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Análise: PixelJunk Scrappers Deluxe (Multi) é um bom multiplayer, mas decepciona no solo

Junte os amigos para juntar lixo, bater em robôs malvados e deixar a cidade limpinha.

O nome PixelJunk já acompanha os videogames há pelo menos uma década e meia, com uma multitude de jogos de gêneros variados: corrida, tower defense, quebra-cabeças, plataforma… tem de tudo um pouco, inclusive um beat 'em up.

PixelJunk Scrappers Deluxe é uma versão melhorada do título que foi lançado primeiramente no Apple Arcade, em 2020. Agora ele chega para todos os consoles e PC, com muitas mudanças significativas.

Operação cata-bagulho

A cidade de Junktown está lotada de lixo, em todos os cantos. Para ajudar na limpeza das ruas, um tipo de robô foi criado para a coleta: os Scrappers. Eles recolhem os detritos em pilhas e os levam para o caminhão compactador.

Entretanto, outros seres cibernéticos não gostaram da ideia, e tentarão interromper a tarefa dos "robôs-lixeiros". Logo, a única maneira de cumprir seu objetivo é amassando a lata dos inimigos com a boa e velha porradaria.

No clássico esquema de beat 'em up, comandamos nosso Scrappers pelo cenário, coletando os objetos espalhados e batendo nos adversários. A atenção precisa ser redobrada, pois podemos empilhar o lixo e levar grandes quantidades para o caminhão, mas se fizermos uma pilha muito alta ou se formos atacados, ela vai cair e tudo ficará espalhado pelo chão.

Também podemos encontrar braços novos em alguns lugares, que modificam nosso soco. Esses têm formatos diferenciados, como luvas de boxe, motosserra, taco de beisebol e até espingarda. O dano que eles causam também é diferente do modelo padrão, então nem sempre a troca é válida.

Variar o foco de atenção entre combater inimigos e coletar o lixo é uma ótima ideia e ajuda a quebrar a simplicidade costumaz do gênero. Entretanto, PixelJunk Scrappers se mostra muito mais divertido em grupo do que quando jogado sozinho.

A movimentação influencia bastante nessa sensação, pois os inimigos parecem ser bem mais rápidos que nós. Logo, cobrir todo o cenário, combater e pegar lixo pode parecer bem mais satisfatório com até quatro participantes.

Infelizmente, se aventurar sem acompanhantes torna o ritmo arrastado demais, sem contar que, de início, as pontuações que precisamos atingir parecem inalcançáveis devido a lerdeza do Scrapper, e elas são fundamentais para a progressão.

Cada meta de pontuação obtida confere um símbolo, e cada fase possui três. Falhar em alcançá-las impede o avanço e nos obriga a jogar tudo de novo até conseguir a quantidade necessária de emblemas para prosseguir.

Por isso, concluir os objetivos em grupo torna-se mais fácil. A possibilidade de bolar uma estratégia em que se deixa uma pessoa para coleta e outras para abater os inimigos, ou vice-versa, torna tudo mais dinâmico.

Até temos um ajudante robótico que nos faz companhia no single player, fazendo a função de arremessar pilhas para nós. Ainda assim, ele não se compara com outros jogadores humanos.

Outra característica que é desperdiçada é a variedade dos robôs. Após avançarmos pelas fases, podemos adquirir novos itens visuais para customizar o caminhão, braços diferenciados e outros Scrappers.

Se os braços apresentam uma variação de velocidade e força de ataque, os novos Scrappers não o fazem. São 20 tipos ao todo, e todos se movem igualmente. Seria interessante se eles apresentassem variações de deslocamento ou pudessem empilhar mais objetos sem derrubar, por exemplo.

Inspiração oriental

PixelJunk Scrappers Deluxe não esconde suas influências nipônicas. Em um mix de ciberpunk e pop-art, as cidades coloridas tem um visual bacana e vibrante, que remetem até mesmo a alguns tipos de animação.

Quem conhecer a geografia do Japão facilmente irá notar menções à cidades como Akihabara, Harakujo e Kyoto, tanto nas suas versões atuais quanto nas históricas, como do período Edo. Já os inimigos trazem outros traços da região, como vestimentas de samurais e astros de J-pop, além de movimentos de danças típicas.

Os Scrappers também têm visuais bem criativos. Muito mais do que simples amontoados de peças, eles variam entre armaduras medievais, jogadores de basquete, índios, luchadores, e outras diversas amálgamas de diferentes culturas. E todos eles têm nomes japoneses, como Kikujiro, Maruzo, Ichiro e Saburo.

As músicas também dão o ar da graça, mas de maneira um pouco mais modesta. Elas trazem uma pegada mais techno, que não gera aquela sensação anticlimática, mas também não traz um grande apelo.

Do lixo ao luxo

Se você busca algo criativo especificamente para jogar com um grupo de amigos, localmente ou em rede, então PixelJunk Scrappers Deluxe é uma ótima pedida. É uma pena que o ritmo decaia tanto se tentamos aproveitar sozinhos.

Prós

  • Uso de diversas inspirações japonesas de modo criativo e natural;
  • Excelente para se jogar com até quatro participantes;
  • Misturar beat 'em up com outro objetivo contínuo, como a coleta de lixo, é uma mistura bem sacada.

Contras

  • O ritmo se torna extremamente repetitivo e arrastado ao se jogar sozinho;
  • Não conseguir batertodas as pontuações necessárias impede a progressão;
  • Os inimigos aparentam ser mais rápidos que o nosso personagem;
  • A trilha sonora é discreta demais;
  • Os Scrappers diferentes poderiam ter atributos variados.
PixelJunk Scrappers Deluxe — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos 
Análise publicada com cópia digital cedida pela Q-Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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