidade clara e descomplicada, o conteúdo mal-explorado e até mesmo as temporadas em DLC mostram que há muito espaço para melhora e, consequentemente, voltar ao topo dos rankings dos corações dos jogadores.

Prós

  • Os comandos têm sua complexidade, mas se tornam fortemente intuitivos com o tempo;
  • Quase 50 arenas diferentes, desde reais até locais mais fantasiosos, mas igualmente bonitos;
  • Bom elenco de partida, com nomes atuais e lendas do esporte;
  • Os itens de customização patrocinados são bastante fieis e adicionam um charme à criação de personagens.

Contras

  • Poucos modos de jogo;
  • Não é possível realizar torneios offline;
  • Os modelos dos atletas apresentam algumas inconsistências e momentos de feiura;
  • Poderia ter algo que focasse na carreira de Roger Federer, Serena Williams ou dos Grand Slams;
  • As DLCs são limitadas a itens cosméticos;
  • Ausência de nomes como Gustavo Kuerten, Rafael Nadal e Novak Djokovic.
TopSpin 2K25 — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise com cópia digital cedida pela 2K

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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