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Análise: Quantum: Recharged (Multi) vai te fazer voar em círculos, literalmente

A reimaginação deste título exclusivo para fliperamas é interessante pela curiosidade, mas vira refém da sua simplicidade.

Parece que agora a novidade virou regra: qualquer clássico da Atari que tenha passado dos 40 anos de vida se torna “elegível” para receber o tratamento Recharged. O escolhido da vez foi Quantum. Lançado em 1982 para os arcades, ele nunca teve uma versão para os consoles da época.

Para reviver essa experiência, Quantum: Recharged traz de volta a ação de eliminar partículas quânticas, com toda a perfumaria característica da série.

Eliminando partículas

Quantum foi lançado apenas para os fliperamas e seu estilo era todo vetorial, baseado apenas em retas coloridas e formas geométricas. Esse estilo não era incomum para a época, com outros títulos da própria Atari adotando esse visual, como Black Widow e Asteroids, que também já ganharam versões Recharged.

O objetivo em Quantum: Recharged se mantém o mesmo do jogo original: controlamos uma sonda e devemos cercar partículas atômicas com movimentos circulares para eliminá-las. Não precisa exatamente dar a volta nelas, basta fazer a forma na direção dos inimigos que eles serão tragados para o vortex criado pela sonda.  A questão é que, diferentemente dos outros Recharged lançados, a proposta de Quantum não deu abertura a muitas variações criativas para a jogabilidade. 

Como de praxe, podemos coletar poderes que modificam o ritmo da ação e nos ajudam a alcançar pontuações maiores. Entretanto, como nossa sonda não dispara projéteis, os power-ups ficaram limitados a aumentar nossa velocidade, desacelerar os inimigos, nos conceder uma vida extra e paralisar os alvos com uma carga de eletricidade de curta duração.

No modo Arcade, temos algumas opções para variar a dificuldade. É possível tentar a sorte com apenas uma vida e enfrentando ondas agressivas de inimigos, o que multiplica nossos pontos ao final da jogada. Por outro lado, há também o modo Zen, no qual não perdemos vidas e o desafio é mais brando, mas o preço é a pontuação reduzida pela metade e uma partida com duração máxima de apenas 4 minutos.

O modo Missões também sofre do mesmo problema de repetição. Por mais que cada um tenha seu objetivo específico, eles sempre estão limitados a metas como eliminação de todos os inimigos, sobreviver por um tempo específico ou atingir uma determinada pontuação ou multiplicador. 

Ou seja, não importa o modo de jogo: tudo se resume a fazer círculos repetidamente para juntar pontos, em diferentes velocidades. Como a sonda que pilotamos não conta com projéteis, logo se torna bastante cansativo ficar voando para lá e para cá, desenhando formas redondas para não sermos pegos.

Entendo que a proposta da Atari seja repaginar jogos clássicos mantendo a sua essência, mas Quantum: Recharged sofreu um pouco do mesmo mal que Breakout: Recharged: o jogo em si é tão simplista que ficou difícil oferecer incrementos elaborados para a fórmula original.

Para não ser totalmente carrasco, um dos méritos está nas levas de inimigos que aparecem pelo cenário. Elas são aleatórias e mesmo sendo possível identificar o seu comportamento pela cor, lidar com mais de uma ao mesmo tempo dá um tempero bacana ao desafio de pilotar uma nave que não atira. 

O retorno do neon

O padrão estético Recharged já é algo que está manjado para quem jogou os demais títulos da série que foram reimaginados. Mesmo com um show de cores neon, Quantum é bem mais comedido que alguns de seus irmãos, e isso acontece pelo formato da zona de ação.

As partidas são delimitadas por um campo quadrado, no qual temos que perseguir as partículas atômicas ao mesmo tempo que evitamos ir de encontro a elas. Como contei acima, os inimigos têm cores diferentes e isso ajuda a identificar quais serão os seus movimentos ou que tipo de investida eles farão. Entretanto, no mais, só temos uma variação de cores no fundo do cenário e é isso.

Já a trilha sonora é totalmente nova, composta mais uma vez por Megan McDuffee. Vale salientar que as músicas sempre são reunidas em álbuns nas plataformas digitais, sendo o volume 1 para Centipede, Black Widow, Asteroids e Breakout, e o Volume 2 para Gravitar, Yars, Missile Command e Caverns of Mars. Estas novas faixas podem ser o indício de um novo quarteto de títulos, mas aí sou apenas eu teorizando em cima de algo que pode ser um padrão ou uma mera coincidência.

O que não é coincidência é a homenagem feita a um artista no nome dos troféus do jogo. A escolhida da vez é a banda hippie dos anos 1960 Grateful Dead, e eu reuni os troféus em uma playlist para vocês aproveitarem.

Necessidade de se reinventar

A ideia da Atari de reformular suas obras sempre oscila entre a novidade e a repetição. Infelizmente, Quantum: Recharged ficou mais na repetição, servindo apenas para quem quer curtir a nostalgia. O jogo em si não é ruim, mas com certeza está bem aquém dos seus demais irmãos renovados.

Prós

  • É a chance de curtir um título inspirado em um game exclusivo dos fliperamas; 
  • Lidar com diversos tipos de inimigos ao mesmo tempo é a dosagem perfeita de desafios;
  • Trilha sonora inédita.

Contras

  • O jogo é altamente repetitivo, tanto no modo Arcade quanto nas Missões;
  • Power-ups sem graça, que não mudam muito o rumo da partida;
  • Pouco apelo visual.
Quantum: Recharged — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise com cópia digital cedida pela Atari

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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