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Análise: The Mobius Machine (Multi) é um metroidvania com boas ideias, mas repleto de monotonia

Entre na pele de um patrulheiro espacial que precisa sair de um perigoso planeta enquanto enfrenta sua natureza hostil.


Produzido e publicado pela Madruga Works, The Mobius Machine é um metroidvania com temática sci-fi protagonizado por um patrulheiro espacial que, após um acidente, fica preso em um planeta hostil. Sem qualquer equipamento ou ajuda, o protagonista precisará sobreviver enquanto procura um jeito de voltar ao espaço em segurança. Mesmo sem ser inovador, a obra cativa pelo bom uso de mecânicas de exploração, mas peca por apresentar um combate repetitivo.

Preso em um mundo ameaçador

The Mobius Machine nos coloca na pele de um patrulheiro espacial que recebeu um pedido de ajuda misterioso via sinal de rádio. A mensagem veio de um dos satélites do planeta Isolária e, ao chegar no local, sua nave perde o controle e é destruída na queda. Agora, equipado com uma arma laser e sem qualquer outro tipo de auxílio, o protagonista precisa explorar o planeta para descobrir uma forma de sair de lá.

Perto do local da queda, encontramos a torre de onde o sinal de rádio foi enviado. No entanto, o caminho está bloqueado por portas de metal que só podem ser abertas em terminais específicos espalhados pelas sete áreas do satélite. Sendo assim, nosso objetivo passa a ser encontrar esses terminais para assim descobrir a fonte do pedido de ajuda e usar os aparelhos disponíveis para mandar um sinal de ajuda.




The Mobius Machine possui uma estrutura tradicional de metroidvania, em que desbloqueamos novas habilidades que possibilitam explorar o mapa de diferentes maneiras. O astronauta, a princípio, consegue apenas pular, mas aos poucos ele passa a ter a capacidade de nadar, planar, escalar paredes e utilizar o propulsor em suas costas para se locomover mais rapidamente.

A sensação de estar perdido é constante. O mapa é liberado à medida que encontramos os terminais, mas, até isso acontecer, somos guiados apenas por pequenas placas que indicam pontos de salvamento, locais de viagem rápida e os terminais propriamente ditos. Por conta disso, foram incontáveis as vezes em que fiquei rodando em círculos até encontrar caminhos viáveis.




No início, essa situação me deixou incomodado. As primeiras horas de jogo se tornaram muito monótonas, pois eu não sentia progresso com as minhas ações. As novas habilidades só são desbloqueadas quando derrotamos os chefes — há um em cada área — e a pouca orientação disponível não me ajudava a encontrá-los. Para se ter ideia, eu cheguei a explorar as três áreas iniciais quase inteiras antes de desbloquear novos métodos de locomoção.

Conforme a campanha foi se desenvolvendo e novas habilidades e desafios foram surgindo, passei a apreciar essa desorientação. Pensando na proposta de um astronauta perdido em um local desconhecido, comecei a me sentir mais imerso na aventura e instigado por aquele planeta misterioso que explorava.



Um mundo sci-fi pouco elaborado

Sendo um metroidvania, The Mobius Machine apresenta um mapa com diferentes áreas ligadas entre si por corredores e salas. Cada bioma possui uma temática diferente: temos desertos, minas subterrâneas, fundo de rios, instalações espaciais e florestas. Estruturalmente, todas as sete áreas são semelhantes, possuindo desafios de plataforma e inimigos, mas com diferenças na utilização das novas habilidades.

Enquanto as três primeiras áreas acabam sendo as mais monótonas, repetindo desafios de plataforma e inimigos entre si, as demais se aproveitam das habilidades de nado e planagem para diversificar sua estrutura. Destaco o Lago Subterrâneo, que impede que o astronauta salte e altera a movimentação por conta da água. Esse bioma é o mais desafiador e interessante de todo o jogo, pois é o único que realmente faz algo diferente.




A sensação de repetição inicial é reforçada pela reutilização de muitos elementos dos cenários. As rochas não apresentam tanta variação, as instalações espaciais são sempre idênticas e todo o mapa é recheado de uma espécie de glóbulos gigantes que servem para criar os desafios de plataforma. Eles possuem diferentes variedades que explodem, somem ao ser tocados e até se movimentam pelo ar.

Isso daria um desânimo grande para explorar se não fossem as recompensas espalhadas por todos os lados. Podemos encontrar, por exemplo, diagramas que fornecem melhorias ao patrulheiro, como aumento de vida e maior dano das armas. Mesmo que não sejam elementos obrigatórios para avançar na campanha, eles facilitam bastante nossa vida, principalmente contra os chefes, que exigem mais dos jogadores.

Por fim, vale destacar o problema da marcação dos mapas no menu. Com a grande quantidade de diagramas — muitos deles só podem ser acessados com habilidades específicas —, salas secretas e caminhos alternativos, um sistema de marcação eficiente é fundamental para não nos deixar confusos. The Mobius Machine possui apenas um tipo de marcador: uma seta azul. O mínimo que eu esperava eram cores diferentes para que eu pudesse diferenciar o elemento que eu estava marcando ou que habilidade eu precisaria naquele trecho.



Atire, atire e atire

O sistema de combate de Mobius Machine é bem simples. O patrulheiro possui apenas uma arma laser que atira projéteis em linha reta para derrotar seus inimigos. Ao longo da campanha, novos padrões de tiros são desbloqueados, com alteração de cadência, alcance e trajetória. Ainda assim, essa diversidade é fraca e deixa o combate monótono.

Essa sensação é reforçada pela pouca variação de inimigos. Muitos deles se repetem entre os biomas, modificando a paleta de cores e a quantidade de vida, e, mesmo quando não são iguais, compartilham características entre si. O bioma aquático é mais único nesse sentido, pois sua fauna é mais exclusiva em relação às outras. Um destaque que vale mencionar são os chefes. No geral, eles são versões maiores e mais poderosas de inimigos comuns, mas com algumas particularidades que os deixam divertidos e desafiadores.



Um metroidvania pouco inspirado

The Mobius Machine tem algumas ideias bem-executadas. A parte de exploração é divertida graças às habilidades disponíveis, que modificam a nossa movimentação de maneira considerável. Além disso, os segredos espalhados, como salas secretas e diagramas de melhorias, nos motivam a navegar pelo mundo, mesmo que não nos levem ao objetivo final diretamente.

No entanto, o combate deixa muito a desejar. As variedades de projéteis são desinteressantes e não ajudam a diversificar os enfrentamentos, e há pouca variedade de inimigos — E quando há, eles possuem padrões de ataque e movimentação idênticos a outros. Ainda assim, acredito que vale a recomendação para quem gosta de uma exploração mais desafiadora e não vai se incomodar com esses problemas.

Prós

  • À medida que desbloqueamos novas habilidades, a exploração se torna prazerosa e desafiadora;
  • As batalhas contra os chefes são o ponto alto do combate;
  • A pouca orientação disponível aumenta a sensação de estar perdido, o que ajuda na imersão.

Contras

  • As primeiras áreas possuem estruturas parecidas e deixam a aventura monótona;
  • Mesmo com as diferentes armas disponíveis, o combate é repetitivo;
  • Pouca variedade de inimigos;
  • O sistema de marcação dos mapas poderia ser melhor elaborado.
The Mobius Machine — PS5/XSX/PC — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Madruga Works


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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