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Análise: Star Wars: Dark Forces Remaster (Multi) revive um clássico mantendo sua essência

Um clássico dos FPS da década de 1990 retorna com melhorias para se adequar aos padrões de jogabilidade atuais.

Em uma década não tão distante os computadores pessoais não eram tão difundidos como hoje, principalmente devido a questões econômicas. Entretanto, isso não impedia que os proprietários dessas máquinas desfrutassem de momentos de lazer diante das icônicas telas de tubo que possuíam.

Os jogos de tiro em primeira pessoa foram proeminentes na década de 1990, sendo um dos principais gêneros apreciados pelos usuários de computadores. O revolucionário DOOM, juntamente com outros títulos notáveis como Quake e Duke Nukem, deixaram suas marcas e estabeleceram os alicerces de um dos gêneros mais populares dos videogames.

Entre esses expoentes e inúmeros outros jogos que se beneficiaram dessa revolução, a LucasArts também apostou nesse gênero e lançou seu primeiro jogo de tiro em primeira pessoa em 1995. Star Wars: Dark Forces não foi apenas o precursor nos jogos do gênero produzidos pelo estúdio, mas também se tornou o pioneiro de uma nova franquia, introduzindo um herói inédito e ampliando significativamente o universo criado por George Lucas.


Quase 30 anos depois, somos agraciados com o retorno deste icônico título que contribuiu para o crescimento dos jogos de PC naquela época. Star Wars: Dark Forces Remaster chega com gráficos e jogabilidade aprimorados, preservando sua essência praticamente intocada não apenas para satisfazer os jogadores que viveram essa nostálgica época, mas também para atender aos padrões de jogabilidade necessários para manter o título relevante nos dias atuais.

Um mercenário contra o Império

Situado após os eventos de "Uma Nova Esperança" (Episódio IV), Dark Forces narra a história de Kyle Katarn, um ex-oficial do Império Galáctico que desertou e agora trabalha como mercenário para a Aliança Rebelde. Em sua última missão com os rebeldes, Kyle é encarregado de uma missão de reconhecimento em uma base imperial que se acreditava estar inativa após a destruição da Estrela da Morte.

Para surpresa de Kyle e dos rebeldes, os imperiais ainda estão em atividade no local, trabalhando em um projeto chamado Dark Troopers: droides aprimorados com blindagem e armamentos avançados, capazes de aniquilar postos e bases rebeldes sem enfrentar resistência. Uma versão desse conceito foi apresentada no final da segunda temporada da série "The Mandalorian", do Disney+.


Temendo o avanço do projeto, a líder da resistência rebelde Mon Mothma pede a Kyle, com a ajuda de sua amiga Jan Ors, que investigue mais sobre ele e faça o possível para impedir que os imperiais o concluam. Caso contrário, isso resultaria no fim iminente do conflito civil na galáxia, deixando-a vulnerável ao domínio do Império.


Apesar de ter sido apelidado de "DOOM com skin de Star Wars" na época, é inegável que Dark Forces compartilha algumas semelhanças com o famoso jogo de John Romero. No entanto, o jogo apresenta uma dinâmica mais elaborada, já que o objetivo não se limita a percorrer o mapa de um ponto a outro. Enquanto enfrenta as forças imperiais, Kyle precisa cumprir objetivos específicos em cada fase para avançar na missão e progredir na história.

Além da jogabilidade ágil e rápida que inclui o uso de armas icônicas da saga Star Wars e a exploração de localidades inspiradas em mundos conhecidos, Dark Forces se destaca por sua narrativa, uma marca registrada dos jogos da LucasArts.

O jogo foi um dos primeiros da época a apresentar cutscenes entre as fases, o que contribui para a imersão do jogador no vasto universo de Star Wars. A dublagem de alguns personagens, incluindo o vilão Darth Vader, enriquece ainda mais essa experiência, adicionando mais valor ao jogo.


Dark Forces vendeu mais de 320 mil cópias no ano de seu lançamento e ocupou a 11ª posição dos jogos de computador mais vendidos no período de 1993 a 1999, somando cerca de 952 mil cópias vendidas. Ele foi o pontapé inicial de uma franquia que originou novelizações em livros e uma sequência direta em 1997: Star Wars Jedi Knight: Dark Forces II.

A Força do remaster

Star Wars: Dark Forces Remaster traz de volta o clássico de 1995 com melhorias significativas nos gráficos e na jogabilidade. A remasterização da jornada de Kyle Katarn oferece suporte para resoluções de até 4K e taxas de atualização de até 120fps, apresentando modelos de texturas em alta definição que passaram por um tratamento especial para aprimorar a apresentação do jogo.

Os efeitos de iluminação também foram melhorados, proporcionando um acabamento superior, especialmente em ambientes fechados ou com pouca luz, nos quais os tiros de blaster muitas vezes são a única fonte de iluminação. As cutscenes foram refeitas e, em algumas cenas, receberam um tratamento especial usando tecnologia de modelagem 3D para exibir com mais detalhes alguns elementos das cenas.


Uma funcionalidade interessante é a capacidade de alternar em tempo real entre o modo de renderização remasterizado e o original de 1995. Isso permite aos jogadores que experimentem o Dark Forces original com suas características peculiares, como pixels visíveis, baixa resolução e formato de tela reduzido, enquanto desfrutam das melhorias da remasterização.

A jogabilidade foi completamente revisada para atender aos padrões atuais, oferecendo uma experiência mais fluida e dinâmica. Agora, os jogadores têm a capacidade de mirar para cima e para baixo, além de uma nova função de roda de armas que facilita a seleção de equipamentos. Além disso, Dark Forces Remaster marca a estreia do jogo nos consoles atuais, com funcionalidades adaptadas para controles, permitindo uma experiência suave mesmo para aqueles que preferem jogar com controle em vez de teclado e mouse, inclusive no PC.


No entanto, o remaster não traz muitas melhorias além disso. Não há uma trilha sonora refeita ou conteúdo novo significativo. A única adição real é uma galeria com informações sobre o desenvolvimento do jogo e um nível jogável nunca antes lançado chamado "The Avenger", que era um protótipo da primeira missão do jogo. Esse nível não foi incluído na versão final devido à sua dificuldade considerável, que poderia afastar os jogadores e impactar as vendas.

A trilha sonora e os efeitos sonoros permanecem os mesmos da versão original, e algumas novas versões das músicas poderiam ter sido um adicional bem-vindo para complementar as melhorias nos gráficos e na jogabilidade. É uma pena que esse aspecto não tenha recebido atenção.

Um clássico renovado

Star Wars: Dark Forces Remaster é uma bem-vinda homenagem ao clássico de 1995, oferecendo uma experiência atualizada para os fãs da saga. Embora apresente melhorias notáveis, como gráficos aprimorados e jogabilidade revisada, a falta de adições substanciais pode deixar alguns jogadores desejando mais inovações. No entanto, para os que buscam reviver as aventuras de Kyle Katarn em uma galáxia distante, esta remasterização certamente entrega uma jornada satisfatória em um capítulo relevante do que já foi o universo expandido de Star Wars.


Prós

  • Melhorias visuais e gráficas significativas;
  • Jogabilidade revisada para atender aos padrões modernos;
  • Capacidade de alternar entre o modo remasterizado e o original, permitindo apreciar a experiência clássica sem abrir mão das melhorias modernas.

Contras

  • Som e músicas não tiveram o mesmo nível de melhorias que gráficos e jogabilidade;
  • Com exceção do nível extra ‘The Avenger’, não há nenhum conteúdo adicional para agregar mais valor ao produto.
Star Wars: Dark Forces Remaster — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia cedida pela Nightdive Studios

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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