Jogamos

Análise: Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition (Multi) é o ótimo retorno de um puzzle tático sem igual

A nova versão deste título de combates táticos tem poucas novidades, mas mantém a qualidade geral do pacote.


Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition mescla o conceito de puzzles de combinar peças da mesma cor com elementos de RPG para criar batalhas estratégicas altamente envolventes. As mecânicas parecem ser bem simples, mas inúmeras nuances e elementos tornam os confrontos táticos interessantes.

Lançado inicialmente em 2009 para Nintendo DS, o jogo também chegou ao PC, PlayStation 3 e Xbox 360 em 2011 em uma versão melhorada. Agora o título chega às plataformas modernas em uma versão definitiva que praticamente não tem novidades, mas não deixa de ser uma ótima oportunidade para revisitá-lo ou experimentá-lo pela primeira vez.

Combinando unidades em batalhas estratégicas

Clash of Heroes se passa no universo de fantasia de Might & Magic, mas não é necessário conhecer a franquia para aproveitá-lo. O foco do jogo está em batalhas estratégicas de puzzle nas quais dois batalhões se enfrentam. O objetivo é zerar a vida do oponente, no entanto, para acertá-lo, primeiro precisamos derrotar os guerreiros menores com ataques do nosso exército.


Em cada turno, podemos mover e combinar três unidades de mesma cor para ativar ações. Combatentes organizados em uma coluna começam a carregar um ataque, que é desferido alguns turnos depois; já barreiras protetivas são criadas ao combinar unidades horizontalmente. Estão disponíveis três movimentos por rodadas, mas recebemos ações extras ao executar combos. Há também mecânicas avançadas, como fortalecer ataques ao ativar vários trios da mesma cor em um único turno.

Fora as tropas básicas, temos as unidades de elite que, além de serem mais poderosas, contam também com habilidades especiais, como saltar as barreiras da área do oponente, lançar ataques em área ou fortalecer os aliados próximos. Em contrapartida, elas são mais difíceis de ativar, além de ocuparem muito espaço na nossa área de jogo, diminuindo um pouco as possibilidades de combinação. Podemos equipar duas delas, o que traz muitas opções estratégicas.


Aspectos de RPG permitem customizar a estratégia. Cinco facções estão disponíveis, cada qual com um grupo distinto de unidades. Além disso, cada herói tem uma habilidade especial única capaz de mudar drasticamente o rumo das batalhas, como atacar diretamente o comandante rival ou criar defesas impenetráveis por um turno. Os personagens e as unidades ficam mais fortes ao subir de nível, e os equipamentos provêm efeitos passivos diversos.

A engenhosidade que vem de conceitos simples

É impressionante como os conceitos simples de Clash of Heroes conseguem criar batalhas empolgantes e envolventes. Pode parecer fácil combinar unidades para atacar ou defender, mas os embates são altamente estratégicos: é essencial saber qual coluna golpear ao mesmo tempo em que tentamos minimizar as investidas inimigas. A área de jogo e o número de ações por turnos são bem limitados, então precisamos pensar com cuidado cada movimento para maximizar as possibilidades.

Particularmente, gostei muito das várias mecânicas que trazem nuances interessantes. É muito recompensador conseguir organizar as tropas para construir combos em que ativamos diversos ataques com um único movimento. Já as unidades elite oferecem possibilidades notáveis com seus poderes diferenciados. E usar técnicas avançadas, como combinar o poder de várias colunas em uma só, é difícil, mas são boas opções para mudar os rumos de uma partida complicada.


As diferentes facções trazem variedade aos combates com seus exércitos e habilidades únicas, e gostei de explorar suas possibilidades. Porém, como acontece em qualquer tipo de jogo com aspectos competitivos, há problemas de balanceamento: certas unidades e personagens são claramente mais fortes, o que estraga um pouco o aspecto estratégico das partidas. Com o tempo aprendi a contornar esses desequilíbrios, mas não deixa de ser irritante ver sua estratégia ser desfeita por golpes poderosos.

Outro ponto que incomoda vem do aspecto puzzle do título. A disposição das unidades nas áreas de jogo acontece de forma aleatória, porém nem sempre a configuração é justa. Foram várias as vezes que meu oponente foi sortudo e começou uma partida com vários combos disponíveis enquanto eu tive que me virar com uma combinação ruim de tropas. Nesse caso não há muito o que fazer fora fazer o melhor possível com o acaso.



Batalhando de maneiras variadas

Os combates de Clash of Heroes são explorados em um extenso modo história. Nele, acompanhamos cinco jovens que precisam lidar com a invasão de demônios de outra dimensão. Cada capítulo é estrelado por um herói diferente, com direito a um mapa elaborado, equipamentos e missões paralelas. O conteúdo é interessante, como estágios nos quais precisamos vencer em um único turno, mas algumas batalhas são um pouco desbalanceadas.

Fora da campanha, podemos enfrentar outros jogadores no multiplayer online e local. Nessa modalidade podemos utilizar qualquer personagem, inclusive os vilões, e há algumas opções simples de customização de partida, como turnos com limite de tempo e a possibilidade de utilizar equipamentos ou não. Estão disponíveis batalhas 1vs1 e 2vs2, sendo possível também enfrentar oponentes controlados pelo computador.


Tive a oportunidade de testar o multiplayer online e as partidas funcionaram de forma fluida. Podemos enfrentar jogadores aleatórios ou montar uma sala privada para jogar com amigos, por mais que só seja possível convidá-los diretamente. Aqueles mais competitivos vão apreciar essa modalidade, pois há rankings e níveis de jogador. Porém, particularmente, achei as opções um pouco limitadas — mais modos ou possibilidades de customização tornariam esses embates mais interessantes.

Essa edição tem “definitiva” no nome, mas na realidade trata-se de uma adaptação simples da última versão do jogo com algumas poucas modificações. A adição mais notável é um novo personagem jogável disponível no modo multiplayer, mas também houve rebalanceamento no online, ilustrações de personagens melhoradas e outros ajustes de qualidade de vida. Porém, alguns aspectos importantes, como as telas de carregamento frequentes e mau aproveitamento do espaço em tela, continuam intocados. No fim, fica mais a sensação de um relançamento do que uma edição definitiva de fato.



Uma mistura de gêneros admirável

Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition nos envolve com seus elaborados combates táticos de puzzle. As mecânicas básicas são bem simples, mas as nuances, as diferentes unidades e os elementos de RPG tornam os embates densamente estratégicos e viciantes. A extensa campanha com diferentes tipos de batalhas e o modo multiplayer funcional são capazes de nos prender por muitas horas, apesar de alguns problemas de balanceamento.

O relançamento recebeu a alcunha de definitivo, porém está mais para uma simples adaptação: são poucas as novidades e alguns aspectos negativos do original, como as inúmeras telas de carregamento, seguem intocados. Mesmo assim, o jogo ainda oferece conteúdo de qualidade e é uma ótima oportunidade para conhecê-lo em novas plataformas.

Com tantos destaques, Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition é essencial para aqueles que gostam de puzzles estratégicos e competitivos.

Prós

  • Sistema de jogo notável que mistura estratégia e puzzle de combinar;
  • Mecânicas adicionais trazem profundidade às partidas;
  • Elementos de RPG, facções e personagens oferecem muitas opções táticas;
  • Campanha vasta e com conteúdo interessante;
  • Modo multiplayer ágil e funcional.

Contras

  • Problemas de balanceamento atrapalham o aspecto tático das partidas;
  • Ausência de novidades ou melhorias significativas em relação à versão anterior.
Might & Magic: Clash of Heroes Definitive Edition — PC/PS4/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dotemu

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google