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Análise: Teslagrad Remastered (Multi) supera as marcas do tempo e ainda oferece uma excelente experiência

Com poucas adições que justifiquem uma remasterização, a aventura do teslamante desconhecido ainda é capaz de mostrar porquê se tornou tão querida.

Eu fui pego totalmente de surpresa pelo anúncio/lançamento de Teslagrad Remastered. Tenho um carinho especial por este jogo por ter sido um dos primeiros que joguei quando migrei para o PS4. Gostei tanto que fiquei ansioso pela sequência, Teslagrad 2, já analisada aqui. Inclusive, esse é um dos curiosos casos no qual o primeiro jogo ainda se mantém melhor do que a continuação

Um pouquinho maior

À rigor, esta versão remasterizada focou em trazer melhorias voltadas para a parte estética, com gráficos melhorados para PlayStation 5 e Xbox Series X/S. Ainda assim, mesmo com uma década de vida, Teslagrad ainda se mostra um título muito bom para quem curte jogos de plataforma e metroidvanias.

Para quem nunca jogou, vou relembrar como funciona: controlamos um protagonista sem nome, que foge do exército repressor do rei, se refugiando em uma torre. Neste local, ele descobre a história dos teslamantes e alguns artefatos que o conferem habilidades. As botas permitem que ele se desloque velozmente pelo ar, como um relâmpago; a luva serve para socar objetos específicos para torná-los magnéticos ou inverter sua polaridade; o capuz cria um campo magnético que é útil para escalar paredes e alcançar lugares mais distantes; e a bobina dispara raios que podem eliminar os soldados que te perseguem.

Temos que vasculhar cada sala da torre para descobrir trechos da história e derrotar inimigos autômatos, soldados do rei e outras criaturas. É vital saber utilizar cada habilidade na hora exata e também em conjunto para progredir na jornada. Como todo típico metroidvania, assim que conseguimos uma habilidade nova, nossa capacidade de explorar uma mesma sala de maneiras diferentes nos leva a descobrir novas passagens e itens escondidos.

Toda a lenda é contada através de animações silenciosas, como as que aparecem nas “salas-teatro”, imagens pintadas nas paredes da torre e pelos 36 pergaminhos espalhados pela construção. Infelizmente isso pode ser desanimador para quem gosta de histórias mais ricas e com detalhes, pois tirando isso, Teslagrad não tem falas, narrações ou sequer legendas. Logo, o exercício mental de “juntar os fatos” pode não ser tão recompensador.

Para não dizer que os desafios não aumentaram, perto do final do jogo uma câmara nova é aberta, com alguns teleportes que nos jogam em locais cheios de perigos e com um nível de dificuldade bem acima da média comparado com o restante. É uma ótima adição, mas  apenas isso.

O remaster é sim bem-vindo, mas exceto por essa nova porção de plataformas, ele é exatamente o mesmo título lançado há 10 anos, com uma leve melhoria visual. A jogabilidade também mostrou uma melhora, exigindo menos precisão de quem está no comando na hora de acertar saltos milimétricos, mas ainda assim ela poderia ter recebido uns ajustes mais significativos. Não por ser ruim, mas para acompanhar a evolução dos demais títulos do gênero.

Também seria bacana ter algum outro modo de jogo que aproveitasse a habilidade do jogador, como realizar desafios dentro de um tempo específico ou sem poder usar alguma determinada habilidade.

Como vinho

Teslagrad Remastered mostra como o título se tornou um clássico moderno dos indies, com um level design bem estruturado, ótimos visuais e jogabilidade criativa, o que faz o jogador realmente absorver a experiência do jogo. Entretanto, qualquer remaster que se preze atualmente precisa oferecer mais aos fãs do que somente melhorias pontuais e poucas fases adicionais.

Para quem quiser conhecer, indico tranquilamente, mas se você já jogou a primeira versão de 2013, talvez não se empolgue tanto. Vale citar, para quem não conhece os dois títulos dessa saga, que é possível comprá-los separadamente ou em um conjunto.

Prós

  • Mesmo com 10 anos, o level design continua interessante e bem desenvolvido;
  • O estilo artístico desenhado a mão é muito bonito;
  • Jogabilidade e enigmas interessantes;
  • Melhorias gráficas e de movimentação;
  • Adição de um novo local com desafios mais árduos.

Contras

  • Não há nenhuma adição de fato que melhore a experiência oferecida pelo jogo;
  • Para quem gosta de histórias mais detalhadas, não ter falas ou legendas pode ser bastante incômodo;
  • Ausência de novos modos de jogo.
Teslagrad Remastered — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Modus Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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