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Análise: Immortals of Aveum (Multi) reúne ação e magia em um FPS bonito e cheio de estilo

Situada em um universo belo e rico, a aventura traz batalhas mágicas épicas e com visual de primeira.


Misturando tiroteios e magia em um FPS original, Immortals of Aveum chegou prometendo uma grande e bela aventura. Ele é um dos primeiros grandes games produzidos utilizando a Unreal Engine 5, que por sua vez carrega outra expectativa considerável. Conforme vamos conferir nesta análise, o lançamento é, sim, uma ótima experiência, digna de nomes como Doom Eternal e Ghostwire: Tokyo, mas que poderia ser ainda melhor se tivesse sido mais bem cuidado.

Bem-vindo a Aveum!

Lançado no dia 22 de agosto de 2023, o novo título conta a seguinte história: em um mundo tomado por uma guerra pelo controle da magia, o protagonista Jak leva uma vida modesta ao lado dos amigos. Após um ataque que acaba com sua família, ele desperta perigosos poderes mágicos. Então, o jovem é recrutado pela ordem de magos chamada de Imortais e começa um treinamento rigoroso para poder se juntar aos combates.
Um universo mágico e rico esperando para ser explorado
Esse seleto grupo de magos busca acabar com a Guerreterna, travada entre Lucium e Rasharn, mas também lidar com o vilão Sandrakk. Não bastasse esse grandioso e intrincado conflito, Jak também acaba lidando com a Fenda, um abismo que está tomando conta do planeta. O herói encontrará aliados e inimigos pelo caminho, visitando todo tipo de ambiente — que usam temas como caverna, montanha, lava, neve, templo, entre outros — repleto de perigo e magia.
Cada cenário do jogo é bonito e único
Confesso que, embora tenha gostado muito da ambientação — incluindo arquitetura, magias e residentes — e da apresentação de Immortals of Aveum, por diversos momentos senti falta de uma introdução mais elaborada. O mundo tem uma história considerável, com muitos personagens e acontecimentos, deixando-me um pouco perdido em certos diálogos e cutscenes (como em Doom Eternal).
 
Inclusive, é possível perceber alguma inspiração no universo de O Senhor dos Anéis. Nomes de localidades, acontecimentos ancestrais e um idioma original são alguns exemplos comuns também à escrita de Tolkien, com a diferença de que aqui tudo passa de forma razoavelmente apressada. Isso não afeta o entendimento geral da história, mas ela poderia ter sido melhor desenvolvida (um problema que acontece ao longo de todo o game, como você vai ver nesta análise).

Magia por todos os lados

Ao contrário da maioria dos magos, Jak nasceu como um Triarca Magnus, capaz de usar as três cores principais da magia. Cada parte da tríade conta com características únicas: a vermelha é mais violenta, causando mais dano a curtas distâncias e com a capacidade de aniquilar armaduras mágicas; a verde é rápida e flexível, com disparos com alta cadência e capacidade de tornar inimigos lentos; a azul é mais equilibrada, contando com bom alcance de dano e a possibilidade de gerar um escudo.
Aprender como cada magia funciona é fundamental
Essa versatilidade concede liberdade ao jogador sobre como travar as suas batalhas, alternando distâncias e velocidades dos combates. O fluxo das lutas é intenso e viciante, exigindo disparos rápidos e precisos, mas mantendo a atenção ao que acontece ao redor. Gostei muito do ritmo, que exige uma intercalação entre as três cores de magias (que precisam ser recarregadas após o uso) e as poderosas habilidades especiais, como raios destruidores e tornados mágicos.

Finalmente, as magias também podem ser usadas fora dos combates para resolver quebra-cabeças e explorar áreas escondidas. Por exemplo, a cor verde permite a manipulação de objetos, enquanto a azul conta com um chicote útil para escalar (além de lutar). Essas situações aparecem entre as lutas, ajudando a quebrar o ritmo e permitindo que Jak adquira novos recursos e equipamentos valiosos.
Alguns enigmas exigem bastante raciocínio e agilidade para serem resolvidos

Jogue como quiser (ou quase)

É interessante frisar que as manoplas, equipamentos utilizados para canalizar as magias, alteram a forma como elas são lançadas e recarregadas. Prefere pouca munição, mas com alto poder destrutivo? Ou disparos mais rápidos, ao custo de demora para recarregar? Immortals of Aveum proporciona várias opções para o jogador, tanto funcional quanto esteticamente, pois as animações também variam de acordo com os itens.
Os melhores equipamentos tem capacidades equivalentes, permitindo uma personalização mais livre
O jogo não somente proporciona boas opções para Jak enfrentar os desafios ao longo da aventura, sejam combates ou explorações, mas também uma ótima jogabilidade. Controlar o disparo das magias, conjurar feitiços destrutivos ou flutuar entre plataformas é sempre divertido e intuitivo. O mesmo vale para usar o chicote, pular e esquivar, todas ações funcionais e bem implementadas.
É divertido resolver os quebra-cabeças ambientais
Isso é importante porque Immortals of Aveum aumenta a sua dificuldade progressivamente com a disponibilização dos novos recursos. A cada novidade precisei adaptar meu estilo de jogo para incorporar aquela nova possibilidade e aumentar minhas chances de vitória. Aliás, morri algumas vezes ao longo do game, mas sempre por erro meu, fosse no planejamento, fosse na execução das ações.
 
Conforme o final do jogo se aproxima, ao longo dos 18 capítulos, temos um leque recheado de recursos para utilizar nos embates. Alguns inimigos podem ser derrotados mais facilmente usando determinados tipos de ataques, mas em geral existe uma versatilidade interessante sobre como lutar. Inclusive, existe uma extensa árvore de habilidades para desbloquear utilizando pontos obtidos com experiência, que por sua vez é obtida nos combates e explorações.

Magia limitada

Immortals of Aveum também oferece uma loja para comprar e melhorar itens. Ela é visualmente sem graça, pois uma “forja” para lidar com coisas mágicas poderia ser bem mais elaborada, com direito a um ferreiro mágico e animações legais (mais uma das oportunidades perdidas). O dinheiro e os recursos adquiridos podem ser reforçados ao revisitar regiões, pois as habilidades recém-adquiridas permitem acesso a pontos anteriormente inacessíveis.
A forja representa as diversas oportunidades perdidas pelo game
Esse backtracking é facilitado por um conjunto de mapas e um sistema de teletransporte, que é liberado conforme vamos descobrindo novas áreas e completando os capítulos. O título não tem missões secundárias, mas sim desafios e segredos espalhados por toda Aveum, exigindo habilidade e inteligência para serem descobertos. Inclusive, para mim as lutas mais difíceis do jogo são as opcionais.
 
Como manda a tradição, Immortals of Aveum também conta com chefes perigosos ao longo do caminho. Essas lutas deixam clara uma das qualidades do game, que é o seu senso de impacto: cada magia disparada gera um ruído único e um efeito visualmente bonito, proporcionando uma experiência envolvente. Donos do PS5 contam com o DualSense para incrementar ainda mais essa sensação no jogo.
Grandes explosões e magias te esperam em cada batalha
Infelizmente, o game deixou alguns pontos em aberto. Seria melhor, por exemplo, poder combinar as cores da magia em golpes únicos (mesmo problema de Ghostwire: Tokyo). Também não temos acesso ao popular New Game +, modo fotografia ou colecionáveis interessantes (os existentes são chatos). Immortals of Aveum certamente tem a ambientação necessária para isso e daria mais motivos para o jogador percorrer os mapas.

Crédito devido

Falando sobre a produção do título, temos aqui um game muito bonito e detalhado. As magias são belas, abusando de efeitos coloridos e brilhantes, dignos da expectativa pela Unreal Engine 5. As cutscenes são bem animadas, fazendo bom uso dos atores que inspiraram os personagens. Alguns diálogos são meio forçados e tentam em vão ser engraçados, isso sem contar aquela questão de o enredo não ser tão bem explicado. Mesmo assim, eles são bons o suficiente e merecem um destaque positivo, sobretudo pela boa dublagem (somente em inglês).
Embora nem sempre acerte, o enredo entretém o suficiente
Apesar de competente no geral, infelizmente volta e meia aparece algum problema. Um inimigo meio torto, um aliado com animação errática, uma textura que demora para carregar, quedas na taxa de quadros, etc. O mesmo vale para a trilha sonora, frequentemente apresentando músicas meio sem graça. As lutas até contam com uma batida interessante, mas explorar os cenários por vezes se torna uma tarefa um tanto melancólica. Nem sempre as canções acompanham o ritmo que o jogo proporciona, seja ele mais dinâmico ou contemplativo.
 
Quando acompanhei as primeiras notícias e divulgações sobre o game, confesso que parecia que ele seria um grande AAA. Ou seja, uma produção de ponta, com escopo enorme e grande impacto. Na prática, Immortals of Aveum por vezes parece tentar engolir mais do que consegue mastigar: basta notar todas as ressalvas que apontei ao longo da análise, que demonstram falta de tempo e recursos para aprimorar e revisar o game.
Participar dos grandiosos eventos em Aveum é uma ótima experiência
Como deve ter ficado claro para o leitor, mesmo considerando esses problemas, o título é, sim, um ótimo jogo. A questão é que ele deve ser visto como um jogo médio com características de um grande jogo, e não um grande jogo prejudicado por vários elementos medianos. Fiquei com a sensação de que, com uma produção um pouco melhor, ele teria potencial para ser um dos maiores lançamentos do ano.

Saldo mais do que positivo

Fazendo bom uso dos efeitos visuais para compor seus combates repletos de magia e emoção, Immortals of Aveum consegue entregar uma aventura original e divertida. As lutas oferecem muitas opções para os jogadores, com vários tipos de mágicas, equipamentos e habilidades especiais, compensando os diversos problemas do game. É uma pena que faltou mais esmero nesses pontos, mas mesmo assim temos um ótimo título para a sua biblioteca, sobretudo para os fãs de FPS.
Uma aventura mágica no melhor estilo FPS

Prós

  • FPS bastante dinâmico e repleto de diversão;
  • No geral, visuais são muito bonitos e com belos efeitos mágicos;
  • Jogabilidade sólida e competente;
  • Ambientação é única, com direito a localidades incríveis;
  • Nível de dificuldade equilibrado;
  • Combates e explorações são ótimos, contando com muitas ferramentas para usar.

Contras

  • Faltou mais cuidado no desempenho técnico;
  • Mecânicas de combate, enredo e diálogos poderiam ter sido melhor explorados.
Immortals of Aveum — PC/PS5/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise redigida com cópia digital cedida pela EA

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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