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Análise: Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge - Dimension Shellshock (Multi) traz desafios intensos em uma expansão modesta

O DLC do jogo de pancadaria das Tartarugas Ninja é simples, mas transborda qualidade.


Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge trouxe de volta a diversão descompromissada dos beat ‘em ups da década de 1990 com sua ação ágil e frenética. Agora o jogo vai além com a expansão Dimension Shellshock, que nos desafia a viajar por planos paralelos enquanto enfrentamos inúmeros inimigos. O pacote de conteúdo inclui dois novos heróis e uma modalidade pensada para ser enfrentada inúmeras vezes, além de alguns desbloqueáveis. Talvez o conteúdo seja um pouco simples demais, mas é um ótimo motivo para revisitar o título.

Quebrando tudo com katanas e relâmpagos

Shredder’s Revenge surpreendeu ao oferecer vários personagens jogáveis nada usuais, incluindo a repórter April O’Neil e o Mestre Splinter, e agora Dimension Shellshock expande o elenco com dois novos heróis. O coelho samurai Usagi Yojimbo veio direto dos quadrinhos e executa combos ágeis com sua katana. Já a sarcástica Karai é uma ninja que luta para resgatar a glória do Clã do Pé e tem como característica a moral variável: ora é aliada, ora é oponente. Os novos heróis podem ser utilizados em qualquer um dos modos do jogo.


Assim como os outros lutadores, os dois novatos têm conceito principal similar, com sequências no chão, golpes aéreos, cambalhota e ataques especiais que consomem a barra de energia. Porém, cada um deles tem nuances que os diferenciam. Usagi Yojimbo é veloz e preciso, utilizando sua espada para lançar inimigos no ar e fatiá-los com combos aéreos. Em contrapartida, a força de seus ataques é reduzida. Já Karai fortalece seus golpes ao acumular eletricidade conforme acerta os oponentes, mas basta receber dano para perder toda a carga.

Particularmente, gostei de controlar a nova dupla de heróis por causa de seus estilos distintos. A graça de usar Usagi está em não deixar o inimigo agir, usando sequências ligeiras enquanto desviamos rapidamente. Ele é frágil, mas é difícil não ficar impressionado com seus movimentos visualmente estilosos. Karai é balanceada e tem mais força, no entanto é necessário agir com cuidado, pois errar a deixa aberta com frequência. No começo foi estranho usá-la, mas logo estava executando combos fortalecidos por eletricidade.



Desbravando universos em busca de cristais

O maior atrativo de Dimension Shellshock é o modo Sobrevivência. Nele, Destruidor está viajando por mundos paralelos coletando cristais de poder, o que criou um desequilíbrio que pode fazer as realidades entrarem em colapso. Para impedi-lo, as Tartarugas saltam de uma dimensão para outra em uma jornada imprevisível pelo multiverso.


Como o nome implica, no Sobrevivência o objetivo é enfrentar desafios em sequência para chegar o mais longe possível antes de morrer. As jornadas são estruturadas em arenas nas quais precisamos derrotar todos os inimigos, e para avançar para uma nova dimensão é necessário coletar uma quantidade específica de cristais. Ao fim de cada estágio, aparece uma dupla de portais com recompensas diversas, como pizza para recuperar a vida, melhorias temporárias, mais cristais ou até mesmo um mutagênico que transforma temporariamente os heróis em algum dos chefes.

Cada partida de Sobrevivência é diferente, pois os estágios mudam e têm variações, como arenas de baixa gravidade, com esteiras ou com mísseis que caem com frequência. O desafio aumenta gradativamente, então é importante escolher com cuidado a recompensa de cada luta. Ser derrotado não é de todo ruim: os cristais coletados liberam melhorias para os personagens, como vida extra e barras de especial adicionais, o que nos permite chegar mais longe nas tentativas seguintes.




Tentando sobreviver no caos variadamente limitado

Para mim, um dos maiores problemas de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é a simplicidade, pois na maior parte do tempo basta golpear de qualquer jeito para vencer. O modo Sobrevivência muda isso com desafios mais estratégicos. Para dar conta dos inimigos e estágios, é essencial atacar e esquivar com cuidado, afinal a vida é limitada e o desafio é crescente. As melhorias ao subir de nível ajudam, mas o que conta mesmo é a técnica.


Apreciei também a imprevisibilidade das partidas com seus diferentes tipos de arena. Em uma luta, o desafio era não cair nos buracos nas bordas do cenário. Em outra fase, precisei escapar de flechas enquanto era arrastado por esteiras. Já alguns estágios nos desafiam com versões mais fortes dos chefes. Há também risco e recompensa com os portais no fim de cada embate: pego 40 cristais para avançar mais rápido em troca de aumento na dificuldade ou será que é melhor escolher um power up para facilitar as coisas na próxima arena?

O novo modo conta também com conteúdo inédito interessante. Inúmeros inimigos foram adicionados, muitos deles exigindo estratégias bem específicas, como o ataque carregado para quebrar barreiras — raramente precisei usar isso na campanha original, mas no Sobrevivência ele se torna essencial. As novas localidades são bem criativas tematicamente, como uma dimensão que se passa em histórias em quadrinhos, um mundo com visual 8 bits e o Japão feudal. Por fim, é supimpa controlar temporariamente chefes como Destruidor e Rocksteady, apesar de terem ataques bem limitados.


O problema da nova modalidade é que com o tempo ela se torna repetitiva, pois não há diversidade de conteúdo o suficiente. Mesmo com as variações de estágios e desafios, a sensação de mais do mesmo aparece após algumas partidas, apesar da dificuldade crescente. Há incentivos para continuar jogando, como desbloquear novas paletas de cores para os personagens e placares online, mas acredito que não são suficientes. Mais variações, efeitos e tipos de estágios tornariam esse modo ainda melhor.



Uma viagem interdimensional alucinante

Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge tem seu universo amplificado com a expansão Dimension Shellshock. A adição dos personagens jogáveis Usagi Yojimbo e Karai traz novas possibilidades ao combate por causa de suas características únicas. Já o modo Sobrevivência se destaca com estágios imprevisíveis e situações que requerem mais habilidade e tática por parte dos jogadores. Além disso, as localidades criativas e os chefes temporariamente controláveis trazem um ar de novidade às partidas.

Contudo, é fácil perceber o peso da simplicidade da expansão. Embora traga novos desafios, o modo Sobrevivência pode eventualmente cair na armadilha da monotonia devido à falta de diversidade de conteúdo. Alguns desbloqueáveis e placares online oferecem sobrevida ao modo, contudo é capaz que apenas os jogadores mais competitivos mantenham o interesse a longo prazo.

No mais, Dimension Shellshock é um acréscimo razoável a Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge e é um ótimo motivo para descer o sarrafo novamente na companhia das Tartarugas Ninja.

Prós

  • Apesar de mecanicamente familiares, os novos personagens Usagi e Karai são bem divertidos de controlar;
  • O modo Sobrevivência empolga com seus estágios variados e desafio crescente;
  • Os novos estágios são criativos e visualmente chamativos.

Contras

  • Conteúdo limitado do modo Sobrevivência traz repetitividade a médio prazo.
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge - Dimension Shellshock (Multi) — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dotemu

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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