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Análise: Pirates Outlaws (Multi) — Domine os mares com as cartas certas

Deixe que o deck decida sua sorte ao navegar pelos mares em busca de tesouros, reputação e glória em meio aos piratas.

Lançado primeiramente para celulares e PCs, Pirates Outlaws mistura jogos de cartas com elementos de roguelike para desenvolver batalhas entre grupos de piratas. Entretanto, não deixe a premissa simples te enganar, pois esses mares são bem mais envolventes do que aparentam.

Quem dá as cartas nos mares?

De início, contamos com um baralho básico de 10 cartas, com diferentes características: as de alcance são armas com projéteis, que podem atingir quaisquer inimigos e gastam munição; as de combate corpo-a-corpo não consomem balas, mas só afetam o primeiro inimigo da fila; as cartas de habilidade podem ter efeitos variados tanto em você quanto nos inimigos, podendo causar dano ou não; e as maldições funcionam como efeitos colaterais para alguns de seus itens ou são introduzidas no baralho para te dar alguma punição lançada por um atacante.

As cartas do nosso baralho inicial são definidas de acordo com a profissão do personagem escolhido, que varia entre atirador, explorador, espadachim, músico, carpinteiro, vigilante, cartomante, médico, inventor, alquimista, almirante e até mesmo uma galinha. Após uma vitória, podemos escolher uma opção entre três para maximizar nosso deck.

Cada um desses heróis conta com vantagens e desvantagens bastante específicas. O atirador, por exemplo, recarrega um ponto de munição ao início dos turnos, o que o torna mais interessante no uso de armas de fogo; já a espadachim recupera vida em determinadas situações com armas brancas e golpes manuais, o que faz dela ideal para combates corpo-a-corpo e uso de lâminas.

A cada nova partida, um mapa diferente é gerado e temos que pensar bem nas rotas que percorremos, pois nossos pontos de deslocamento também são contados entre as ilhas. Se eles forem zerados, os movimentos são deduzidos da nossa barra de HP. Entre um porto e outro, podemos passar por cabanas, nas quais gastamos moedas para recuperar energia e pontos de navegação, e mercados, nos quais podemos comprar cartas novas e evoluir as que já possuímos.

Se nossa barra de energia zerar, a expedição termina e temos que recomeçar de novo. Lógico que, com o passar do tempo, conseguimos desbloquear recompensas permanentes, mas elas também precisam ser encontradas no meio de cada partida.

Explicando dessa maneira, a progressão soa bastante repetitiva e arrastada, principalmente por se tratar de um jogo que se desenvolve por turnos. Mas, para ser justo, eu joguei por 4 horas seguidas logo de cara sem nem perceber, mesmo falhando incontáveis vezes, explorando cada opção que meu baralho me dava. E é nessas infinitas possibilidades que Pirates Outlaws te pega.

O jogo conta com uma coleção de quase 1.000 cartas, e para registrá-las não é preciso colocá-las no baralho, basta que elas apareçam como recompensa em algum lugar. Combinar essas possibilidades com as características únicas de cada profissão te motiva a tentar de novo… e de novo e de novo.

Quem gosta de jogos de cartas fatalmente será fisgado. Mesmo perdendo e falhando, adquirimos pontos de reputação, utilizados para liberar novas profissões e fases. Ainda assim, essa parte exige um grinding um pouco mais agressivo, e isso pode desmotivar quem não é tão chegado ao gênero.

Mesmo com todos os textos em inglês, o entendimento das mecânicas e efeitos das cartas é bastante intuitivo e não demora muito para criarmos combos elaborados com o que temos em mãos.

De vez em quando, o barco enguiça

Se em matéria de mecânicas e estrutura Pirates Outlaws é afiado, o quesito variedade peca um pouco. As navegações, que podem ser realizadas em diferentes mares, são o modo principal, e à medida que nossa reputação cresce, novos locais são liberados. Com eles, vem um ambiente diferente e inimigos que fazem parte dessa identidade visual.

Essa variação, em conjunto com o estilo cartunesco, é algo chamativo e divertido. Parece até um grande livro de histórias, daqueles que contêm montagens de papel ao abrirmos as páginas. Já a parte sonora também acompanha o visual, com melodias próprias para cada área. 

Além das navegações, temos a arena, que corta a parte dos pontos de deslocamento e foca apenas em uma série de batalhas consecutivas contra inimigos diversos. É algo mais direto ao ponto, mas que acaba fazendo um pouco de eco ao modo principal. Ambos rendem pontos de reputação e, consequentemente, liberam mais recompensas, o que reforça o fator replay. Ainda assim, tudo fica um pouco repetitivo e a arena torna-se bem menos interessante que as navegações.

Um defeito pontual, que aconteceu algumas vezes durante meu tempo de análise, foi um travamento no menu de coleções. Podemos olhar as cartas que já passaram pelo nosso baralho, o que é de praxe para um jogo do gênero. Entretanto, em alguns momentos eu não consegui retornar para o jogo, pois qualquer outra opção na qual eu clicava me mandava de volta para a lista de cartas. A única solução foi fechar e reiniciar o jogo. Até o fechamento deste texto, não houve uma correção deste problema.

Um verdadeiro tesouro

Pirates Outlaws é viciante com todos os méritos da palavra. A longa lista de cartas nos instiga a tentar cada combinação possível com os diferentes heróis, ao mesmo tempo que nossa reputação nos leva a desbloquear diferentes recursos e mares. Mesmo quem não gosta muito de repetições exaustivas vai acabar voltando para jogar uma partida em algum momento.

Prós

  • Mecânicas fáceis de entender;
  • Extensa lista de cartas, com inúmeras combinações;
  • Diferentes heróis com vantagens únicas;
  • Estilo artístico muito bem trabalhado;
  • Alto fator replay.

Contras

  • Torna-se repetitivo facilmente;
  • A arena não é tão divertida quanto o modo principal;
  • Alguns problemas pontuais de travamento.
Pirates Outlaws — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Blitworks


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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