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Análise: Teslagrad 2 (Multi) se perde um pouco na proposta, mas tem seu poder de atração

Após uma década, voltamos a controlar uma teslamante em uma missão de conhecimento e exploração de terras misteriosas.

Teslagrad foi um dos primeiros indies a dar as caras no PlayStation 4 e Xbox One, que iniciavam a sua disputa geracional em idos de 2013. Uma década se passou e Teslagrad 2  chegou para dar continuidade para o título que conseguiu se tornar um clássico por si só.

Magnetismo hereditário

Nossa protagonista da vez é a jovem teslamante Lumina, que é abatida em pleno voo pelos exércitos de vikings aéreos de Galvan, e acaba aterrissando em Wyrheim, Para combater o tirano nórdico, ela precisa explorar toda a região, descobrindo novos poderes e com a ajuda de um aliado desconhecido.

Como no jogo anterior, tanto a jogabilidade baseada em manipulação magnética e história contada apenas por imagens e cartas, sem diálogos, foi mantida. Logo, o estilo artístico tem um apelo fortíssimo e muito efetivo para o entendimento da narrativa. Desde as cartas colecionáveis até as cenas em momentos de climas, quem curtiu o jogo anterior, assim como eu, também irá ficar encantado.

A trilha sonora também vem para impressionar, focando em melodias nórdicas, com base no ambiente de Teslagrad 2, que é menos “industrial” que o primeiro, trazendo paisagens escandinavas, como geleiras, cavernas subaquáticas, campinas e castelos. Tudo isso vem integrado com os quebra-cabeças que envolvem a manipulação de polaridades, simbolizadas pelas cores azul e vermelha.

Além disso, também descobrimos acessórios que conferem novos poderes à nossa heroína. Podemos contar com o tradicional deslocamento relâmpago, que agora pode ser utilizado em fios elétricos espalhados pelo espaço, um machado magnetizado e botas especiais que nos fazem deslizar com velocidade, só para citar alguns.

Toda essa mistura do que era tradicional com o que é novo consegue manter vivo o DNA da franquia de maneira bem bacana e natural, e ter uma história nova ajuda muito. Infelizmente, há um leve tropeço que impede que Teslagrad 2 seja maior que seu sucessor.

Tá com pressa?

O estilo metroidvania ainda dá a tônica da exploração em Teslagrad 2, mas parece que tudo ficou bem mais acelerado, o que quebra o clima de conhecer a história pela jornada em si. Não quero parecer muito apegado ao primeiro jogo, mas um dos principais chamarizes dele eram os quebra-cabeças que precisavam de bastante atenção, além das áreas secretas e múltiplos caminhos que escondiam os pergaminhos secretos.

Logo, era de se esperar que a aventura de Lumina expandisse essa experiência, mas parece que é nesse ponto que o jogo tropeça. Os ambientes novos são bem bacanas e bonitos, mas parece que agora há urgência em fazer tudo correndo. Uma prova disso é que, por mais de uma vez, a protagonista tem que sair correndo ao ser perseguida por uma criatura inimiga ou tem que ir de um ponto a outro em um período de tempo apertado.

Os poderes que conseguimos também aumentam essa sensação, já que eles têm um foco maior no deslocamento do que no combate. Por fim, é perceptível que o level design deu prioridade para caminhos sinuosos e planos em detrimento às plataformas em geral e puzzles envolvendo os magnetos.

Se tudo isso que relatei não é o bastante, então o tempo de conclusão fala por si só. Se ignorarmos a busca pelos colecionáveis, que são o único motivo válido para revisitar cada canto do mapa, a aventura dura aproximadamente uma hora. E nem estou falando de fazer speedrun, apenas focar no objetivo principal. 

Vale ressaltar que não há uma recompensa por tempo de jogo, e o final secreto está justamente ligado à completar a coleção de 81 pergaminhos. Mas ainda assim, explorar o mapa se torna cansativo depois de um tempo.

Um grande legado para manter

Mesmo com dificuldades para manter o magnetismo do seu antecessor, Teslagrad 2 é um bom jogo. Não há o que falar das trilhas sonoras e estilo visual, que continuam sensacionais, mas deu para perceber que o seu desenvolvimento se dividiu um pouco no que diz respeito à exploração do mapa e jogabilidade.

Prós

  • Excelente estilo artístico;
  • A fórmula de contar a história por imagens e cenas, sem falas, ainda funciona muito bem;
  • A trilha sonora combina perfeitamente com os momentos de ação e exploração;
  • Os novos poderes são bem bacanas.

Contras

  • O foco na ação acelerada vai contra a premissa da exploração do ambiente;
  • Uma quantidade bem baixa de puzzles com as habilidades de Lumina.
Teslagrad 2 —  PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX —  Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Modus Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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