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Análise: Savant - Ascent REMIX (PC) é uma ascensão acelerada em um frenético shoot ‘em up

Atire em tudo que aparece pelo caminho neste simples e difícil título indie.


Savant - Ascent REMIX é um shoot ‘em up de conceito no mínimo curioso. No controle de um alquimista mascarado, usamos uma dupla de elevadores para subir uma torre enquanto disparamos projéteis mágicos contra inúmeros inimigos que aparecem pelo caminho. O conceito principal deste título indie é bem simples, porém inúmeras situações complicadas tornam a jornada bem desafiadora. O resultado é uma experiência intensa e vertiginosa que, infelizmente, nem sempre é muito justa.
 
Apesar do remix no título, o jogo é a continuação de Savant - Ascent, lançado originalmente para PC e mobile, e expande muitas das ideias do original com novos estágios e mecânicas. O seu universo é inspirado nos trabalhos do músico sueco Aleksander “Savant” Vinter, que cedeu personagens e criou a energética trilha sonora. Apesar de se autointitular sequência, o título está mais para uma versão estendida, pois reaproveita muita coisa do anterior.

Em uma subida veloz e perigosa  

Um indivíduo mascarado conhecido como Alchemist está no topo de sua torre manipulando uma estranha esfera. Alguma força misteriosa escapa do objeto e derruba o alquimista, que vai parar no solo. Determinado a dominar o poder da esfera, o alquimista decide escalar a torre. Mas a tarefa não será fácil: robôs agressivos dominaram o local e vão fazer de tudo para impedir o progresso do herói.


Essa premissa é explorada em um curioso shoot ‘em up. Controlamos Alchemist, que lança projéteis mágicos para derrotar os inimigos que aparecem pelo caminho. Acontece que o herói tem movimentação extremamente limitada: em todos os momentos há somente dois pontos de apoio, como elevadores ou plataformas flutuantes. Sendo assim, para escapar de perigos, é necessário mover-se frequentemente de um local a outro com saltos ou investidas horizontais.

Para atacar, o alquimista tem à disposição tiros mágicos simples, e ficar sem atirar por alguns segundos o permite lançar vários projéteis de uma vez. Há também mísseis de energia mais fortes capazes de derrotar vários inimigos simultaneamente, porém seu uso consome partes de uma barra de energia. Saber alternar entre os tipos de tiros é imprescindível, pois a quantidade de inimigos é grande e eles cercam rapidamente o herói. É tudo bem frenético, mas, por sorte, os controles são simples e acurados — particularmente, acredito que o mouse é a melhor opção por causa de sua grande precisão.



Atirando e pulando loucamente para sobreviver

É impressionante como Savant - Ascent REMIX consegue ser envolvente e criativo com um conceito principal tão simples. Os estágios são frenéticos, com tiroteios intensos em que precisamos nos mover constantemente no espaço diminuto. O principal desafio está nos inimigos, que aparecem atacando em padrões intrincados, sendo muito fácil ser atingido ou cercado em momentos de atenção. Particularmente, gostei de ter que agir rápido: precisei avaliar frequentemente se devia atacar ou se era melhor esquivar.


As mecânicas são exploradas em situações criativas pelos estágios. Nas áreas iniciais, o desafio é saber priorizar que inimigos derrotar primeiro para não ser atingido. Em outro estágio, aparecem robôs que só recebem dano do tiro mais poderoso, então é necessário usá-los com cuidado para não ficar indefeso. Uma fase mais avançada se passa em um local escuro em que precisamos ficar atentos aos sons para inferir onde estão os oponentes. Ideias e tipos de inimigos são introduzidos constantemente, o que mantém a sensação de novidade.

A ambientação caprichada contribui para tornar a experiência de tirar o fôlego. O visual em pixel art é belo e elaborado, com animações estilosas e expressivas. Destaco, em especial, a atmosfera de cada estágio: cenários e inimigos se complementam, tornando cada localidade única. A trilha sonora produzida pelo músico Savant é enérgica, misturando elementos eletrônicos, dubstep e tons épicos que combinam perfeitamente com a ação. Há também músicas adicionais escondidas pelas fases, o que nos permite customizar o áudio a qualquer momento.

Preso em um loop de problemas

Bastam alguns minutos em Savant - Ascent REMIX para perceber que este é mais um daqueles jogos difíceis. Além do pouco espaço para mover o personagem, aparecem grandes quantidades de inimigos agressivos que exigem estratégias distintas para serem derrotados. Erros costumam ser fatais, e tentar inúmeras vezes algum trecho é comum. O desafio é justo em boa parte do tempo, mas várias decisões questionáveis atrapalham a experiência.


Para começar, o conceito de tentativa e erro é uma constante nos estágios, pois muitos inimigos e perigos aparecem de surpresa ou em padrões muito complexos — por causa disso, nem sempre há tempo hábil para reagir. Outra questão é que há pouquíssimo espaço para erro: receber dano, muitas vezes, já é quase fatal, pois itens de cura são raríssimos e os oponentes são implacáveis, acertando-nos continuamente em curto espaço de tempo.

Há também problemas de clareza e de ritmo. Alguns inimigos e chefes só ficam vulneráveis em momentos bem específicos e nem sempre é claro como acertá-los. As fases são longas, no entanto os checkpoints são muito espaçados entre si, então morrer significa refazer longos trechos. Por causa de todos esses detalhes, torna-se necessário repetir várias vezes os trechos e memorizar padrões para conseguir avançar.


Com isso, o jogo se torna um exercício de insistência, o que o torna cansativo. Em muitos momentos, perdi a paciência ao ter que repetir inúmeras vezes algum trecho por causa de perigos que aparecem de surpresa ou inimigos resistentes demais. O último chefe, em especial, potencializa tudo isso com uma batalha desnecessariamente longa e punitiva. Claro, o público hardcore e que gosta de bons desafios vai adorar, mas acredito que a dificuldade padrão poderia ser mais palatável.

Em relação ao jogo anterior, houve um retrocesso com menos habilidades para o protagonista e menos segredos a serem encontrados pela aventura. Dessa vez, ao menos, a quantidade de conteúdo é maior: o modo História conta com cinco estágios (o primeiro tinha somente dois) e dois níveis de dificuldade, já o Sobrevivência oferece desafio crescente e sem fim. O resultado é uma aventura mais longa, porém com menos motivos para ser revisitada.



Uma subida para poucos

Savant - Ascent REMIX se destaca com sua interpretação criativa do gênero shoot ‘em up, oferecendo uma experiência vertiginosa em um mundo inspirado na música de Savant. Os estágios apresentam tiroteios intensos e desafiadores, mantendo a sensação de novidade à medida que novas mecânicas e inimigos são introduzidos. A ambientação em pixel art e a trilha sonora enérgica complementam perfeitamente a ação, criando uma atmosfera envolvente.

No entanto, o jogo também apresenta pontos negativos que podem afetar a experiência. A dificuldade elevada, aliada à falta de espaço para erros e checkpoints espaçados, pode tornar o jogo frustrante e repetitivo. Além disso, a necessidade de repetir trechos e memorizar padrões deixa as partidas meio cansativas.

No fim, Savant - Ascent REMIX é uma experiência interessante para os fãs do gênero por oferecer ação shoot ‘em up frenética e alto desafio, mas que também testa a paciência com a repetição e a falta de espaço para erros.

Prós

  • Sistema de jogo simples e frenético com tiroteio intenso e variado;
  • Boa diversidade de situações e desafios a serem enfrentados;
  • Elementos audiovisuais elaborados com belo visual em pixel art e trilha sonora eletrizante.

Contras

  • Desafio desequilibrado e às vezes exagerado, com pouquíssimo espaço para erros;
  • Muita presença de tentativa e erro, exigindo memorizar padrões e repetir trechos inúmeras vezes;
  • Retrocesso na variedade de conteúdo em relação ao título anterior.
Savant - Ascent REMIX — PC — Nota: 7.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pelo D-Pad Studio

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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