Jogamos

Análise: Backpack Hero (PC/Switch) testa nossa astúcia em um roguelike viciante

Não basta ter sorte, é preciso ser organizado para vencer os desafios nesta aventura peculiar.

Se você tem TOC com organização, Backpack Hero será uma verdadeira terapia para você. Na análise a seguir vamos conhecer um pouco mais deste interessante roguelike que usa os fundamentos dos jogos de construção de baralhos em uma execução um pouco diferente. Arrume sua mochila, pois está na hora de saber um pouco mais sobre Backpack Hero.

Bolsa e a mochila mágica

Bolsa, uma ratinha destemida, recebeu um intrigante artefato enquanto explorava as masmorras próximas ao desolado vilarejo de Haversack Hill. Ela descobriu uma mochila mágica que tinha a capacidade de expandir seu tamanho e armazenar uma variedade de coisas, desde armas até itens e, especialmente, os despojos que podia vender na cidade.

Ao perceber o potencial desse curioso instrumento, Bolsa decide usar suas descobertas para trazer prosperidade a Haversack Hill, vendendo os saques e outros itens valiosos que encontra nas masmorras. Além desse objetivo, ela também busca descobrir o paradeiro de sua mãe, que desapareceu há algum tempo.

A trama principal de Backpack Hero se desenrola à medida que Bolsa explora os labirínticos corredores cheios de inimigos e eventos, conseguindo, assim, impulsionar o progresso de Haversack Hill. Com o tempo, outros personagens se juntam à causa de Bolsa, e, fazendo uso da fabulosa mochila mágica, contribuem de maneira única para proporcionar aos jogadores experiências envolventes em um roguelike no mínimo peculiar.

Organize-se para vencer

Backpack Hero é um roguelike que se baseia nos princípios dos jogos de construção de baralhos, mas o faz de maneira única. Ao invés de cartas, Bolsa coleta itens que devem ser organizados em sua mochila para serem usados durante suas explorações pelas masmorras.

A essência da jogabilidade reside na organização dos itens na bolsa, não sendo apenas um detalhe, mas sim crucial para o sucesso de Bolsa em suas empreitadas. Muitos dos itens possuem características especiais que dependem da forma como são dispostos na mochila para receberem bônus ou acionarem efeitos especiais.

Cada vez que Bolsa triunfa numa batalha ou encontra um baú de tesouros, recebe diversos itens, mas só pode escolher uma quantidade limitada para adicionar ao seu inventário antes de prosseguir na masmorra. Conforme a ratinha avança de nível, é possível expandir o tamanho da mochila para carregar mais objetos. É responsabilidade do jogador decidir como a bolsa cresce para acomodar os diferentes tamanhos e formatos dos objetos encontrados.


Espadas, escudos, poções, armaduras, relíquias, acessórios e uma variedade de outros itens oferecem diferentes combinações de organização para ativar distintos efeitos para Bolsa. Cabe ao jogador ser criativo e astuto na escolha do que priorizar, seja armas poderosas, armaduras defensivas, poções disruptivas para os inimigos, e outras combinações que dependem, em parte, da sorte, já que surgem de forma aleatória.

Se o modo história não é seu forte, ainda há um modo de jogo rápido com Bolsa e outros quatro personagens, cada um com um estilo único de jogo para nos desafiar de inúmeras maneiras neste viciante universo. Caso o progresso no jogo, que é relativamente lento, já estiver te cansando, recomendo fortemente jogar algumas partidas neste modo.

Saque dali, prospere de cá

A cada incursão bem-sucedida, Bolsa retorna das masmorras com despojos que podem ser vendidos na cidade, trocando-os por recursos para revitalizar o local. No começo do jogo, o local está em ruínas, com casas destruídas e poucos habitantes restantes. Conforme o tempo passa e exploramos mais masmorras, Bolsa obtém despojos valiosos para vender, garantindo recursos para reconstruir a cidade e impulsionar a história principal.


À medida que Haversack Hill se desenvolve, Bolsa aumenta os bônus de recursos que recebe para o crescimento da cidade, obtendo-os ao progredir em suas expedições, além de ter acesso ao desenvolvimento de novos itens para encontrar em suas aventuras. Esses itens são cada vez mais exóticos e peculiares, e, como mencionado anteriormente, podem ser incrivelmente poderosos quando organizados corretamente na mochila mágica.

Com o crescimento da cidade, novas estruturas se tornam disponíveis para construção conforme novos moradores chegam. Esses recém-chegados trazem consigo novas missões para Bolsa, expandindo o ciclo de expedições da ratinha. Essa contínua ida e volta às masmorras em busca de recursos e itens para aprimorar ainda mais suas posses e impulsionar a cidade é o que nos mantém engajados no jogo por longas horas.

Simples, porém complexo

Backpack Hero nos leva de volta à nostalgia com seus gráficos pixelados e uma trilha sonora que evoca os dias do Super Nintendo. A arte e os sons do jogo facilmente nos transportam para aquela época em que os boletos não eram tão assustadores como hoje. Para um jogador veterano como eu, esse aspecto realmente me tocou.

A jogabilidade é incrivelmente simples e intuitiva, especialmente no PC. Apenas com o mouse, você pode realizar todas as atividades do jogo, desde selecionar e girar itens até se movimentar pelo mapa e conversar com os personagens.


No entanto, essa jogabilidade descomplicada esconde um jogo complexo à primeira vista. O que torna esse jogo único é justamente a mecânica de organização do inventário. No começo, Bolsa tem acesso a itens simples, que requerem apenas um espaço adequado na mochila.

À medida que avançamos e ganhamos acesso a itens mais específicos, a disposição deles na bolsa se torna crucial para transformar uma simples espada em uma arma incrivelmente poderosa, ou um escudo de espinhos em um item que pode salvar sua vida no último segundo.

As batalhas são em turnos e cada ação consome pontos de energia. Alguns itens, como determinadas adagas, não consomem energia, mas possuem regras específicas, como serem utilizadas apenas como ação final ou quando Bolsa não tiver outros itens de uma categoria específica.

Certos itens possuem regras para serem posicionados na mochila. Capacetes e elmos, por exemplo, ativam seus atributos apenas quando colocados na parte superior. Itens pesados devem ficar no fundo, enquanto os flutuantes ocupam a parte de cima. Algumas armas perdem eficácia se estiverem próximas a outras, enquanto armaduras concedem bônus de defesa ou dano se outros itens de um tipo específico estiverem próximos.


São inúmeras possibilidades que dependem da habilidade do jogador em organizar corretamente o inventário. Essa característica torna Backpack Hero único e viciante. Porém, também traz alguns detalhes que complicam a jogabilidade, como a necessidade frequente de consultar o glossário para entender ícones ou condições específicas ao invés de fornecer pequenos resumos destes apenas ao estacionar o cursor na tela do item.

A dificuldade dos inimigos rapidamente se torna desafiadora à medida que avançamos nas masmorras. Na segunda área, enfrentamos três ou quatro adversários simultaneamente. Se não estivermos preparados, a derrota pode chegar em poucos turnos, resultando na perda de um progresso promissor.


O jogo carece de um local específico para rastrear o progresso, limitando-se ao número de missões concluídas e itens coletados na tela de seleção do jogo. Esses pequenos detalhes podem ser observados ao analisar o cenário geral do jogo, não sendo necessariamente ruins, mas ainda merecendo alguma atenção, especialmente considerando o gênero viciante do roguelike.

Organizado e viciante

Backpack Hero mergulha os jogadores em uma experiência nostálgica, com sua estética pixelada e trilha sonora que evoca os dias dos consoles clássicos. A jogabilidade simples esconde uma complexidade intrigante na mecânica de organização do inventário, tornando cada escolha crucial para o sucesso nas masmorras.

No entanto, alguns detalhes, como a necessidade frequente de consultar o glossário e a falta de um sistema de rastreamento de progresso mais robusto, podem deixar a experiência um pouco engessada, mas sem comprometer muito nosso aproveitamento do jogo.

Prós

  • Estética nostálgica que remete a jogos clássicos;
  • A mecânica de organização do inventário adiciona uma profundidade estratégica considerável;
  • Jogabilidade intuitiva, especialmente no PC;
  • O desenvolvimento da cidade adiciona um novo ritmo com uma sensação de impacto no mundo do jogo;
  • Imensa variedade de itens e combinações, oferecendo múltiplas abordagens estratégicas.

Contras

  • Informações sobre status poderiam ser exibidas de forma mais eficiente;
  • Falta de um sistema de rastreamento de progresso mais detalhado, limitando-se ao número de missões concluídas e itens coletados;
  • Dificuldade rápida e desafiadora dos inimigos nas masmorras, o que pode frustrar jogadores menos preparados;
  • Falta de um guia explícito ou modo de treino para compreensão de certas mecânicas mais complexas.
Backpack Hero — PC/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D’Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Different Tales

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google