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Análise: OTXO (PC) é um roguelite com ritmo frenético e viciante

Desvende os mistérios de uma mansão onde tudo e todos querem te matar neste título indie recheado de ação.


OTXO (pronuncia-se oh-cho) é uma experiência de ação roguelite em que assumimos o papel de um homem que, misteriosamente, precisa explorar uma mansão para resgatar um ente querido em meio a um ambiente brutal, sombrio e repleto de tiroteios selvagens. Na análise a seguir vamos conhecer um pouco mais deste título que abusa do abstrato e da ação para segurar nossa atenção.

Todos querem te matar

A premissa de OTXO é bem simples. No papel de um homem sem nome, misteriosamente somos levados a uma misteriosa mansão na beira de uma praia em sabe-se lá onde. A única coisa que sabemos é que sua amada está lá dentro e precisamos salvá-la. Como falar é mais fácil do que fazer, como sempre, a jornada nos levará a intensos tiroteios contra pessoas misteriosas que só querem te matar.

A única coisa que nosso camarada tem para ajudá-lo em sua investida suicida é a ajuda de um barman, algumas armas que encontrará pelo caminho e muita habilidade em tentar não tomar um tiro no meio da cara. A parte da habilidade fica na mão do jogador, como sempre.


OTXO é um jogo de tiro com visão de cima, comumente chamado de top-down shooter, com elementos de roguelite, ou seja, é mais um daqueles jogos em que você começa com praticamente nada e precisa equipar e fortalecer seu personagem conforme avança na partida. Se você morre, perde tudo e volta para a estaca zero.

A estética em pixel art, somada ao tema violento do game, evoca inspirações com outro jogo com uma proposta semelhante: Hotline Miami. Porém, diferente do título da Dennaton Games, OTXO tem como ponto mais fraco seu roteiro que, como já deu pra perceber no início desta análise, é bem básico.

Conforme fui jogando, notei que ele é cheio de momentos em que quer contar a narrativa por meio de cenas que surgem de forma aleatória durante a partida. Válido para dar o ar de mistério a que se propõe, mas é preciso jogar por bastante tempo e conseguir encaixar as peças para entender o roteiro, então vamos deixar de lado esse ponto e partir para o que realmente interessa no game: o gameplay.


O jogador precisa atravessar salas cheias de inimigos fortemente armados para progredir no game. Uma mecânica bastante interessante, e que precisa ser dominada bem rápido, diz respeito ao arsenal de armas que podemos utilizar para eliminar os inimigos e avançar. São pistolas, espingardas, fuzis, metralhadoras, facas, granadas e até mesmo um machado bem parecido com o Leviathan de Kratos.

O jogador tem a seu dispor essas armas diretamente dos corpos caídos dos inimigos. Se uma arma já está com a munição quase no fim, jogue fora e já pegue outra. Ficar desarmado, mesmo que por um segundo, pode ser a diferença entre o progresso ou um fracasso precoce.

Também é possível dar chutes para arrebentar portas e surpreender os inimigos de uma sala, além de realizar rolamentos para esquivar das chuvas de balas que querem tirar sua vida. Nosso chapa pode usar uma habilidade chamada Foco para criar um momento de câmera lenta para facilitar sua movimentação na hora de fugir de tiros ou se posicionar de forma estratégica na tela para dar tiros nos inimigos também.


Se você for como eu, prepare-se para algumas boas derrotas nas primeiras partidas para pegar as manhas desses detalhes de mobilidade que o game possui. Enfim, como todo roguelite que estamos pegando pela primeira vez.

Muito frenético, pouco inovador

OTXO é uma loucura! Não querendo parecer exagerado, mas o ritmo de jogo é intenso desde a primeira sala quando iniciamos uma nova partida. O barman que mencionei no início da matéria nos fornece bebidas com habilidades extras que podem ajudar em nossa investida atual. A primeira é por conta da casa, mas nas demais vezes que encontrar o homem, é bom ter moedas o suficiente para comprar outro drink de vantagens.


Um medidor de combo multiplica a quantidade de moedas obtidas nos abates dos inimigos. Quanto mais rápido for nossa passagem por uma sala, ou seja, quanto mais inimigos matarmos em sequência, o multiplicador sobe e o número de moedas obtidas também. Além de comprar drinks, o dinheiro também pode ser usado para encomendar novas bebidas e obter colecionáveis, que temos a oportunidade de comprar quando uma sala extra aparece de forma aleatória em nossa partida.

A jogabilidade é muito ágil e frenética. Seja jogando no teclado, usando o mouse para mirar, ou então um controle, deixo como recomendação ajustar a sensibilidade do cursor de mira para tentar deixar a jogatina mais agradável. A câmera, por padrão, é muito sensível, e isso atrapalhou um pouco até que eu consegui achar o ajuste ideal.

OTXO é rápido. Um momento de desatenção pode botar tudo a perder, visto que os inimigos vão ficando cada vez mais espertos à medida que avançamos nas salas. Houve momentos em que morri na segunda sala, enquanto em outros eu já estava passando do terceiro chefe.


Falando em chefes, o desafio ao enfrentá-los se mostrou bem menos complicado se comparado aos embates nas salas que os precedem. É mais fácil morrer por conta de um vacilo em meio a dois caras num corredor do que num esbarrão com um dos chefes. Nesse ponto o jogo mostrou um certo cuidado para deixar o desafio onde realmente interessa, que são os mapas contra hordas de inimigos. Esse detalhe pode ser uma boa para alguns, enquanto para outros não.

OTXO adota uma direção artística em pixel art que usa uma paleta de cores muito simplista, em preto e branco, com usos sutis de vermelho para dar destaque a alguns detalhes e, claro, destacar a sanguinolência dos tiroteios. Esse estilo “meio noir” dá um tom legal na apresentação, mas no jogo ele paga um preço nas eventuais confusões visuais que essa limitação de cor proporciona.

Algumas vezes perdi de vista alguns detalhes, como as armas no chão ou alguma armadilha, visto que tudo tem a mesma cor e, com o uso do vermelho para destacar, no meio do chão ensanguentado às vezes somem da nossa vista.


Outro ponto que deixa nossa jogatina um pouco sem rumo é a falta de algum tipo de tela, menu ou mesmo elemento narrativo que deixe claro que estamos tendo algum tipo de progresso. O ciclo de morte e recomeço é constante caso você esteja na pilha por conta de uma morte boba após passar por algumas salas, mas o recomeço será sempre o mesmo: você, a praia, um drink e mais uma sessão de tiros.

Com uma dificuldade acentuada já de início, esse é um daqueles roguelites que foi feito para quem realmente conhece o gênero. Depois de tomar uns belos sopapos, e com um pouco de sorte nas opções de bebidas no bar, tive partidas bem mais proveitosas que outras, enquanto algumas morreram, literalmente, na praia onde o jogo recomeça toda vez que somos derrotados.

E dá-lhe tiro!

OTXO é uma boa pedida para quem curte ação sem rodeios de histórias elaboradas ou mecânicas muito complexas. Mesmo sem trazer nenhuma novidade ao gênero roguelite, a jogabilidade simples, mas ainda desafiadora, é o principal destaque deste título indie que usa e abusa da ação para proporcionar uma experiência quase cinematográfica de tiroteios.

Prós

  • O gameplay abusa da ação para prender nossa atenção;
  • Trilha sonora empolgante.

Contras

  • A câmera é muito sensível;
  • Nenhum aspecto em particular que o destaque dentro do gênero roguelite;
  • A paleta de cores limitada pode atrapalhar a visualização de itens no cenário;
  • A sensação de progresso inexiste.
OTXO — PC — Nota: 7.0
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital cedida pela Super Rare Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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