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Análise: SkateBIRD (Multi) tenta um novo voo, mas com as mesmas manobras

Os passarinhos de skate chegam ao PlayStation com algumas novidades, porém sem corrigir os problemas de antes.

No ano de 2021, fomos brindados com a pérola SkateBIRD no Xbox, PC e Switch, com a ideia divertida, mas mal-executada, de colocar um passarinho em cima de um skate para barbarizar por diversos cenários. Agora, os donos de PlayStation 4 e 5 também podem se aventurar com um skatista aviário, mas isso não quer dizer que houve muitas melhorias.

De skate eu vim, de skate eu vou

Para quem ainda não está familiarizado com a premissa surpreendente de SkateBIRD, eu faço um resumo: controlamos Birb, uma ave que utiliza sua prancha com rodinhas para cumprir missões para ajudar seu amigo Big, que foi "encarcerado" em um emprego.

Claramente feito em cima de tudo que Tony Hawk’s Pro Skater trouxe para os games, SkateBIRD alterna ótimas ideias e defeitos bobos, que o impedem de ser uma homenagem divertida.

A principal delas é a jogabilidade. Este jogo é a prova de que passarinhos podem ter labirintite, já que, quando menos esperamos, Birb sofre uma queda boba ao colidir levemente com algum objeto, e isso interrompe uma sequência de manobras. 

Por se tratar de um animal com asas, podemos dar mais um impulso no ar após fazer um ollie, mas às vezes essa habilidade pode mais atrapalhar do que ajudar. Também ocorre do pequeno bicudo ficar preso em paredes e rampas; não é tão frequente, mas acontece do nada.

A câmera também pode jogar contra quem está no controle diversas vezes. Não é incomum acontecer de ela não acompanhar o nosso movimento e girar para o lado contrário, causando uma desorientação tremenda.

Juntando essas questões com a física que ora te deixa voando, ora te puxa como uma âncora, temos uma imprecisão irritante ao realizar cada missão. Por fim, há algumas quedas leves, mas constantes de performance.

Tirando tudo isso que citei acima (que eu sei que não foi pouco), SkateBIRD é inegavelmente engraçado. A despeito dessas falhas, que persistem desde seu lançamento em outras plataformas, ele não é um jogo ruim, apenas mal-otimizado.

Currupaco’s Pro Skater

Se você, em algum momento da vida, jogou qualquer entrada da franquia Tony Hawk, vai se sentir em casa com as missões e controles de SkateBIRD. A lógica de executar as manobras é a mesma, mas sem os comandos especiais. Outra inspiração, esta mais específica, vem de Tony Hawk's Pro Skater 4, já que circular pelo cenário é livre e o cronômetro só aparece assim que aceitamos alguma missão dada por um dos passarinhos no local.

Birb pode executar flips, grinds e grabs diferentes ao combinarmos as manobras com algum direcional. As missões envolvem objetivos já conhecidos, como coletar coisas pelo caminho; realizar manobras ou combos; atingir pontuações específicas; e alcançar um determinado local.

O que traz um estranho charme a SkateBIRD é que ele vai além do meme de ser um passarinho sobre um skate. Todas as pistas são projetadas com objetos caseiros, como diversas revistas, panelas, camas, estantes e caixas; até clipes de papel são emendados para fazer corrimões.

Para quem quer algo mais tranquilo, é possível desligar a necessidade de controlar o balanço durante manuais e grinds, além de desligar o cronômetro das missões. É algo sutil, mas nos faz aproveitar melhor o aspecto sandbox dos cenários, que também podem ser explorados livremente.

Cada estágio conta com um número determinado de colecionáveis, que incluem novas músicas, rodinhas, roupinhas e pranchas. É um adicional típico e bacana, que aumenta o fator replay de maneira natural.

Um ponto muito a favor desse lançamento para os consoles da Sony é que ele traz de cara mais conteúdos que só foram introduzidos nas demais plataformas depois de um bom tempo. Isso inclui uma pista nova, com outros objetivos, e uma playlist que reúne quase 80 músicas.

A trilha sonora é surpreendentemente boa, com faixas que transitam entre o lounge e o punk rock, e podemos selecionar quais farão parte da execução durante as fases. Entretanto, o jogo troca as músicas sempre que entramos em uma missão nova, então se engatamos em uma sequência para resolver várias sequencialmente, dificilmente passaremos dos dois primeiros minutos delas.

Outro aspecto legal são os passarinhos fotorrealistas que podemos usar como nosso avatar. São mais de 40 espécies, além de um grupo de convidados especiais, que podem ser caracterizados com itens diversos, variando entre óculos escuros, cartolas, antenas, cachecóis, mochilas, gravatas e outras opções mais pitorescas.

Por fim, há uma opção de atividade que tecnicamente não serve pra nada: fazer carinho no pássaro. Controlamos uma mão virtual para acariciar o bico, as asas e a barriga do bichinho. Não é funcional, mas também não faz mal a ninguém.

Voo raso

SkateBIRD poderia ter melhorado sua física e corrigido problemas que já estão presentes desde o seu primeiro lançamento. Ainda assim, as adições de conteúdo que foram feitas e seu carisma natural fazem valer algumas horas de jogatina.

Prós

  • A trilha sonora é tem faixas excelentes;
  • A adição de conteúdo extra desde o começo é uma ótima vantagem em relação a primeiro lançamento;
  • Várias opções para personalizar seu passarinho;
  • Os cenários são criativos e valem para um ótimo sandbox.

Contras

  • A influência da física é aleatória;
  • Colisões mínimas podem derrubar o passarinho da prancha;
  • A câmera não colabora em diversos momentos;
  • Quedas de performance aleatórias;
  • Poder acariciar sua ave é uma opção que não tem nenhuma usabilidade de fato;
  • As missões alteram a música constantemente.
SkateBIRD — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Glass Bottom Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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