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Análise: Lunar Lander Beyond (Multi) passa um pouco do ponto, mas consegue fazer uma boa aterrissagem

Um grande nome da história dos games volta com um visual renovado, mecânicas conservadas e um modo história caprichado… até demais.

A Atari realmente está empenhada em reviver jogos clássicos com uma cara mais moderna. Após apostar na série Recharged, que trouxe ícones como Asteroids e Caverns of Mars, a publisher agora apostou suas fichas em Lunar Lander Beyond, inspirado em um gênero que marcou uma geração.

O impacto da odisseia espacial

Lunar Lander é um dos grandes nomes dos primórdios dos videogames, mas não como título, e sim como gênero. O objetivo deste tipo de jogo era pilotar um módulo espacial e aterrisá-lo em segurança na superfície da Lua. Essa proposta foi inspirada pelo pouso do módulo lunar Apollo, ocorrido em 1969.

A ideia da conquista do espaço inspirou diversas mentes, entre elas a dos primeiros programadores da época, que começaram a criar simuladores da aterrissagem do Apollo. A ideia era simplesmente pousar a sonda da maneira mais segura possível, levando em consideração fatores como a gravidade, consumo de combustível, velocidade e o relevo do ambiente.

O sucesso foi grande o bastante para que diversas versões com o mesmo nome surgissem no mercado, para vários tipos de computadores. Consequentemente, a Atari lançou sua leitura de Lunar Lander em 1979 para os fliperamas e posteriormente para o console Atari 2600. Essa mecânica fez tanto sucesso que criou um gênero em torno de si, inspirando diversos outros títulos, como Gravitar, outro jogo da desenvolvedora e que já teve sua versão Recharged analisada pelo GameBlast.

Dando vida aos vetores

Quem jogou o Lunar Lander no arcade original terá uma grata surpresa com o trabalho desempenhado para reformular o título para as atuais gerações. Beyond consegue dar uma forma muito bem-trabalhada para o que antes eram apenas linhas brancas em um fundo preto. Quem quiser conferir esta versão pode contar com a emulação original dela em coletâneas como Atari Flashback Classics Volume 1 e Atari 50: The Anniversary Celebration.

Agora os ambientes e as naves ganharam formas e cores vibrantes, com direito a cenas de abertura, diálogos e até um bom trabalho de dublagem com vozes em inglês. Ao pilotarmos nossa nave, por exemplo, cada planeta traz, além do seu relevo natural, estações de extração, satélites, cavernas, rios de lava, outros objetos voadores e até estátuas gigantes. 

Já a jogabilidade manteve sua base conservada. Guiamos nossa nave sob forte influência da gravidade, ou seja, não adianta acelerar com tudo, pois isso só nos fará gastar combustível e será impossível frear a tempo. É necessário dosar a velocidade, sempre ponderando a direção que gostaríamos de ir.

O tempero está nos pilotos e melhorias que desbloqueamos ao encontrar segredos pelo caminho. Todos eles oferecem uma série de benefícios que priorizam algumas características, como estabilidade e controle em detrimento às outras. Isso adiciona uma leve camada de estratégia na maneira como o jogador irá encarar as 30 fases de Lunar Lander Beyond.

Muito papo para pouca ação

Mesmo com todas as inovações estéticas e incrementos em sua mecânica, Lunar Lander Beyond tentou demais impressionar o público e acabou exagerando nas diversas inserções de diálogo. Sem exagero, há cenas e conversas que duram mais que as missões em si.

Isso torna o ritmo de jogo bastante arrastado, ainda mais porque temos que repetir algumas fases para encontrar os itens secretos e melhorar o nível dos pilotos, que ganham experiência após a conclusão da missão. Como não há um modo de jogo secundário, temos que ficar sempre no principal, e isso implica passar por toda a falação novamente.

Seria muito benéfico se Beyond dissociasse a parte de grinding de pilotos da sua campanha, para que refazer as tarefas fosse algo mais objetivo e proveitoso. Toda essa replicação de diálogos e cenas cria uma monotonia que consegue tirar o brilho do trabalho artístico investido.

Outra ausência sentida é a de um placar geral online. Digo isto por dois motivos: o primeiro é que isso se relacionaria perfeitamente com a natureza dos fliperamas do jogo original; o segundo é que, como nosso desempenho é avaliado pelo tempo de duração de cada missão com medalhas de bronze, prata e ouro, seria bacana ter um registro geral dos melhores recordes em cada cenário.

Um pouso quase perfeito

Para quem estava acostumado com os moldes Recharged que os clássicos da Atari vinham usando nos últimos anos, Lunar Lander Beyond veio com uma proposta nova e muito boa, revitalizando um ícone da história dos games. Entretanto, o jogo pecou por focar demais em um modo história, deixando um pouco de lado as raízes arcade da sua fonte original.

Prós

  • Uma excelente identidade visual, com cores vibrantes, cenas animadas e modo história ilustrado;
  • Boa dublagem em inglês;
  • A mecânica de controles original foi mantida, com a adição de melhorias de nave e pilotos que podem ser evoluídos.

Contras

  • Apenas um modo de jogo, o que deixa a progressão evolução dos pilotos muito arrastada;
  • Sempre que uma missão é repetida, temos que repassar pelas cenas de diálogo novamente;
  • Ausência de um ranking de pontuações online.
Lunar Lander Beyond — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise feita com cópia digital cedida pela Atari

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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