Jogamos

Análise: Ray'z Arcade Chronology (PS4/Switch) — Uma trinca indispensável para os combatentes espaciais

Com direito a dois ports em HD, a trilogia RayForce, RayStorm e RayCrisis está de volta, em todo seu esplendor.

A legião de shoot ‘em ups desenvolvidos pela Taito sempre trouxe elementos criativos, e com a trilogia Ray não seria diferente. Os três títulos foram trazidos pela M2 e a ININ Games em Ray’z Arcade Chronology, que conta com os ports originais e versões com texturas em HD para dois dos clássicos portados.

Trilogia de cinco, mas poderiam ser seis ou sete

A série Ray em sua totalidade foi incluída nessa coletânea, com algumas melhorias. Os títulos presentes são:   

RayForce (1994) - Arcade, Sega Saturn: O primeiro da saga, ainda em 2D, inovou com a habilidade de um tiro auxiliar para abater inimigos em um plano inferior. 

RayStorm (1996)
- Arcade, PlayStation e Sega Saturn: a primeira sequência trouxe efeitos tridimensionais, como transições de cena com maior destaque para os elementos em primeiro plano, como as naves, chefes e power-ups. Nele, estão disponíveis duas espaçonaves para pilotarmos, cada uma com um tipo de armamento distinto.

RayCrisis (1998)
- Arcade, PlayStation e PC: o terceiro e último lançamento da linha, ele investiu forte na tridimensionalidade, não só para os ambientes e naves, mas também na transição entre os estágios e as batalhas de chefe, que apresentam uma movimentação bem mais variada que o deslocamento vertical costumeiro do gênero. É o mais longo de todos, com 42 mapas diferentes e três finais possíveis. Além das duas naves do título anterior, foi incluída uma terceira, acessível apenas por um código secreto.

Em conjunto com as versões originais de cada uma delas, há uma segunda para RayStorm e RayCrisis, com texturas em HD. A exemplo do port de G-Darius HD, essa aplicação em alta definição combinou bastante com ambos os jogos, mas percebe-se que nesta terceira entrada, a mais nova, o resultado ficou bem mais bonito e natural que em seu antecessor. 

Isso fica nítido pelas informações da nave na tela. Em Storm, elas parecem estar em baixa qualidade, como se não pertencessem àquele jogo, já que todo o restante está com uma textura em HD. No caso de Crisis, já não temos esta sensação. Ainda assim, a revitalização de ambos foi uma ideia bem-executada, não deixando nada a dever aos shmups mais atuais.

Como os ports são tratados de maneira individual, temos ao todo uma lista de cinco jogos. Por mais que RayForce seja o mais antigo, seria bacana se ele também tivesse recebido algum tipo de “embelezamento” HD, mesmo com seus gráficos bidimensionais.

Essas coletâneas costumam ter alguma pegadinha. A primeira aqui são duas versões disponíveis para compra. Enquanto esta contém os três (ou cinco) jogos da série, há uma outra chamada RayStorm x RayCrisis HD Collection, que é praticamente a mesma coisa, só que sem RayForce, já que ele não foi agraciado com um port HD.

A segunda, é que Ray’z Arcade Chronology ganhou um lançamento físico pela Strictly Limited Games, conhecida por produzir edições recheadas de bônus, o que é um prato cheio para os colecionadores. Entretanto, um dos aditivos é um código para um protótipo chamado R-Gear, que seria a sequência direta de RayForce.

Por se tratar de um aditivo digital, não há nada que justifique a não inclusão deste protótipo em Arcade Chronology, que seria a coletânea mais completa.

Atacando em dois planos

Agora que esclareci sobre os componentes da coletânea, vamos ao que interessa: o que a série Ray traz de diferente na jogabilidade. Além dos tradicionais projéteis sequenciais, temos uma mira fixa, que fica à frente da nave. Ela serve para travar os disparos nos inimigos que estão abaixo da nossa linha de ação. Dependendo do jogo, podemos travar de quatro até 25 inimigos de uma vez e assim evitar que eles nos alcancem e atrapalhem nossa rota.

Mesmo com a diferença gráfica entre eles, os três títulos contam com essa característica única, que torna a coletânea bem interessante aos fãs de jogos de nave que não puderam experimentar nenhum deles em suas plataformas de origem.

Outro aspecto que casa muito bem com os ports é que os comandos são simples e a ação é rápida, o que sempre é um casamento perfeito para o gênero. Em alguns momentos a tela pode acabar ficando muito poluída, principalmente em Crisis, que tem elementos mais piscantes, mas logo que nos adaptamos ao ritmo das ondas de inimigos, essa sensação diminui.

Raiz demais

Infelizmente, mesmo com os recursos modernos que costumam ser inseridos, em Arcade Chronology só contamos com os aspectos das versões Arcade da trilogia. Nenhuma das opções extras ou modos de jogo encontrados no PlayStation e Sega Saturn ganhou espaço. 

No mais, temos a possibilidade de alterar a dificuldade, número de vidas iniciais, quantidade de pontos necessária para a obtenção de uma nave extra, e podemos girar a tela em 90º, 180º e 270º. Para esta última opção, seguimos com o incômodo de ter que realizar os comandos como se a orientação da tela continuasse na vertical ascendente.

Quanto às melhorias visuais, os corriqueiros filtros de tela e papéis de parede de fundo também fazem sua aparição e se tornam ideais para quem quer emular a experiência de uma cabine de fliperama em sua totalidade. Uma das adições mais bacanas nesse sentido são as informações de jogo nas laterais, como porcentagem da barra de especial, nível de resfriamento para travarmos inimigos na mira da arma secundária, níveis do laser e do tiro e informações sobre o estágio.

E é claro que eu tinha que falar disso, mas não há a presença de uma galeria. À parte dos jogos, a única coisa que podemos fazer é salvar replays das nossas partidas. É uma falta grande para esse tipo de coletânea não ter nada além de uma tela de apresentação com uma breve descrição sobre cada Ray.

Agregaria muito ao pacote se fossem incluídas algumas amostras de arte, rascunhos, conceitos e até uma opção para escutar as músicas de cada obra separadamente, pelo menos de maneira digital. Pois é, todas essas coisas também estão inclusas na luxuosa edição física de colecionador da Strictly Limited Games.

Mais um ótimo trabalho

Ray’z Arcade Chronology é uma série que casou muito bem com o tratamento HD recebido. Ela foi inovadora na sua época e continua sendo uma excelente pedida para quem gosta dos shoot ‘em ups clássicos da Taito. 

O que faltou para deixar essa coletânea realmente impecável foi dar luz às versões de console da trilogia, bem como todas as opções que elas ofereciam, e investir no seu valor histórico, mostrando mais da trajetória da franquia Ray.

Prós

  • A jogabilidade, com ataque em diferentes planos, é ótima e se mantém bem divertida para os tempos atuais;
  • O tratamento HD de RayStorm e RayCrisis combinou muito bem com os títulos;
  • Dá para colocar diversas informações nos cantos inutilizados da tela;
  • Diversas opções para deixar os jogos mais amistosos com os iniciantes.

Contras

  • Um jogo adicional e diversos elementos que poderiam estar em uma galeria dentro da coletânea ficaram presas a uma edição de colecionador física;
  • Alguns elementos na tela do port HD de RayStorm ficaram estranhos;
  • RayForce também poderia ter ganhado um tratamento HD;
  • Os comandos não acompanham a disposição da tela se optarmos por rotacioná-la.
Ray’z Arcade Chronology — PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela ININ Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google