Jogamos

Análise: Final Fantasy Pixel Remaster (Multi) é uma coletânea imperdível para fãs de RPGs

Retorne aos jogos que começaram uma das maiores e melhores sagas do mundo dos games.

Quando Final Fantasy Pixel Remaster foi anunciado para PC e dispositivos móveis em meados de 2021, muitos jogadores — incluindo este humilde redator que vos escreve — estranharam a ausência de um lançamento nos consoles, onde a série começou e se popularizou há quase quatro décadas (o tempo voa, não?).

Agora, anos após sua estreia, esta coletânea com os jogos clássicos de Final Fantasy finalmente chega ao Nintendo Switch e aos consoles PlayStation, contendo algumas novidades significativas para, em tese, compensar o longo tempo de espera. 

Felizmente, o resultado, como veremos a seguir, é um pacote imperdível para os fãs de RPGs e para todos aqueles que possuam interesse em conhecer as origens de uma das franquias mais importantes da história dos jogos eletrônicos.

A necessidade de remasterizar capítulos fundamentais de uma lenda

Final Fantasy Pixel Remaster engloba nada menos que os seis primeiros jogos da saga da Square Enix: Final Fantasy I (1987), Final Fantasy II (1988), Final Fantasy III (1990), Final Fantasy IV (1991), Final Fantasy V (1992) e Final Fantasy VI (1994).

Embora esses títulos tenham sido lançados originalmente em apenas dois consoles (Famicom e Super Famicom, as versões nipônicas dos nossos queridos NES e Super NES), seus diversos relançamentos ao longo dos anos trouxeram um problema considerável: não havia, até agora, uma forma “definitiva” de jogar todos esses clássicos nas plataformas atuais. 

Para piorar a situação, alguns jogos, como Final Fantasy III e IV, foram refeitos em 3D, mas a discrepância entre o tempo de lançamento e as plataformas contempladas (Nintendo DS, PlayStation Portable, Game Boy Advance e até os iPads entraram na brincadeira) significava que você precisava ter bem mais que apenas um console ou dispositivo para conhecer a saga de forma completa.

Por isso, Final Fantasy Pixel Remaster foi desenvolvido: como explicado no site oficial do jogo, o grande objetivo desta coletânea foi criar um “ambiente” no qual tanto os veteranos quanto os novatos na série pudessem experimentar os seis títulos originais de forma coerente nas plataformas atuais e mais populares. Felizmente para nós, a missão foi cumprida!

O que mudou de fato?

Primeiramente, convém explicar que, como o seu próprio nome entrega, Final Fantasy Pixel Remaster não é um remake. Aqui você estará jogando essencialmente os mesmos jogos de décadas atrás, apenas com adições de qualidade de vida.

Isso, claro, não quer dizer que tais adições não sejam substanciosas. Todas as faixas dos seis jogos, por exemplo, foram belamente orquestradas sob a supervisão do gênio Nobuo Uematsu, concedendo vida nova a algumas das melhores composições já feitas quando o assunto é game music.

Ah, mas você é do time que acha que não se mexe no trabalho original? Sem problemas, também é possível jogar ou rejogar os games com suas trilhas em chiptune e lembrar dos sistemas de som de 8 e 16-bits que tanto nos trouxeram alegria em tempos mais simples. Há até um modo “music player”, no qual é possível ouvir as faixas individualmente e montar playlists.

Prosseguindo no quesito novidades, a jogabilidade dos seis jogos também sofreu algumas mudanças. Agora, é possível aumentar a quantidade de experiência que é recebida após uma batalha, por exemplo, ou desligar os encontros aleatórios enquanto se atravessa o mapa. Também há a possibilidade de pular cutscenes, deixar as batalhas em modo automático e criar um save state, acessível diretamente do menu na próxima vez que você iniciar o jogo.

Essas adições — todas opcionais, diga-se de passagem — são muito bem-vindas e ajudam a tornar as experiências menos maçantes e dependentes do controverso grind. Afinal, o que a nostalgia não pode negar é que o que entendemos como game design evoluiu muito desde o lançamento de FF6, o mais recente da coletânea, em 1994.

Os jogadores também poderão esperar alguns outros mimos, como a já tradicional galeria de artes com scans de alta qualidade de peças-chave e artes conceituais e um bestiário explorável, que vai se preenchendo com informações conforme você encontra novas criaturas em cada jogo.

Já no quesito gráfico foi onde houve o menor número de alterações significativas, por incrível que pareça. Quer dizer, todos os jogos agora estão com aspecto 16:9 (widescreen) e personagens remodelados, mas as alterações, no fim das contas, são extremamente sutis. 

Acredito que não é algo que incomodará a maioria dos veteranos — alguns, creio, até preferirão dessa forma —, mas imagine como seria se estes jogos tivessem sido refeitos no estilo HD-2D, aos moldes de Octopath Traveler II (Multi) e Triangle Strategy (Multi), da própria Square Enix…! Não custa sonhar, não é mesmo?

Por fim, o melhor: todos os seis jogos, pela primeira vez na história, estão oficialmente localizados para o português brasileiro. Considerando que aqui estão RPGs com horas e mais horas de diálogo, trata-se de um recurso fundamental que certamente agradará a comunidade brasileira. Tenho certeza de que, quando escrevo o seguinte, o faço em nome de muitos: obrigado, Square Enix!

Uma fantasia que vale a pena vivenciar

Bem, se você leu até aqui, é hora da pergunta-chave: Final Fantasy Pixel Remaster vale a pena? Sendo perfeitamente honesto, aqui está uma coletânea que cumpre a sua proposta principal de entregar uma forma coesa e coerente de jogar seis obras seminais das eras 8 e 16-bit nas plataformas atuais. 

Decerto, a sua remasterização gráfica poderia ter ido além, abraçando o estilo HD-2D, ou a Square poderia ter reunido no pacote as versões lançadas ao longo dos anos. Mas, para todos os efeitos, não há como negar que este é, de longe, o melhor jeito atual de conhecer os jogos que estabeleceram a fundação de uma das franquias mais importantes do mundo dos games, graças às alterações sutis e avanços no quesito qualidade de vida. 

Portanto, seja você um fã inveterado de Final Fantasy, um curioso novato no mundo dos RPGs japoneses ou mesmo um interessado na história dos jogos eletrônicos, adicione Pixel Remaster à sua coleção ou lista de desejos; aqui estão capítulos importantíssimos de uma fantasia que merecem ser vivenciados — e que bom que podemos fazer isso em novas plataformas, seja pela primeira ou milésima vez.

Prós

  • Seis dos mais importantes JRPGs reunidos em uma única coletânea;
  • Os jogos podem ser adquiridos individualmente;
  • Possibilidade de alternar entre a trilha sonora belamente orquestrada, novidade desta versão, e a original em chiptune;
  • Adições opcionais de qualidade de vida mitigam o grind e aproximam os jogos dos padrões atuais;
  • Mais de 100 horas de gameplay, considerando todos os jogos;
  • Suporte a troféus e conquistas em plataformas que contém esses recursos;
  • Localizado em português brasileiro.

Contras

  • A atualização gráfica poderia ter ido além;
  • Deixa de lado melhorias introduzidas em relançamentos posteriores, como os do Nintendo DS e PlayStation Portable.
Final Fantasy Pixel Remaster — PC/PS4/Switch/Mobile — Nota: 8.5 
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Square Enix

é bacharel em Produção Cultural pela UFF e estudante de Comunicação Social pela FSMA. Na infância, ganhou um Super Nintendo dos pais e, desde então, nunca mais deixou o mundo dos games. Ainda sonha em ser um Mestre Pokémon.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google