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Análise: Crash Team Rumble (Multi) é uma bagunça divertida, mas com conteúdo escasso

Em meio a partidas eletrizantes e um grinding um pouco cansativo, Crash e companhia conseguem achar um novo gênero para chamar de seu.

Após termos testado o seu beta fechado, finalmente chegou a hora de causarmos o caos com um grupo de amigos em Crash Team Rumble. O conteúdo final não está tão distante do apresentado no teste, mas ainda assim dá para perceber que o foco principal do jogo é a diversão simples e rápida.

Roubando frutas e juntando experiência

Cada time é composto por quatro integrantes que precisam alcançar a meta de frutas wumpa antes da equipe adversária. Para isso, é necessário depositá-las no banco correspondente da sua equipe, que está em algum local do cenário.

Além das frutinhas, é possível coletar relíquias para acionar diversas armadilhas, como bombardeios causados por Uka Uka, trampolins, proteções das máscaras Lani-Loli, Akano, Kupuna-Wa e Ika-Ika, tornados gigantes e até usar uma bola de praia para atropelar quem estiver pelo caminho.

Outro ponto importante no mapa são as gemas. Se nos jogos de aventura elas eram itens colecionáveis, em Crash Team Rumble elas desempenham o papel de plataformas especiais. Existem três grupos dessas plataformas, e assim que acionadas a equipe responsável ganha um bônus temporário na quantidade de wumpa coletada.

Os personagens disponíveis até o momento são:
  • Pontuadores: Crash, Tawna e Catbat - conseguem carregar mais wumpas do que os demais
  • Suportes: Coco e N. Cortex - especialistas em armadilhas, como construir muros e transformar os oponentes
  • Bloqueadores: Dingodile, N. Brio e N.Tropy - resistentes e fortes, ideais para bater nos adversários e fazer com que eles derrubem wumpas
Por mais que cada um tenha a sua função, é possível utilizar Dingodile para marcar pontos ou Crash para atrapalhar a coleta rival. A jogabilidade tem um papel chave em facilitar esse entendimento, pois os comandos são os mesmos de qualquer outro jogo do Crash de aventura, principalmente Crash Bandicoot 4: It’s About Time, que aumentou o número de personagens jogáveis.

Além disso, todos contam com uma espécie de poder que pode ser colocado em qualquer lugar do cenário. Pode ser uma planta cuspidora, um guarda gasmoxiano ou um refrigerador de cura. Esse tipo de habilidade pode ser usado livremente, desde que o jogador aguarde ele ficar disponível.

Nosso desempenho durante a partida é sinalizado com insígnias. Acumular quantidades específicas de cada uma delas ajuda a desbloquear novos conteúdos, como itens customizáveis, músicas, painéis e até outros personagens, já que apenas Crash, Dingodile e Coco estão disponíveis de início.

Como as partidas são rápidas e os comandos fáceis de aprender e praticamente intuitivos, é normal ter aquela sensação de querer sentar para jogar uma só e emplacar uma sequência de cinco ou seis. Entretanto, a recompensa para tudo isso é pouca.

Ganhar níveis de experiência e cumprir algumas metas específicas ajuda na obtenção de itens para customização, como chapéus, mochilas e skins, mas ainda assim a variedade é pouca e isso acaba obrigando o jogador a trocar de personagem, pois utilizar um só rende poucos prêmios.

Tem que ficar na rede

Como já era de se esperar, Crash Team Rumble exige uma conexão constante com a internet, pois o seu foco está nas partidas online. Além das partidas em rede com pessoas de qualquer lugar do mundo, e com cross-play, só é possível criar disputas com dois times fechados. No mais há o tutorial e o treino com bots. 

Ainda assim, poderiam ter sido implementados mais alguns modos de jogo ou metas diferentes baseadas apenas na coleta de wumpas. Não seria ruim ter alguma opção para ser curtida com mais de um participante de maneira local, relembrando o saudoso Crash Bash.

A rapidez com a qual as coisas acontecem após as partidas também pode acabar irritando algumas pessoas. Temos toda aquela mostra do placar que enumera as parciais de cada jogador, depois a tela de experiência e etc., mas enquanto isso o contador da próxima partida já está rodando e nem dá tempo de ver se liberamos algo, ou até de trocar nosso escolhido.

Entendo que a ideia é já sair conectando uma disputa na outra para evitar perda de tempo, mas ter que abandonar a sala só para poder ver o que falta para liberar alguma coisa e depois retornar para o primeiro pareamento, que é mais demorado, é algo um tanto quanto incômodo.

Outra consideração que tenho a fazer é que, talvez, Crash Team Rumble pudesse funcionar como um free-to-play que monetiza através da venda de passes e cosméticos. Pagar um preço cheio e mais passes para ter personagens que serão lançados no futuro pode se tornar um pouco pesado para o bolso de quem joga.

Mantendo a carinha bonita

Toda a identidade visual da série Crash Bandicoot sempre foi uma característica muito forte e, mesmo mudando o gênero do jogo, foi muito bem implementada. O modelo dos personagens foi a parte mais simples, já que todos eles são os mesmos de Crash 4. Até mesmo CatBat, que está estreando como integrante jogável, era um NPC de It’s About Time.

Já as nove arenas de batalha, por mais que tenham a mesma base de plataformas, depósitos de wumpa e caixas, conseguiram se mostrar bem criativas. Enquanto umas contam com abismos, outras têm elevações diversas no meio do caminho e passarelas suspensas. Os ambientes também são bem distintos entre si, variando entre deserto, praia, templos orientais e até um plano mais futurista.

E por falar em identidade, a trilha sonora também é bem bacana. As músicas seguem o mesmo tom divertido e biruta que as demais composições da franquia. Se você, assim como eu, sentir falta de alguma das melodias do passado, é possível selecioná-las como seu toque de vitória, para tocarem sempre que você eliminar alguém.

Potencial adormecido

Crash Team Rumble traz uma ideia leve, divertida, mas que foi afetada pelo conteúdo inicial modesto e tornou a conquista dos prêmios disponíveis uma tarefa repetitiva. Ainda assim, é uma ótima alternativa para quem sempre quis se arriscar em um jogo de arena, mas não encontrava uma opção mais amistosa.

Prós

  • Manter os comandos dos títulos plataformas facilita muito o entendimento do jogo;
  • O visual e a trilha sonora características da série foram muito bem implementados;
  • Partidas rápidas, dinâmicas e com cross-play;
  • Boa variedade de mapas.

Contras

  • Poucos personagens no elenco inicial;
  • Torna-se repetitivo com uma certa facilidade;
  • Não há muito tempo para readequar suas escolhas entre as partidas;
  • Pouquíssimos modos de jogo.
Crash Team Rumble - PC/PS4/PS5/XBO/XSX - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Activision


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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