Vem aí

Prévia: Star Ocean: The Second Story R (Multi) promete reviver o maior título de uma série clássica de JRPG que precisa de incentivos

Após 25 anos, o terceiro lançamento da aventura de Rena e Claude tem tudo para ser o melhor.


Se a série Star Ocean hoje tem dificuldades para conseguir um título de destaque no meio dos JRPG, no passado, antes da sua dona Enix se fundir à Squaresoft, a situação foi bem diferente. Tive contato com a franquia pela primeira vez em uma revista Gamers (n. 42, de 1999, uma edição lotada de jogos bons à época), que comprei para ler a análise de Grandia. Na sequência vinha uma loooonga review de outro JRPG que eu não conhecia, mas que me impressionou muito: Star Ocean: The Second Story.

A introdução do texto já impressionava ao falar do primeiro jogo, lançado em 1996 apenas no Japão, mesmo sendo um colosso digno de 48MB, o segundo maior cartucho do Super Famicom (ou SNES, como o conhecemos aqui no Ocidente). Isso mostrava como a série almejava a grandeza.

The Second Story chegou dois anos depois, em 1998. O lançamento no PlayStation tinha todo um aspecto de blockbuster daquela geração: dois discos, dois protagonistas, doze personagens jogáveis em batalha, muito conteúdo opcional que levava a mais de 80 possibilidades de finais, cenas computadorizadas, belos cenários pré-renderizados que apenas os grandes títulos ostentavam e mais de 1.200 falas dubladas em inglês! Não eram exatamente diálogos encenados e sim pequenas falas de combate e interjeições, mas ainda colocava The Second Story em um grupo raro na época.




Ambos os jogos ganharam versões de PSP em 2007 e 2008, respectivamente. No caso do primeiro título, o relançamento foi um remake completo, totalmente inspirado em levá-lo ao patamar de sua famosa sequência. Por sinal, sequência direta, uma vez que o segundo trouxe como protagonista o filho do casal que lidera o primeiro.

Muito tempo depois, as repaginadas do portátil da Sony chegaram ao PS4, mas, por algum motivo misterioso, foi a vez da sequência sofrer a antiga sina de seu antecessor e ser lançada apenas no Japão.  Finalmente, em 2 de novembro deste ano, esse erro será reparado em grande estilo, pois Star Ocean: The Second Story ganhará uma letrinha a mais em seu título, um R de Remake. Veremos a seguir o que podemos esperar desta nova velha aventura pelo oceano de estrelas.



Conferindo em primeira mão

Sendo um remake, a lista de mudanças é grande, mas ainda vemos claramente o jogo original por baixo de todas as camadas de procedimentos estéticos. Os ângulos, a arquitetura, o design de personagens, as skills, as centenas de itens e as batalhas frenéticas em tempo real, nas quais se controla apenas um personagem por vez enquanto os demais são controlados pela I.A. Todo o DNA da fonte é imediatamente reconhecível, mas as adaptações e melhorias são as justificativas para um retorno nesse estilo.

Além das informações divulgadas, qualquer um pode conferir uma amostra em primeira mão, pois o jogo recebeu uma farta demonstração em todas as plataformas. A demo permite jogar três horas da campanha principal ou até atingir certo ponto da história, em Krosse Cave, o que vier primeiro. Há ainda a limitação de subir os personagens até o nível 12, mas, de resto, esse trecho corresponde integralmente ao começo da jornada e o arquivo de salvamento poderá ser aproveitado no jogo completo sem qualquer perda.

Jogando a demo, podemos ver melhor o que os trailers já mostram: gráficos refeitos, ajustes nos sistemas de batalha e melhorias de qualidade de vida. Vamos conferir um pouco desses três pontos?



A segunda evolução

Quando falamos de remakes, um dos pontos centrais são os visuais, certo? Os gráficos 3D dos cenários se misturam aos sprites pixelizados de personagens para remeter a uma modernização do antigo sistema de fundos pré-renderizados do PS1, aquele estilo que parece uma imagem estática de um modelo computadorizado.

A luz dinâmica cria sombras mais presentes, a vegetação balança ou é amassada pelos passos dos personagens e as partículas voam pelo ar, mas não tem como não notar o grande serrilhado nas bordas de vários elementos, principalmente quando a câmera está em movimento. Mesmo assim, há as partes que fisgam o olhar de quem joga, como as ruas das cidades e as cores cristalinas do mar.

Muitas melhorias de qualidade de vida foram implementadas para se adequar a capacidades modernas. O salvamento automático é uma delas e vem somar ao salvamento manual em locais específicos, como nos velhos tempos. Posso citar também o minimapa e os botões de atalho para cura de combate e acessar o menu de itens. Acrescente ao pacote a capacidade de acelerar as cenas e o log que registra os últimos diálogos, algo importante em jogos com tanto texto como um JRPG.




A melhor mudança, para mim, é o fim das batalhas aleatórias. Eu já detestava esse sistema na época do original e o sentimento não mudou. A solução para The Second Story R foi tornar os inimigos visíveis, na forma de criaturas gasosas. Você pode evitá-las em boa parte do tempo, mas encostar nelas leva ao cenário de luta. A quantidade de batalhas engajadas dependerá, em grande parte, da vontade do jogador.

Vários sistemas de batalha entraram nas arenas junto com os personagens. Há uma mecânica de guarda do inimigo que, uma vez quebrada, o deixa atordoado e vulnerável aos seus ataques. Também foi acrescentado um botão para esquivar; se apertado em sincronia com o ataque do oponente, permite um contra-ataque vantajoso com recuperação de MP, mas, se você errar, é a sua guarda que será quebrada.



Contagem regressiva para a decolagem

Faltam poucos dias para o lançamento de Star Ocean: The Second Story R. Sendo sincero, as melhorias são até mais do que eu esperava para uma série que está em declínio de relevância há vários anos, com dois lançamentos mornos em Integrity and Faithlessness  e The Divine Force, respectivamentes o quinto e o sexto títulos.

O retorno do título mais forte da franquia, ainda que em produção muito mais humilde que os carros-chefe da Square Enix, traz sinais de capricho e dedicação, características que muitas vezes preferimos nem esperar para não criar expectativas que podem ser frustradas mais tarde.

Eu joguei Star Ocean: The Second Story no PS1 e no PSP e, agora, nutro boas expectativas para curtí-lo novamente, refeito para plataformas modernas após longos 25 anos desde seu primeiro lançamento. Para terminar, ique com o trailer do jogo e a bela abertura em anime com J-rock que conta com a presença de todos os carismáticos personagens jogáveis.


Star Ocean: The Second Story R — PS4/PS5/PC/Switch
Desenvolvedora: Square Enix, Gemdrops
Gênero: JRPG
Lançamento: 2 de novembro de 2023
Expectativa: 5/5

Admiro videogame como uma mídia de vasto potencial criativo, artístico e humano. Jogo com os filhos pequenos e a esposa; também adoro metroidvanias, souls e jogos que me surpreendam e cativem, uma satisfação que costumo encontrar nos indies.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google