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Análise: Top Racer Collection (Multi) resgata uma das franquias mais influentes dos games de corrida com maestria

Com direito a três clássicos e uma versão inédita, o compilado traz tudo que uma boa coletânea deve apresentar aos fãs.

Top Gear é um dos jogos mais icônicos da geração 16-bits. Seja pela tela dividida repleta de carros coloridos, pela dificuldade aguda ou até mesmo pela lendária trilha sonora. Toda locadora precisava ter mais de uma cópia desse jogo, pois era certeza que seria uma das fitas mais procuradas pelos donos de Super Nintendo.

Passados mais de 30 anos, Top Gear, bem como suas sequências, ainda são títulos cultuados pelos gamers de quaisquer idades, então a QUByte Interactive fez questão de juntar todos em uma coletânea: a Top Racer Collection. O nome americano pode não ser o mesmo, devido razões de licenciamento, então foi utilizado o japonês para batizar esse trio de pérolas automotivas.

Uma trinca perfeita... Ou melhor, quarteto!

Por mais que seja sabido que a franquia contém três títulos, encontramos quatro em Top Racer Collection, o que é uma grata surpresa. São os seguintes:
  • Top Racer (1992) - O clássico supremo da turma. A corrida acontecia em tela dividida, mesmo que apenas um jogador estivesse presente. A campanha traz 32 pistas diferentes, que passam por lugares como Estados Unidos, Alemanha, Escandinávia, Peru e Brasil. Algo que adicionava uma camada de estratégia era escolher um carro baseado em seus atributos, como velocidade e uso de combustível, pois era necessário fazer pits tops no meio da corrida.
  • Top Racer 2 (1993) - A primeira sequência conseguiu duplicar o número de circuitos para 64, o que era uma variedade imensa para a época. Além disso, agora quem estivesse sozinho podia ter a tela inteira à sua disposição, sem dividir a CPU. Isso deu oportunidade para criar ambientes com muito mais detalhes. Outra novidade bacana foi a de ganhar dinheiro a cada etapa e usá-lo para aprimorar partes do carro, como pneus, motor e câmbio.
  • Top Racer 3000 (1995) - Trazia menos pistas que o antecessor (47), e retirou os Pit Stops. Agora era possível reabastecer o carro e reparar danos passando por trechos coloridos no circuito, já que agora esses estavam situados em diferentes planetas da galáxia. Como melhorias para nosso veículo, além de aperfeiçoar as partes de costume, era possível adquirir itens de habilidades, como teletransporta e pulos.
  • Top Racer Crossroads (2024) - Desde que foi anunciado de surpresa, na BGS de 2022, o que mais chamou a atenção dos jogadores foi esta versão. Trata-se do primeiro jogo, mas com os carros de Horizon Chase Turbo, da Aquiris. As pistas são as mesmas, mas temos à disposição Alpha, Carmin, Twilight e o lendário Firma. Esta versão só foi possível pois os desenvolvedores contaram com os códigos originais dos jogos, em vez de só replicar ROMs emuladas.
Pode parecer algo que não faz muita diferença, mas contar com a engenharia original dos três títulos, além do quarto ter sido feito pelo mesmo processo original dos anos 90, traz a sensação diferenciada de jogar cada um deles no próprio SNES.

É notória a diferença ao compararmos com outros compilados que trazem jogos lançados para o console da Nintendo. Top Racer Collection parece que conseguiu carregar a aura mágica daquelas corridas.

Acelerando para o futuro

Top Racer Collection recebeu um tratamento de primeira, mais consistente até mesmo que Breakers Collection, da própria QUByte. Toda a navegação inicial ganhou menus novos, que vão desde a escolha de modos de jogo até a escolha dos carros.

Ao iniciarmos a jogatina em qualquer um dos Top Racers, podemos jogar a tradicional Campanha, que nos coloca para disputar um campeonato em todas as pistas disponíveis. Também temos provas para bater o melhor tempo de cada circuito e as corridas simples, que podem ser feitas sozinho ou com um amigo.

Como novidade temos a Copa Personalizada, que nos permite criar um campeonato do zero, com até quatro etapas, podendo inclusive correr na versão espelhada de cada circuito. Todos estes modos podem ser jogados em dupla local ou online. 

Sim, é possível disputar em qualquer modalidade com jogadores ao redor do globo. Como recebemos a cópia antes do lançamento do jogo, não foi possível avaliar o desempenho das conexões, mas não deixa de ser algo empolgante poder jogar uma das fitas mais disputadas dos anos 90 contra alguém a qualquer hora e em qualquer lugar.

O único ponto incômodo nisso tudo são as diversas telas de carregamento. Sempre que trocamos de modo ou jogo elas estão presentes e na versão para o PS4, elas são um tanto quanto demoradas, mas nada de muito absurdo.

Sem virar a noite

Como se tornou um clichê em coletâneas, temos uma série de recursos que não eram possíveis ou imaginados naquela época. O mais fundamental de todos é a opção de poder salvar seu progresso a qualquer momento da Campanha.

Todos os Top Racers têm campanhas longas, que ultrapassam as cinco horas de duração. Então poder parar e descansar de vez em quando é uma boa. Entretanto, convenhamos que estes são jogos que é difícil de largar, mas todo recurso a mais é bem-vindo.

Outro que desempenha um papel fundamental é o remapeamento de botões. Diferente dos jogos de corrida atuais, em Top Racer só é preciso apertar até o fim e ir na fé. Quem é old school, pode jogar com o esquema tradicional; quem preferir pode personalizar a função de cada um deles, inclusive colocando o acelerador e o freio nos gatilhos para uma configuração mais moderna.

Para completar a nostalgia, temos os filtros de tela, que podem deixar tudo limpo e até esticado (e feio, neste caso), ou aumentar o ar da nostalgia com scanlines e tela com cantos arredondados, que nem nos televisores de tubo.

Lembram que citei no início do texto o motivo de usarem o nome Top Racer? Pois bem, temos uma galeria com scans originais das caixas dos cartuchos japoneses, além dos manuais completos. Mesmo sem saber compreender a escrita do idioma, folheei com prazer cada página dos livretos virtuais.

A única coisa que senti falta — mais por preciosismo, confesso — foi do uso de trapaças por código. É possível ter acesso a uma gama de facilidades em cada jogo, basta ganhar a campanha dele, o que é no mínimo justo.

Entretanto, há um campo para digitar senhas, mas com bem menos dígitos que as tradicionais. Quais são elas e onde podem ser conseguidas? Eis um mistério para o qual eu não encontrei resposta.

A tríplice coroa

Top Racer Collection tinha uma tarefa até que simples: tornar um marco do gênero de corrida acessível para todos. Mas o que foi visto vai além, mostrando que as três décadas de vida da franquia receberam o carinho devido e ótimos recursos atuais para juntar os fãs de Top Gear, digo, Top Racer, ao longo do globo. E ainda tem um Uno com escada em cima como a cereja do bolo!

Prós

  • A funcionalidade dos títulos tem qualidade superior a simples ports;
  • Poder remapear os botões livremente torna a jogatina mais convidativa;
  • Possibilidade de salvar a qualquer momento da Campanha;
  • Introdução de novos modos de jogo, como a Copa Personalizada e opção de aproveitar todos eles online;
  • Galeria com itens interessantes e detalhados;
  • Top Racer Crossroads traz a chance de acelerar muito em um clássico com o Carro da Firma.

Contras

  • Excesso de telas de carregamento.
Top Racer Collection — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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