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Análise: Aliens: Dark Descent (Multi) nos leva a um mundo infestado de perigo e estratégia

Lidere um pelotão em um planeta tomado de xenomorfos nesta interessante experiência inspirada na franquia Alien.

Jogos baseados em filmes não são uma tendência atual. Desde sempre, existem experiências nos games que adaptam ou expandem obras do cinema. A franquia Alien é um exemplo disso. Com diversos jogos lançados desde a era 8-bit, títulos estrelados pelos famosos xenomorfos tiveram altos e baixos ao longo de várias décadas.



Dois títulos recentes baseados na franquia, Alien: Isolation e Aliens: Fireteam Elite, são bons exemplos de jogos que expandem a mitologia criada no cinema, trazendo diferentes abordagens dentro desse universo que mistura terror com ficção científica. Enquanto um foca no terror e nos aspectos de sobrevivência, o outro se concentra na ação para agradar aos dois extremos dessa série que busca manter sua relevância com o passar do tempo.
A franquia Alien já conta com 8 filmes, com o primeiro, 'Alien', datando de 1979 e o mais recente, 'Alien: Covenant', tendo sido lançado em 2017.
Na análise de hoje, voltaremos ao tenebroso universo de Alien em Aliens: Dark Descent. Este título mistura os gêneros de RPG tático com estratégia em tempo real para oferecer uma experiência desafiadora e viciante. Ao mesmo tempo, consegue criar uma ambientação digna desse mundo brutal onde “ninguém pode ouvir você gritar”.

Terror em Lethe

Nossa história começa a bordo da estação Pioneer, que orbita Lethe, uma lua controlada à força pela Weyland-Yutani e usada como fonte de trimonita, um minério valioso. Um dia, por algum motivo ainda desconhecido, um dos contêineres levados para a estação continha algo que não era o tão cobiçado recurso mineral.


Dentro desse contêiner havia uma criatura que, ao ser libertada, exterminou a tripulação da estação. Maeko Hayes, recém-promovida a vice-supervisora e uma das últimas sobreviventes, foi forçada a implementar um rígido plano de quarentena interplanetária na área. Ela consegue ser resgatada por um grupo de fuzileiros coloniais liderados por Jonas Harper, um sargento implacável que fará de tudo para lidar com a misteriosa infestação alienígena que, posteriormente descoberta, se originou em Lethe.


Na ocasião, a USS Otago, nave de operações dos fuzileiros, é severamente danificada e cai na superfície da lua. Ela agora se tornou a base fixa de operações dos fuzileiros enquanto é reparada para que possam sair desse verdadeiro inferno.


Agora, sua missão é liderar um pelotão audacioso de fuzileiros em investidas às colônias na superfície de Lethe, a fim de resgatar os sobreviventes da crescente infestação de xenomorfos e descobrir as conexões da Weyland-Yutani com essa nova ameaça. Fuzis de pulso e lança-chamas não serão suficientes se você não tiver coragem e astúcia para liderar a equipe.

Liderando em meio ao caos

Aliens: Dark Descent é um jogo que combina estratégia em tempo real com elementos de RPG tático e sobrevivência. Nele, o jogador assume o papel de líder de um pelotão de fuzileiros, enfrentando perigosas missões nas colônias e em outras localidades na superfície de Lethe. O objetivo é cumprir diversas tarefas que resultarão na evolução das técnicas e habilidades dos integrantes do esquadrão, tornando-os mais capazes e eficientes no combate contra os alienígenas implacáveis.

O pelotão é controlado como uma unidade; ou seja, se um comando de movimento for dado, todos seguirão juntos. Ações específicas, como soldar uma porta, revistar um corpo ou acessar um terminal, são atribuídas a um dos membros do grupo para serem executadas, enquanto os outros continuam seguindo a última ordem recebida. Ao finalizar a ação, o membro deslocado automaticamente reassume sua posição ao lado de seus companheiros.


Quando um inimigo é avistado, os fuzileiros do pelotão atacam automaticamente. O jogador pode utilizar pontos de comando para acionar novas funções, como o uso de armas específicas ( escopetas ou lança-granadas) ou ativar sentinelas móveis. Também é possível ativar habilidades únicas de algum membro do grupo que modificam aspectos do combate, como causar mais dano ou aumentar a taxa de acerto crítico.

Cabe ao jogador liderar o grupo de forma que o maior número possível de membros permaneça vivo. Perder um fuzileiro que já tenha desbloqueado diversas melhorias é uma grande desvantagem. O medo de perder o progresso devido a uma liderança falha se torna uma preocupação adicional, especialmente quando se percebe que um bom soldado fará falta nos momentos de maior necessidade.

Cada missão atribuída, correspondente a um capítulo da história do jogo, possui vários objetivos, mas dificilmente podem ser cumpridos em uma única investida. Em algum momento, o jogador precisa reconhecer seus limites e recuar para a Otago, a fim de elevar o nível de experiência dos fuzileiros e atribuir novas habilidades a cada um deles, utilizando os recursos obtidos durante as investidas no planeta.

Ilustrando um pouco essa dinâmica, para completar a primeira missão do jogo necessitei de quatro retornos à base. Alguns membros morreram e outros ganharam bons níveis de evolução para voltar fortalecidos e melhor equipados para a continuidade da missão em terra.


Na Otago, o jogador assume o papel da vice-supervisora Hayes, responsável por gerenciar o desenvolvimento de novos equipamentos e utilizar os recursos adquiridos pelo esquadrão durante as missões no planeta para acelerar o avanço tecnológico das armas e das melhorias.

Lutando no limite

Aliens: Dark Descent se inspira em conceitos de jogos como Darkest Dungeon no que diz respeito à saúde mental dos fuzileiros. Um dos principais fatores que afetam o desempenho dos combatentes em campo é o estresse. À medida que ele aumenta, penalidades começam a comprometer o progresso da missão.

Ações como entrar em combate, enfrentar vários alienígenas, testemunhar o rapto de um membro do pelotão e até mesmo sofrer uma mutilação em combate elevam o estresse dos fuzileiros, tornando-os menos eficientes e podendo até desenvolver fobias. Gerenciar essas situações para evitar que um combatente fique com a saúde mental abalada também faz parte das responsabilidades de liderança do jogador.

É preferível atacar menos e se esconder mais. Embora haja momentos em que apertar o gatilho seja inevitável, o jogo oferece oportunidades para usar criatividade e dispositivos para evitar emboscadas inimigas. Aliens: Dark Descent é uma experiência de aprendizado constante, desde o início até o fim, para dominar sua jogabilidade e astúcia.

Evitar usar excessivamente o mesmo personagem é uma forma de ajudar a amenizar a alta tensão que as missões causam em sua saúde psicológica. Ao retornar à base, o jogador pode avaliar a situação de cada membro do pelotão para decidir se deve manter um determinado soldado para a próxima missão ou atribuir um novo combatente ao grupo.


As mortes são permanentes, portanto é importante ficar atento para não sofrer a baixa de um fuzileiro que já tenha boas habilidades e ter que “começar do zero” com um novo recruta, comprometendo a qualidade do pelotão como um todo. Felizmente, o jogo permite uma flexibilidade na forma como ele é salvo, permitindo múltiplos arquivos de salvamento se assim o jogador preferir. Dessa forma, algumas decisões erradas podem facilmente ser revertidas apenas carregando um save anterior e tomando outra decisão.

Há muitas informações para o jogador assimilar ao jogar pela primeira vez, o que pode ser desconfortável para aqueles que têm pouco tempo para jogar ou não estão familiarizados com jogos desse estilo. No meu caso, as primeiras horas me causaram estranhamento e até mesmo tédio ao ter que ler tanto, mas rapidamente me adaptei ao mundo do jogo, o que foi facilitado pelos cenários e pela iluminação dos ambientes internos e externos das 12 missões existentes.

Feitas todas essas considerações, acho importante ressaltar que Aliens: Dark Descent é um jogo mais direcionado a um nicho específico, mais atraente a jogadores mais experientes e fãs desse gênero ou de jogos similares, como XCOM. Se você é fã da franquia, ainda poderá desfrutar do jogo, graças à ambientação sombria e fiel ao que já vimos no cinema.


No entanto, se você não se enquadra nesses grupos mencionados, esteja ciente de que este é um jogo difícil e, às vezes, implacável como um xenomorfo sedento por carne humana. Eu estou entre os que gostam de jogos de estratégia e sou fã da franquia desde menino, então pude aproveitar minha experiência com o game de forma satisfatória.

Uma boa adição à franquia

Aliens: Dark Descent é um título que oferece uma sólida experiência dentro do gênero de jogos inspirados na franquia Alien. Com uma ambientação extremamente fiel aos filmes, ele certamente agradará aos fãs da série que apreciam um desafio, mesmo que bem elevado, baseado em táticas e estratégia.

Prós

  • A ambientação é bem autêntica e fiel ao material do cinema;
  • A gestão do pelotão e da base adiciona um fator de gameplay diferenciado;
  • Ajustes no método de salvamento e no comportamento do menu de ações favorecem uma abordagem menos punitiva ao jogador;
  • Longa duração.

Contras

  • Arte e animações dos personagens nas cutscenes demonstram falta de acabamento;
  • Curva de dificuldade acentuada;
  • Excesso de informações pode gerar desconforto ao jogar;
  • As estruturas das missões são muito semelhantes e geram sensação de repetitividade;
  • Bugs técnicos pontuais na forma de stuttering (engasgos) e queda na taxa de quadros em momentos específicos.
Aliens: Dark Descent — PC/PS5/PS4/XSX/XBO — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia cedida pela Focus Entertainment

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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