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Análise: Spiritfall (PC) traz combates fenomenais em um roguelite de ritmo vertiginoso

Pule, corra e golpeie neste título indie que usa como base mecânicas de luta em seu ótimo sistema de combate.


Combates extremamente ágeis estão no centro da experiência de Spiritfall. O jogo se inspira nas mecânicas de platform fighters, como Super Smash Bros., para criar batalhas frenéticas com golpes, lançamentos e combos impressionantes. Armas distintas, poderes elementais e características que se alteram tornam as partidas variadas e surpreendentes. Apesar dessas opções, há uma sensação de repetição; no entanto, a ação vertiginosa vale a pena ser explorada.

Lutando para restaurar o mundo

O mundo foi tomado pela corrupção e o poder dos espíritos sagrados foi severamente diminuído, trazendo caos e sofrimento a todos. A última esperança é uma chama mágica capaz de arder eternamente. Com a ajuda do último resquício de poder dos espíritos, a labareda toma forma humanoide e vai enfrentar inúmeros perigos para restaurar o equilíbrio do mundo.


Para acabar com os inúmeros monstros que aparecem pelo caminho, a chama utiliza diferentes armas, como um martelo, duas lâminas gêmeas, um conjunto de mãos flutuantes e arco e flecha. Além dos ataques básicos, o herói conta com um golpe especial capaz de lançar os oponentes pelos cenários e um dardo de energia. O conjunto de movimentos é amplo, permitindo montar sequências variadas.

No decorrer da jornada, os espíritos abençoam o guerreiro flamejante com melhorias diversas. Algumas adicionam poderes elementais às armas, como fogo, gelo e relâmpago; outras modificam a esquiva e o dardo de energia. Há também aquelas que conferem características passivas, como aumentar a taxa de crítico ou intensificar o dano de certas ações. Escolher as bênçãos com sabedoria é essencial para chegar longe.


Quando é derrotada, a chama perde todas as bênçãos adquiridas e precisa recomeçar a jornada desde o início. O ponto de partida é um santuário e lá podemos utilizar itens para desbloquear melhorias, armas e localidades, trazendo uma sensação de progressão entre as tentativas. Com isso, aos poucos novas possibilidades se abrem e as aventuras se tornam mais variadas.

Em combates repletos de possibilidades

O ritmo vertiginoso é uma constante em Spiritfall, pois tudo é muito rápido e ágil, com embates que acabam em pouquíssimos minutos. Sem dúvidas, o maior trunfo do jogo está no sistema de luta inspirado em Smash Bros., que usa comandos simples de segurar uma direção e apertar botões para ativar diferentes ataques. Há grande foco em lançar os inimigos uns nos outros ou em partes do cenário, criando uma dinâmica caótica e divertida.


Os comandos são descomplicados, mas fiquei impressionado com a diversidade de movimentos e possibilidades: com facilidade consegui fazer sequências complicadas jogando os monstros pela arena em um malabarismo frenético. Há muitas nuances técnicas para dominar, como dano aumentado ao acertar os oponentes da distância exata ou cancelamento de movimentos. Com isso, o título é capaz de agradar a diferentes níveis de jogadores.

As armas mudam profundamente o ritmo com suas mecânicas diferenciadas. O martelo é lento, mas excelente para fazer lançamentos; a dupla arco e flecha não é muito poderosa, porém desfere combos rápidos e consegue acertar inimigos distantes; as lâminas gêmeas funcionam como ganchos para puxar monstros para sequências ágeis; já o Equinócio é versátil, pois alterna entre modo foice e bastão. Cada uma das cinco armas conta ainda com uma versão alternativa e várias outras melhorias — gostei demais de experimentar as possibilidades e a todo momento criei estratégias novas.


Dominar as armas é essencial para sobreviver, pois a dificuldade da jornada é acentuada. O desafio vem da mistura de inimigos, que exigem estratégias distintas para serem vencidos — é complicado enfrentar os grupos de monstros, mas é recompensador sair vitorioso. Há, inclusive, batalhas especiais cujo objetivo é aumentar a porcentagem de dano de um inimigo poderoso para depois lançá-lo nas bordas da arena, assim como em Smash Bros., o que traz mais variedade às tentativas.


A atmosfera colorida complementa a ação com muita cor e contraste entre elementos para trazer clareza aos embates, que se desenrolam com grande fluidez. No entanto, às vezes as coisas ficam caóticas demais, com inimigos se sobrepondo uns aos outros, e é fácil se perder e levar dano. Com o tempo é possível aprender a lidar com isso, mas não deixa de ser uma chateação.

Enfrentando situações similares

No decorrer da jornada, o herói recebe bênçãos de espíritos que alteram suas habilidades. Algumas delas inflige estados negativos nos inimigos, como lentidão ou dano constante por queimadura; já outras modificam o projétil de energia ou liberam um ataque especial poderoso. Com um pouco de sorte e perícia, é possível montar sinergias poderosas.


Esse tipo de recurso é clássico em roguelikes e tem como intenção trazer diversidade entre as partidas. Contudo, Spiritfall não consegue alcançar completamente esse objetivo, apesar de oferecer uma grande gama de poderes. O problema é que a maioria das bênçãos aumenta o dano de ataques em vez de modificá-los e muitas delas têm efeitos similares entre si. Isso faz com que as melhorias dos espíritos sejam de pouco impacto para diversificar a jogabilidade. Por sorte, as armas são diferentes o suficiente para incentivar a experimentação.

Outro ponto que o jogo deixa um pouco a desejar é na diversidade de situações entre as partidas. O mapa consiste majoritariamente de arenas de combate, pontuado por localidades como lojas ou santuários. Acontece que as batalhas são muito parecidas entre si, sendo a maior diferença alguns elementos dos cenários e a seleção de inimigos. Faltaram mais eventos e modificadores para deixar as partidas mais distintas.


De qualquer maneira, há muito o que ver no jogo. Inúmeros recursos podem ser desbloqueados, como habilidades passivas, máscaras com atributos diversos, melhorias para as armas, novas localidades e mais, aumentando aos poucos o rol de possibilidades. Com isso, há sensação de evolução entre as tentativas.

Porradaria espiritual envolvente

Spiritfall se inspira em platform fighters para criar uma experiência roguelite repleta de agilidade e estratégia. A diversidade de armas, aliada às bênçãos dos espíritos, proporciona uma jogabilidade variada que incentiva a exploração de novas estratégias a cada partida. No entanto, a sensação de repetição e a similaridade entre os poderes podem, em certos momentos, atenuar a sensação de novidade e descoberta.

Apesar dos pontos negativos, o jogo empolga com seu ritmo acelerado e grandes possibilidades de combos, o que cria embates imprevisíveis e impressionantes. No fim, Spiritfall traz a ação eletrizante do gênero de luta ao mundo dos roguelikes e oferece uma experiência que vale a pena ser conferida.

Prós

  • Sistema de batalha variado, bem-construído e com muitas nuances táticas;
  • Diferentes armas e melhorias oferecem várias opções de jogabilidade;
  • Boa quantidade de conteúdo a ser desbloqueado e explorado.

Contras

  • Muitas das melhorias têm efeitos pouco impactantes;
  • Diversidade limitada de eventos e de tipos de combates traz sensação de repetição;
  • O caos visual às vezes atrapalha o entendimento da ação.
Spiritfall — PC — Nota: 8.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Gentle Giant

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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