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Análise: The Crew Motorfest (Multi) encontra autenticidade sem inovar no gênero

Game acerta tom apostando em uma experiência de mundo aberto com alta diversidade.


Cinco anos depois do lançamento de seu antecessor, The Crew Motorfest encerra a espera dos fãs de uma das franquias mais diversas dos jogos de automobilismo. Desde seu primeiro título, a série busca equilibrar a experiência clássica da corrida marcada por elementos de mundo aberto, aventura e até mesmo RPG enquanto alterna entre veículos  com o auxílio de um mapa de escala titânica.

Para o terceiro game, a Ubisoft apostou em um mapa menor, um sistema dinâmico de atividades e um estilo arcade que com certeza vai agradar o grande público. Tudo com aquele toque característico que faz você amar (ou odiar) a desenvolvedora francesa.

Bem-vindos à O‘ahu



Motorfest encontrou equilíbrio apostando no famoso “menos é mais”. O mapa da ilha de  O‘ahu no Havaí é menor que seus antecessores mas esbanja beleza e carisma. Mesmo não tendo a famosa escala de 1x1, o terreno abriga formas diversas de biomas, respeitando a geografia do local real e ressaltando a cultura havaiana em cada ponto de interesse. 

O design de cada canto da ilha consegue aproveitar o melhor de cada tipo de veículo que o jogo oferece. As terras vulcânicas são ótimas para as corridas de Rally, a costa de águas claras é excelente para os barcos e as curvas estreitas de Honolulu são o palco ideal para as corridas de rua.

Tudo isso soma-se ainda ao momento em que você ganha altitude com o avião, podendo observar toda a beleza e exuberância do destino paradisíaco que a Ubisoft selecionou para esse título. Mesmo com gráficos menos realistas do que alguns concorrentes do mercado, Motorfest encontra nas belezas naturais a força para encantar até os jogadores mais exigentes.

Terra, ar e mar



Ter diversos veículos no mesmo jogo é característica marcante de The Crew, e obviamente esse recurso não poderia ficar de fora de Motorfest. Mais uma vez o jogador pode se aventurar pelo Havaí com carros, separados em diferentes Tiers que vão desde os de rua, passando por veículos de rally e chegando até aos potentes carros de Fórmula 1. As motos estão de volta também com suas diferentes categorias, além das lanchas e aviões. 

Toda diversidade de escolha de veículos também se aplica aos modos de jogo. Pode ser um pouco opressivo no começo para entender todos os sistemas, mas aos poucos o jogo te explica como cada setor funciona. 




O principal são as Playlists, 15 mini campanhas que têm temáticas, estilos e veículos únicos na hora de jogar. Para exemplificar existe a “Hawaii Scenic Tour”, uma playlist voltada para quem quer explorar as belezas da ilha sem se preocupar com a posição no pódio. “Made in Japan” é para quem adora a cultura de carros japoneses, drift e corridas no melhor estilo “Desafio em Tóquio”. E por fim uma das minhas favoritas que é “Motorspots”, focada nas corridas de Fórmula 1 com direito a campeonato e pódio. 

Outra boa sacada foi trazer a participação de influencers do meio automobilístico para agregar a estas experiências. Donut Media, famosos por seus vídeos de customização e corridas de rua, tem uma playlist especial com a participação do canal em desafios personalizados, assim como a famosa Supercar Blondie, que apresenta os carros mais monstruosos e sofisticados da atualidade.




Além das playlists, existe o Main Stage, que apresenta uma temática mensal dividida em três tipos de desafios distintos. O Summit Contest propõe competições temáticas toda semana, prometendo recompensas generosas para os jogadores que alcançarem as pontuações mais altas. O Custom Show concentra-se na apresentação e personalização de carros, os quais são exibidos semanalmente e eleitos como os mais belos pelos votos dos participantes.

Por fim, também temos dois modos PvP, o Demolition Royale funciona como um gigantesco Battle Royale com 32 jogadores, onde você pode usar power-ups e até habilidades especiais para eliminar seus oponentes. Já no Grand Race, os jogadores competem em uma corrida de grande escala com 28 participantes, utilizando três estilos de veículos diferentes que se alternam ao longo do percurso.

Problemas no paraíso



E claro que as ondas estonteantes e paisagens de tirar o fôlego do Havaí teriam seus problemas. Existem uma série deles neste The Crew, que podem incomodar bastante no conjunto da obra. 

O principal na minha visão é a falta de uso dos seus carros pessoais. Em 90% do game você vai correr com carros emprestados. Toda a playlist só pode ser acessada com seus carros pessoais depois de completá-la inteiramente. Boa parte das playlists ainda requerem um carro específico que pode custar mais de 1 milhão na moeda do jogo. Falando em moeda, existe um sistema de microtransações que permite ao jogador adicionar dinheiro ao jogo e praticamente comprar todo veículo e customização disponíveis.




Outra vez o PvP teve pouco carinho em sua estrutura, sendo composto por apenas dois modos que contém a competição entre jogadores, fazendo com que faltem corridas personalizadas (como um modo PvP apenas de Fórmula 1) ou focado em motos, aviões e lanchas. A diversidade no modo single player é tamanha que é absurdo o quão minúscula foi a atenção para o  multiplayer.

A criação do personagem parece ter sido tirada diretamente de um jogo de corrida dos anos 2000. Com gráficos extremamente datados, opções quase inexistentes de personalização e mais uma vez, microtransações até nas roupas do seu avatar.

No quesito da gameplay, apesar dos controles terem sido aprimorados desde The Crew 2 (Multi), os barcos ainda parecem veículos terrestres andando sobre grandes morros. O controle é pouco responsivo e os barcos parecem travados e com pouca mobilidade. Para aqueles que usam o auxílio visual de frenagem, existem pontos em que o jogo simplesmente esquece de avisar ao jogador que deveria reduzir, o que pode causar uma grande dor de cabeça em modos que não deixam o famoso recurso de retroceder entrar em ação. 

Menos realismo, mais diversão


The Crew Motorfest faz uma escolha inteligente ao fugir do realismo dos simuladores do mercado e apostar em uma experiência quase oldschool com foco na diversão em um estilo arcade que permite que qualquer público possa adentrar o mundo aberto e pisar fundo.

Apesar dos problemas citados, na maior parte do tempo o jogo oferece uma experiência sólida e honesta que pode desafiar os mais competitivos ou relaxar os jogadores casuais. A diversidade de corridas, estilos, veículos e playlists conseguem manter o público cativo sem enjoar mesmo após dezenas de horas em O‘ahu.

Prós

  • Grande variedade de modos de jogo, alternando entre as Playlists, Main Stage, Custom Show, Demolition Royale, Grand Race e Summit Contest;
  • Diversos tipos e estilos de veículos, sendo carros, motos, lanchas e aviões, cada categoria com suas subdivisões de estilos;
  • Veículos altamente customizáveis com partes de aprimoramento e visuais únicos;
  • Mapa belíssimo que destaca a geografia e cultura havaiana sem soar pedante;
  • O controle dos carros foi aprimorado desde o último The Crew.

Contras

  • PvP pouco aproveitado;
  • Poucas oportunidade de correr com seus carros próprios personalizados;
  • Microtransações em todos os aspectos do game;
  • Personalização de avatar com péssima qualidade gráfica e poucas opções de escolha;
  • O controle dos veículos aquáticos se mantém pouco divertido e preciso.
The Crew Motorfest - PS4/PS5/XBO/XSX/PC - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ubisoft

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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