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Análise: Hi-Fi RUSH (XSX/PC) é um jogo de ação surpreendente, pulsante e divertidíssimo

Lançado de surpresa, o jogo une os gêneros hack and slash, plataforma e ritmo de uma maneira fantástica.


Hi-Fi RUSH é um hack and slash rítmico com elementos de plataforma em que acompanhamos as aventuras de Chai, um jovem que deseja se tornar um rockstar e se oferece como voluntário para um experimento das indústrias Vandelay, uma mega corporação que promete tornar o mundo um lugar melhor por meio de aprimoramentos cibernéticos.

Batida do coração

Porém, o experimento dá errado e acidentalmente o aparelho de música do rapaz acaba alojado em seu peito. Essa combinação gerou um estranho efeito no mundo ao seu redor, fazendo com que todas as coisas pulsem e reajam ao ritmo da música que está tocando. Além disso, o coletor de sucata de Chai, que deveria ser usado para recolher lixo, adquiriu propriedades magnéticas inesperadas, permitindo formar uma espécie de guitarra que pode ser usada como arma.


Isso faz com que o jovem seja considerado um “defeito” pelas indústrias Vandelay, que querem eliminá-lo para esconder sua falha. Durante sua fuga, o rapaz encontra uma inesperada ajuda e acaba descobrindo que há uma trama muito mais sinistra rolando nos bastidores. Junto com seus novos amigos, Chai fará o possível para desmascarar e acabar com os planos da mega corporação e, quem sabe, se tornar uma estrela do rock.

No compasso

A principal atividade de Hi-Fi RUSH é o combate, que segue o clássico estilo hack and slash, mas com um diferencial: todos os ataques são sincronizados com a batida da trilha sonora. O jogo é muito menos punitivo do que outros jogos de ritmo, pois não lhe obriga a acertar os ataques exatamente com as batidas. Ainda que você erre, os ataques sempre serão sincronizados, mas se os comandos forem executados dentro do ritmo, ganham um bônus no ataque.


Todo o cenário, os ataques e a música seguem um compasso constante de 4/4. É possível fazer ataques fracos, que seguem a batida de ¼ compasso, ou ataques fortes, que seguem ½ compasso. Na prática, ataques fracos batem uma vez por pulso e ataques fortes batem uma vez a cada dois pulsos.

Além dos ataques, também é possível bloquear e se esquivar de golpes. Assim como tudo no jogo, os bloqueios e esquivas também seguem o ritmo da batida. Como os inimigos também atacam seguindo o compasso, se você se acostumar a fazer as defesas dentro dos pulsos corretos, conseguirá anular combos com eficiência. 


Pegar o ritmo dos ataques é extremamente intuitivo, pois a música e o cenário são todos sincronizados com a pulsação, ajudando a entrar em sincronia mesmo que você não seja habilidoso em jogos de ritmo. Com pouco tempo de jogo, eu já estava fazendo combos enquanto batia o pé no chão sem perceber. É incrível como a ação conseguiu me envolver completamente.

Só melhora

Com o desenvolvimento da história, desbloqueamos golpes especiais e novos combos, que são introduzidos aos poucos e permitem que o jogador os incorpore ao seu arsenal de ataques. Também podemos invocar a ajuda de aliados que encontramos durante a campanha, que funcionam num sistema de striker, similar a jogos de luta. Os ataques dos aliados tem efeitos especiais como quebrar escudos, atacar à distância ou apagar incêndios. Suas habilidades também são necessárias para se passar alguns obstáculos durante a fase de exploração.


As melhorias podem ser compradas com peças que encontramos pelo cenário, por isso o jogo também possui um componente de exploração. É possível seguir a rota direta da campanha, que é sinalizada com várias indicações visuais pelo cenário, mas o jogador que resolver explorar áreas será recompensado com mais peças para suas melhorias. As fases são longas e há muitos cantinhos para se aventurar.

Entre as batalhas, o jogo possui estágios de plataforma, a maioria em 3D mas alguns deles em 2D. Nessa parte é necessário passar por plataformas móveis, desviar de lasers, prensas e outros obstáculos, mas novamente há o diferencial de que este é um jogo de ritmo. As plataformas e obstáculos são sincronizados com o compasso da música, então, para saber o momento certo de saltar e correr, precisamos acertar os comandos com as batidas. 

Existem também alguns minigames bem simples em que precisamos completar pequenos desafios de ritmo. Os puzzles pecam um pouco pela variedade, pois seguem mecânicas muito parecidas.


Um jogo surpreendente 

Anunciado de surpresa no Xbox & Bethesda Developer Direct Livestream, Hi-Fi RUSH foi lançado no mesmo dia do seu anúncio, inclusive sendo disponibilizado no serviço de assinaturas Xbox Game Pass.

O jogo foi desenvolvido durante cinco anos pela Tango Networks e contou com Shinji Mikami como produtor executivo, ambos conhecidos por jogos de temática sinistra como Ghostwire: Tokyo (PS5/PC) e The Evil Within (Multi), o que faz com que a ambientação colorida, leve e bem-humorada seja mais uma característica inesperada.

A trama sobre um grupo de adolescentes querendo derrotar uma mega corporação é leve e despretensiosa, recheada de humor na medida certa. Os personagens, tanto aliados quanto inimigos, transbordam personalidade e as cutscenes são um divertido cartoon. Os inimigos robóticos também são interessantes, porém pouco variados.


Os gráficos em estilo cartoon são belíssimos e extremamente fluidos, combinando totalmente com a ambientação. Normalmente, cenários cyberpunk são melancólicos, escuros e sujos, enquanto Hi-Fi RUSH apresenta um ambiente colorido, divertido e vivo em que até as plataformas e elementos de cenário pulsam com o ritmo da trilha sonora.

Outro destaque é a localização de altíssimo nível para o português brasileiro, que adaptou expressões idiomáticas e piadinhas para nossa cultura, além de contar com um elenco de peso como Wendel Bezerra, Adriana Pissardini, Wellington Lima, Vagner Fagundes, Alexandre Marconato, Marli Bortoletto entre outros.


O polimento de Hi-Fi RUSH também é exemplar. Até a rolagem dos créditos finais não notei nenhum bug, travamento ou queda de desempenho. É um jogo focado na diversão, intuitivo e pouco punitivo, que lembra bastante os jogos descomplicados da era do PlayStation 2.

Seja um Rockstar!!

Surpreendente em todos os sentidos, desde o seu modelo de lançamento até a temática inesperada para um jogo da Tango Networks, Hi-Fi RUSH é um mix muito bem-sucedido de jogo de ritmo, hack and slash e plataforma. Criativo, pulsante e divertidíssimo, ele envolve o jogador pela sua jogabilidade gostosa e pela ambientação muito bem feita. O polimento impecável pode ser visto nos gráficos, desempenho, jogabilidade e trilha sonora, sem falar na excelente dublagem em português, uma das melhores que já ouvi. É um jogo excelente e extremamente recomendado para amantes de jogos de ação e ritmo.


Prós

  • Jogabilidade simples e extremamente divertida;
  • Ótima trilha sonora;
  • Ótimos gráficos;
  • Personagens marcantes;
  • Excelente dublagem em português brasileiro;
  • Humor na medida certa.

Contras

  • Minigames repetitivos.
Hi-Fi RUSH — XSX/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Xbox Series X
Revisão: Thaís Santos
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo redator


é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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