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Análise: Aliens: Fireteam Elite (Multi) traz ação em doses satisfatórias, mas nada impressionante

Esse shooter de sobrevivência não é um sucessor espiritual de Aliens: Colonial Marines, felizmente.


"No espaço, ninguém pode ouvir você gritar".
Esse foi o intrigante slogan de Alien: O Oitavo Passageiro, em 1979. O filme de Ridley Scott trouxe uma mistura de terror e tensão até então inédita e se tornou um ícone do gênero de horror que apresentou ao cinema a aterrorizante figura do xenomorfo, o alienígena que intitula a trama.


Anos depois, em 1986, o visionário diretor James Cameron escreveu e dirigiu a sequência do aclamado filme, adicionando o elemento ação à experiência de Aliens: O Resgate, uma das melhores sequências da história do cinema. Foi seguindo a premissa frenética do segundo filme que a indústria dos games explorou a franquia com o passar dos anos, e foi pegando carona na mitologia dos fuzileiros coloniais que a Cold Iron Studios criou Aliens: Fireteam Elite. Prepare seu equipamento, fuzileiro: vamos descer!

A missão da UAS Endeavour

23 anos após os acontecimentos da trilogia original, acreditava-se que o terror das criaturas alienígenas havia chegado ao fim com a morte do último espécime do xenomorfo, graças ao sacrifício da tenente Ellen Ripley na colônia penal de Fiorina 161. Infelizmente, a Weyland-Yutani, corporação que administra diversas colônias espaço afora, ainda tinha seu dedo podre envolvido na cultivação das criaturas para usá-las como armas.

Nossa história tem início quando a UAS Endeavour, uma base móvel dos fuzileiros coloniais, detecta um chamado de socorro oriundo da Refinaria Colonial Katanga, na órbita do planeta LV-895. Um pelotão de elite é despachado para investigar o local e se depara com uma infestação fora de controle de aliens na instalação, que assassinaram todos os tripulantes.


A investigação posteriormente leva as tropas coloniais à superfície do planeta em busca de sobreviventes, e elas descobrem que a Weyland-Yutani não desistiu da ideia de cultivar as mortais criaturas para serem usadas como armas biológicas. Em meio aos conflitos, você e seu pelotão devem combater inúmeras hordas de xenomorfos para restabelecer a ordem e descobrir quais eram as reais intenções da corporação naquele local. Sua missão é aniquilar qualquer forma de vida que não seja humana.

Reúna suas tropas e ataque

Aliens: Fireteam Elite é um shooter em terceira pessoa com foco na cooperação entre os membros do pelotão para realizar missões. A campanha principal é composta por quatro missões, subdivididas em três fases cada, e conforme o jogador completa missões, acumula pontos de experiência para subir de nível e aumentar sua proficiência com os armamentos, liberando novas habilidades e se tornando um combatente mais letal e eficiente.

O pelotão é composto por três integrantes, que podem assumir diferentes funções nas missões de combate de acordo com sua classe: artilheiro (balanceado), demolidor (armamento pesado), técnico (habilidades de suporte) e médico (cura). Apesar de seu foco ser essencialmente na jogabilidade multiplayer, é possível jogar toda a campanha de Fireteam Elite sozinho, mas há alguns poréns ao optar por essa abordagem.


No lugar dos dois membros restantes, dois sintéticos — como são chamados os androides no universo de Alien — controlados pelo computador assumem essas posições para auxiliar o jogador. Entretanto, não é possível escolher a função deles, o que torna a experiência um pouco desbalanceada e evidenciando a real importância de se jogar com mais duas pessoas. O outro detalhe é a impossibilidade de pausar o jogo, uma decisão que achei um tanto incômoda. Descobri isso quando “pausei” o jogo para ir ao banheiro e quando voltei o pau estava quebrando loucamente.

O equipamento padrão de cada fuzileiro conta com duas armas que variam conforme a classe escolhida, além de duas habilidades secundárias, como lançar explosivos ou ativar alguma vantagem para a equipe, tal qual acelerar sua movimentação ou aumentar sua eficiência em combate por meio de efeitos que incluem maior cadência de tiros e recarga mais rápida. Cada categoria também dispõe de uma habilidade passiva que dá uma vantagem ao próprio jogador, seja ela de ordem ofensiva, defensiva ou de aprimoramento em alguma habilidade para dar apoio aos companheiros de armas. Itens consumíveis como minas, munições especiais e torretas automáticas também fazem parte do arsenal.


No decorrer da campanha principal, o jogador acumula pontos de experiência e de requisição sempre que concluir uma missão. A experiência, que é calculada separadamente para cada classe de fuzileiro, libera habilidades adicionais e espaços em uma tela de personalização para customizar o combatente. Os pontos de requisição são usados para adquirir novas armas, anexos para os armamentos, habilidades e visuais com o armeiro da Endeavour.

Um ponto determinante para o desempenho do jogador na missão é a sua classificação de combate. Cada missão possui um indicativo mínimo desse parâmetro, determinado por um valor numérico que mostra se o combatente está apto ou não àquela atividade. Para elevar esse número, é preciso equipar as armas com peças que a deixam mais potente e eficiente, além de possuir mais habilidades disponíveis oriundas do nível de experiência.

Por exemplo: a primeira missão possui uma classificação de combate de 150 pontos. Se o jogador não atender a esse parâmetro, terá dificuldades para cumprir a missão. Alterar o nível de dificuldade aumenta significativamente esse parâmetro, exigindo que o combatente esteja melhor equipado antes de embarcar.


A título de comparação, na dificuldade padrão, a CC recomendada na primeira fase é 150. No Intenso, um nível acima, ela já sobe para 500. A regra aqui é sempre manter sua classificação no nível mais alto possível, e quanto mais difícil a missão, melhores são as recompensas, que se resumem a mais e melhores armamentos e equipamentos, além de itens de caráter cosmético para customizar seu fuzileiro.

Eventualmente será preciso rejogar missões para acumular pontos e dinheiro, um detalhe que adiciona um fator replay altíssimo, principalmente se você quiser elevar o nível de todas as classes. Em minhas primeiras sessões eu alternei entre o artilheiro e o demolidor; foram as que mais me senti confortável durante minhas jogatinas para a análise — e também por serem as únicas que usam as mesmas armas dos filmes! Para elevar as demais classes, o mais fácil é jogar a campanha novamente com elas.


Os desafios diários e o modo de hordas liberado ao concluir a campanha principal também contribuem com esta característica, premiando o jogador com mais recompensas quando essas tarefas são cumpridas e seu desempenho contra as hordas de monstros melhora. Quem gosta muito de ação e desafio, principalmente de forma cooperativa, vai se divertir bastante por aqui.

No espaço, ninguém pode ouvir você atirar tanto

Um problema que deixa a experiência de Aliens: Fireteam Elite maçante bem rápido é a excessiva repetição de padrões das missões, que se resumem a avançar com seu pelotão encontrando hordas de inimigos que precisam ser dizimadas para avançar. Todas as fases contam com uma ou mais etapas onde você e seus companheiros precisam se preparar para se defender contra uma horda de aliens.

Os xenomorfos atacam sempre em bando e também se classificam em diferentes categorias, assim como os membros de nossa equipe. Os corredores, mais simples, são os mais frequentes e podem ser derrotados com facilidade, mas podem dar trabalho quando avançam em grande quantidade sobre o pelotão. Cuspidores e estouradores são classes intermediárias com habilidades mais específicas, evidenciadas pelos próprios nomes.

Os soldados e trituradores são os membros de elite, com alto poder ofensivo e defensivo. Se o pelotão não se coordenar para derrubar logo esses verdadeiros titãs, a derrota é certa. Outro detalhe que deixa esse combate interessante são as poças de ácido quando um xeno é abatido. Isso estimula a equipe a não ficar parada e adiciona mais um detalhe estratégico durante os combates.


A história, que é bem superficial, ajuda a deixar essas incessantes sessões de tiroteios menos entediantes, mas como você acaba tendo que cumprir algumas missões novamente para upar seus personagens, em determinado momento da jogatina você já sabe de cor e salteado o roteiro da fase e acaba jogando no automático. Detalhes da narrativa oriundos dos filmes são destacados por meio de documentos coletados durante as missões e diálogos, e até a trilha sonora possui nuances da trilha cinematográfica. É um fanservice simples mas bem-vindo.

Aumentar o nível de dificuldade ajuda a diminuir esse tédio, o que deixa a experiência bem mais interessante. Entretanto, as chances de progresso são maiores se todos os três membros do pelotão forem jogadores humanos. Numa escala de 1 a 5, é possível jogar sozinho sem tantas dificuldades até o nível 3. Os dois mais altos só são liberados após a conclusão da campanha. Julguei essa decisão boa por contribuir na curva de dificuldade do jogo.


Elevar o nível de desafio não só deixa os inimigos mais inteligentes e ferozes, como também altera modificadores para a equipe, como uma assistência de mira menor, menos chances de reviver um companheiro abatido, e o pior de todos: o fogo amigo. Em meio ao caos dos embates contra hordas quase intermináveis de aliens, não tem nada pior do que acabar acertando seus aliados no processo.

No meu caso, até o momento da publicação desta análise, eu não consegui jogar com ninguém, então não preciso dizer que minhas tentativas de investida em níveis de dificuldade mais altos não foram das mais bonitas. Foi bom para sentir a experiência ideal do jogo e me deixou motivado a experimentar dessa forma quando conseguir companheiros não sintéticos.


Cumpriu o que “Prometheus”

Confesso que minhas expectativas para Aliens: Fireteam Elite eram baixas. Eu já esperava mais um jogo qualquer pegando carona na licença da Fox, mas me diverti obliterando xenomorfos com meu fuzil de pulso — fora o prazer de tostar vários de uma só vez com um lança-chamas. Apesar da repetitividade constante, ele é divertido e desafiante de uma forma honesta e viciante. Como um fã dos filmes — da trilogia original, tá? —, presto continência a este jogo. Ele merece.

Prós

  • Mesmo com foco no multiplayer, é possível curtir a experiência em modo solo;
  • Os sistemas de classes, coleta de equipamentos, níveis de dificuldade e desafios diários oferecem um fator replay altíssimo;
  • Combate viciante e satisfatório para fãs de jogos de ação;
  • Fanservice tímido, mas competente para os fãs dos filmes.

Contras

  • A repetitividade do padrão das missões deixa o ritmo de jogo maçante e previsível;
  • A impossibilidade de selecionar a classe dos companheiros da IA cria desbalanceamento ao jogarmos em modo solo;
  • Sem opção de pausa ao jogar sozinho.
Aliens: Fireteam Elite – PC/PS5/PS4/XSX/XBO – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Focus Home Interactive

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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