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Análise: The Last Faith (Multi) é uma sangrenta aventura soulslike por um mundo em ruínas

Mesmo com uma dificuldade elevada, este jogo consegue ser acessível para jogadores que não estão acostumados com o gênero souls.


Produzido pela Kumi Souls Games e publicado pela Playstack, The Last Faith é um metroidvania soulslike ambientado em um mundo medieval tomado por maldições e pessoas corruptas que buscam apenas o poder. No controle de Eryk, um prisioneiro tomado por uma maldição, precisamos explorar o seu vasto mundo em busca de salvação antes que tudo seja destruído pelas divindades.

O fim está próximo

Em The Last Faith, temos um mundo em decadência no qual apenas a corrupção e a enganação prevalecem, assim como os falsos profetas, que prometem a salvação de sua alma diante do iminente fim. Nesse contexto, estamos no controle de Eryk, um prisioneiro portador da maldição de Nycrux que resolveu se rebelar contra as divindades e procurar uma solução para o mal que o consome.

O mundo em que viajamos possui uma forte inspiração na época medieval. Além da arquitetura gótica espalhada pelas casas, cemitérios e castelos que visitamos, os personagens estão trajados com vestimentas referentes à época, além de possuírem um vocabulário muito culto e rebuscado.




A história se desenvolve majoritariamente a partir de diálogos com os diversos NPCs que encontramos pelo caminho. Além de nos contextualizarem, eles nos fornecem ajuda com dicas valiosas, vendendo itens e aumentando o nível do protagonista, por exemplo. Vale ressaltar que o jogo se encontra todo legendado em português, o que aumenta a nossa imersão na aventura.

Ainda há outras características que ajudam a aumentar a imersão do jogador. A trilha sonora é uma delas, com momentos que variam do silêncio absoluto até músicas épicas durante as batalhas contra os chefes. Os gráficos em pixel art também criam fases belíssimas, deixando-as com uma aparência melancólica e opressora. Além disso, há muitos documentos e missões secundárias que nos dão um contexto maior da história do mundo e seus personagens.



Cuidado, pois cada movimento conta

Apesar de ser um soulslike, The Last Faith possui um combate mais ágil e amigável do que o esperado para os jogos do gênero, mas sem deixar a característica metódica de lado. Para começar, Eryk é capaz de portar diferentes armas, como espada, machado, lança e chicote, as quais desbloqueamos ao longo do jogo. Cada uma fornece uma dinâmica diferente, variando atributos como dano, alcance e cadência dos ataques. Além disso, o protagonista também pode executar magias arcanas com efeitos variados, assim como arremessar itens como bombas e projéteis.

Parte da dinâmica dos soulslike está presente no jogo: nossa movimentação é lenta e nossos ataques e esquivas precisam ser bem calculados para finalizar os inimigos rapidamente sem sofrer muito dano. Mas uma característica ausente é a tradicional barra de estamina, que normalmente controla a quantidade de ações que podemos realizar. Sem esse limitador, o combate se torna mais acessível, prático e dinâmico.




Somando a quantidade de armas e habilidades com essa praticidade, temos um jogo que consegue entregar o desafio e a dificuldade acentuada tradicional do gênero de uma forma mais agradável para jogadores que, assim como eu, não gostam muito de soulslike. Mas isso também se dá pela vasta quantidade de inimigos que encontramos, pois eles conseguem extrair ao máximo nossas habilidades e nos forçam a pensar em diferentes estratégias para progressão sem que tenha aquela sensação de injustiça.

O mesmo vale para os chefes, um dos principais pontos positivos do jogo. Nesses casos, o combate toma proporções muito maiores, além de criar situações únicas que nos exigem precisão e criatividade. Dominar o uso de cada item, arma e habilidade é essencial para conseguir prosseguir na campanha. 



Explorando com dificuldade um belíssimo mundo gótico

Se o combate é um ponto alto de The Last Faith, a sua exploração deixa a desejar em alguns aspectos. Por ser um metroidvania, o backtracking é constante, principalmente porque desbloqueamos habilidades que nos dão acesso a novas áreas. Mas como a movimentação de Eryk está voltada para o combate soulslike, transitar pelas áreas se torna um pouco custoso graças a sua baixa agilidade.

O jogo ainda possui muitos desafios de plataforma, o que está longe do ideal para o tipo de movimentação do protagonista. Os saltos de Eryk são imprecisos e, em muitos casos, desviar de armadilhas e pular entre plataformas são atividades desnecessariamente punitivas. Por possuir uma margem de erro pequena, não foram poucas as vezes que morri por errar um salto simples.

Apesar desses problemas, as fases são bem construídas e contam com inimigos, armadilhas e mecânicas únicas para cada ambiente. A diversidade de desafios é um ponto muito positivo, pois frequentemente estamos expostos a perigos diferentes que afastam aquela sensação de repetição.



Bom para um lado, mas nem tanto para o outro

The Last Faith é um jogo muito competente que consegue entregar uma experiência soulslike desafiadora e acessível na mesma proporção. A ausência de um limitador de movimento deixa a experiência mais dinâmica e divertida, principalmente para quem não possui familiaridade com esse tipo de controle. 

No entanto, para quem procura uma experiência metroidvania, ele deixa a desejar, pois a exploração do mapa é custosa por conta das características de movimentação do protagonista. Mesmo com esse problema, ele é mais que recomendado tanto para quem procura algum jogo de entrada para o gênero souls quanto para quem já é experiente.

Prós

  • A ambientação gótica e opressora é ressaltada com os gráficos e a trilha sonora;
  • As diferentes armas, itens e habilidades permitem que os jogadores elaborem diferentes abordagens de combate; 
  • As batalhas contra os chefes são épicas e desafiadoras;
  • A ausência da barra de estamina deixa o jogo mais acessível e dinâmico.

Contras

  • A mobilidade do protagonista não é a melhor para realizar o backtracking;
  • Superar os desafios de plataforma costuma ser frustrante por conta da imprecisão dos saltos.
The Last Faith — PS5/PS4/XSX/XBO/Switch/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Playstack


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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