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Análise: Hogwarts Legacy (Multi) nos leva a vivenciar uma jornada inesperada

O título traz de volta o universo de Harry Potter aos videogames de forma grandiosa.


Hogwarts Legacy, título desenvolvido pela Avalanche Software e publicado pela WB Games sob o selo Portkey Games, sem sombra de dúvidas é um dos grandes títulos de 2023 e mostra a que veio. 

Com um mundo aberto gigantesco para explorar, amizades para se concretizar e inimigos para enfrentar, a desenvolvedora Avalanche Software se comprometeu a entregar o título mais ambicioso inspirado no universo do bruxinho mais famoso da cultura pop, tendo como objetivo agradar não só seus fãs, mas também os amantes de videogames.

Finalmente, a minha carta de Hogwarts chegou!


Ao abrir o jogo pela primeira vez, uma carta de Hogwarts é apresentada. Ela informa que fui aceito na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e sobre quando será o início das aulas. Nessa data, serei levado até a escola pelo professor Eleazar Fig, que será nosso mentor ao longo da narrativa.


Como qualquer bom título de RPG, temos a possibilidade de criar nosso personagem. O modo de criação de personagem nos dá acesso a várias opções de avatares pré-feitos e podemos, desta forma, personalizar características como cor de cabelo, pele, olhos, voz, gênero etc. A casa de Hogwarts só pode ser escolhida após o jogador finalizar a introdução do título. Os jogadores que se conectarem ao Wizarding World terão sua casa já selecionada, mas você terá a opção de trocá-la.
Meu personagem sendo escolhido pelo Chapéu Seletor para a Casa Sonserina.

O início da jornada


Hogwarts Legacy se passa em 1890, com nosso protagonista que é um aluno do quinto ano e está prestes a conhecer o universo bruxo pela primeira vez. Temos como mentor ao longo da jornada o professor Eleazar Fig. Logo de início passamos por uma aventura ao lado de Fig na qual descobrimos que nosso protagonista possui o dom de Magia Ancestral.
Os professores Percival Rackham e Charles Rookwood.
Esta magia foi escondida por antigos professores de Hogwarts por oferecer perigo ao mundo bruxo. Seu maior temor é de que ela seja usada por pessoas como Ranrok, um duende que odeia bruxos e que lidera uma rebelião contra eles junto de seu parceiro, o contrabandista Victor Rookwood. A intenção dos dois é usar essa magia a favor de seus próprios interesses. No desenrolar desta história iremos enfrentar provações que serão passadas pelos quadros dos antigos professores de Hogwarts. O nosso objetivo será mostrar nossa capacidade de possuir o conhecimento sobre o uso da Magia Ancestral.

A narrativa de Hogwarts Legacy no geral tem seus altos e baixos. A ideia de trazer uma trama envolvendo Magia Ancestral foi certeira, mas em um determinado ponto acabou se tornando previsível e clichê. Ela repete alguns elementos presentes na própria jornada de Harry Potter, o que soa pouco criativo e mais do mesmo. O jogo em algumas ocasiões apresenta algumas escolhas a serem feitas, mas senti que as que fiz não alteraram em nada o fim da jornada, o que soa patético. Eu queria que as minhas decisões tivessem algum impacto significativo além de diálogos forçados.

Explorando uma Hogwarts do passado


Com este ponto de partida, teremos uma Hogwarts inteira a ser explorada a partir do nosso ponto de vista. Mesmo que ambientado no final dos anos 1800, o título traz a mesma escola que conhecemos dos livros e filmes. Todos os lugares do castelo estão aqui: os salões comunais, as escadarias, os quadros, as salas de aula, a biblioteca, o salão principal e muito mais. 

Além de Hogwarts podemos explorar Hogsmeade, a Floresta Proibida e alguns outros vilarejos menores. Alguns momentos presentes na franquia Harry Potter são repetidos, como: comprar a primeira varinha na loja do Olivaras, reenvasar mandrágoras e até mesmo “seguir as borboletas”. São referências muito bem vindas para mim que sou fã da obra.


A vice-diretora Matilda Weasley irá pedir para coletarmos um Guia de Campo do Mundo Bruxo. Páginas deste guia estão espalhados por todo o mapa e cada uma que coletarmos terá a descrição de vários lugares, esculturas, quadros e artefatos. Ele será essencial para os jogadores que não conhecem nada sobre o universo aqui apresentado.



O jogo é estruturado por missões principais, secundárias e Provas de Merlim. Além disso, alguns desafios estarão à nossa disposição, como ondas de inimigos em acampamentos de bandidos, criptas, cavernas etc. Estes lugares escondem muitas recompensas, como galeões (moeda pertencente ao mundo bruxo) e itens cosméticos. Fiz poucos destes desafios, não vendo a obrigação de correr atrás por ser algo a mais que acaba se tornando desnecessário caso seu objetivo seja só finalizar a campanha.

As missões secundárias nos serão passadas por NPCs espalhados pelo mapa. Algumas destas fazem alusão à história principal do jogo e servem como um complemento. Mas o objetivo delas sempre é o mesmo: procure algum objeto perdido, busque por alguém perdido, leve certo item até outro NPC. A recompensa ao realizar estas missões são sempre galeões ou algum item cosmético.

As Provas de Merlim são, em determinado ponto da narrativa, apresentadas por Nora Treadwell. Ela é uma historiadora que escreve sobre a vida de Merlim. As provas são puzzles que quando completados nos recompensam com o aumento de espaço em nosso inventário. 95 destes desafios estão espalhados pelo mapa.

Teremos de realizar um mini jogo toda vez que for usado o feitiço Alohomora para desbloquear portas.
Algumas portas do mapa estarão trancadas e somente serão desbloqueadas assim que aprendermos o feitiço Alohomora. Para aprimorar o feitiço temos de coletar luas de seminvisos e entregá-las ao zelador Gladwin Moon.


Em algumas missões da campanha teremos a companhia de outros personagens, em especial nossos colegas: Natsai Onai, Sebastian Sallow e Poppy Sweeting. Cada um destes personagens possui suas tramas que acabam interligadas com a campanha principal e seguem em outras narrativas secundárias. Elas servirão como meio de conhecê-los melhor e as missões relacionadas a Sebastian Sallow nos trarão conhecimentos perigosos que serão muito úteis.


A mobilidade pelo mapa é super dinâmica. Ela pode ser feita de três maneiras: a primeira é usando a viagem rápida e feita por pontos de pó-de-flu, sendo que ela é distribuída por todo o mapa e basta selecionarmos para qual ponto queremos ir. A segunda será através da emoção de montar a sua própria vassoura e a terceira e última será montando em uma criatura, dentre as quais temos como opções: o Hipogrifo, o Testrálio ou o Arpéu.

Aprendendo em Hogwarts

Ao todo teremos 8 professores, todos eles irão nos ensinar os feitiços necessários. Alguns destes só serão acessíveis ao concluirmos algumas tarefas que consistem em completar certos feitos, como por exemplo usar certa planta ou poção em combate ou resgatar certas criaturas.


Toda vez que formos aprender um novo feitiço, a dinâmica será a mesma: surgirá uma tela com um desenho mostrando seu movimento e teremos de usar o analógico e apertar alguns botões com o objetivo de chegar até o fim do desenho. Além dos feitiços iremos aprender a plantar, criar poções, montar em vassoura e a resgatar e cuidar de criaturas.


O mecanismo de aprendizado para plantar ou criar poções será feito por quick time events, que só ocorrem uma vez. Após aprendermos a plantar ou a criar tudo se torna automático. Chegamos próximos de um vaso ou caldeirão e só selecionamos o que queremos criar e após certo período de tempo podemos fazer a coleta. 

Fiquei profundamente decepcionado em relação a mecânica de aprendizado do jogo. Antigos títulos inspirados na franquia, como o jogo Harry Potter and the Half-Blood Prince (Multi), exploravam o preparo de poções de uma forma muito mais criativa. A opção escolhida pelos desenvolvedores aqui foi de partir para o mais básico e funcional ao invés de tentar algo diferente.

Enfrentando oponentes e inimigos

Mesclando o que há de melhor em jogos de ação, Hogwarts Legacy usa o combate freeflow presente em títulos da série Batman Arkham e Marvel’s Spider-Man. O sistema de combate herdado desses jogos casou perfeitamente com o universo do bruxinho.

Os duelos nos são apresentados durante a aula da professora Hecat, porém teremos alguns mini tutoriais de duelo e combate em um clube chamado de “Varinhas Cruzadas”. Este clube é formado por vários alunos de Hogwarts e o nosso anfitrião será o personagem Lucan Brattleby. 

O feitiço básico pode ser lançado em combate quantas vezes o jogador quiser, mas os outros feitiços possuem um certo tempo de recarga após o ataque. Ao sermos atacados, um círculo irá surgir na cabeça de nosso personagem e poderemos usar o feitiço Protego, que serve como proteção, ou apenas rolar para desviar.


Usando o Protego, nosso bruxinho poderá dar um parry usando o feitiço Estupefaça, assim o oponente ficará atordoado e poderemos atacá-lo, o que causa mais dano. Os oponentes podem se defender, e para quebrar a defesa basta observar qual é a cor do círculo de proteção em sua volta e usar o feitiço de acordo com a cor correspondente.


Poções e plantas podem ser usados em combate. As plantas nos ajudarão atacando ou atordoando inimigos. Já as poções terão funções diversas como aumentar a defesa, dano de feitiço ou reduzir o tempo de recarga. Elas são acessadas através da Roda de ferramentas.


O combate no geral é bem dinâmico, fluido e fácil de aprender, mas isso não quer dizer que alguns adversários não exigirão um certo esforço para ser derrotados. Eu usei um slot combinando apenas feitiços de dano e a maldição imperdoável Crucio para assim manter combos que acabaram ajudando no aumento da barra de Magia Ancestral. A Magia Ancestral me auxiliou muito na hora das finalizações. Dentre as plantas a que mais usei foi a mandrágora para atordoar os inimigos e a poção que mais usei foi a de cura. Me preocupei mais em atacar e esquivar dos inimigos do que aproveitar os outros recursos do combate, pois é necessário ser ágil. 

Com relação aos inimigos, o jogo manteve um padrão que em certo momento se torna repetitivo. Os chefes presentes nas missões principais são sempre os mesmos, com exceção do chefe final. Os inimigos comuns são compostos por guardiões, bruxos das trevas, duendes, aranhas, trasgos e criaturas corrompidas por uma força mágica. Estes inimigos estarão presentes também ao explorarmos o mapa ou em missões secundárias, o que se torna de uma certa forma maçante.

Os feitiços de Hogwarts Legacy


Os feitiços foram essenciais ao longo de minha jornada em Hogwarts Legacy. Eles não foram só importantes em combate, mas também ao realizar determinadas ações. Como o jogo é recheado de pequenos segredos ao redor de seu mundo, será fundamental usar feitiços como Accio, Revelio ou Depulso ao interagir com objetos. Em algumas missões, especialmente as feitas na parte da noite, o feitiço Lumus foi de extrema necessidade, inclusive ao encontrar o visgo do diabo. O feitiço Reparo me auxiliou a reconstruir pontes ou objetos quebrados.


Esses pequenos exemplos os quais citei só mostram como o uso dos feitiços dentro do jogo funcionam. Eles estão aqui para ser usados por nós, jogadores, de forma direta e intuitiva, o que é um ponto positivo para o level design. Para ajudar ainda mais, eles são classificados em 7 categorias e podem ser equipados em até 4 slots, fazendo com que o jogador decida qual é a melhor combinação para ele. Eu, por exemplo, montei um slot apenas com feitiços de utilidade para usar em missões e outro só com os de dano para facilitar na hora do combate.

Aprimorando nosso bruxinho


Ao decorrer da jogatina teremos uma enorme quantidade e variedade de itens cosméticos espalhados em missões e pelo mapa para serem coletados. São trajes e acessórios para cada parte específica do corpo e podemos aqui usar um recurso bastante comum em jogos de RPG, a transmogrificação. Este recurso permite trocar a aparência das armas e armaduras que o nosso bruxinho usa para que se pareçam com outro item que também possuímos. Fiquei feliz pelo jogo fornecer este recurso, pois pude manter o estilo de meu personagem sem ser forçado a escolher um item cosmético mais forte que não combina em nada com o meu gosto.


Fui recompensado com itens cosméticos e atributos exclusivos ao realizar alguns Desafios. Estes são realizados em certos locais ou em combate, por exemplo: derrote um certo número de inimigos ou conclua um determinado número de missões. Algo bem trivial que faz parte do jogo. Eles estão divididos em 5 categorias, que são: combate, missões, exploração, guia de campo e sala precisa.


O título também possui as famosas árvores de habilidades. Aqui elas são chamadas de Talentos. Assim como os Desafios, ela está dividida em 5 categorias: magias, artes das trevas, principal, furtividade e sala precisa. Aprimorar as habilidades acabou me ajudando a aumentar a eficácia geral de meu personagem, feitiços, etc. Será necessário melhorar nosso bruxinho para os desafios que estão por vir na campanha principal, use os pontos de talento com precaução.

A necessária Sala Precisa

A Sala Precisa servirá como um refúgio para nosso bruxinho. Apresentada pela vice-diretora Matilda Weasley, teremos a companhia do simpático elfo doméstico Deek como nosso ajudante. Ela me foi útil para criar poções, plantas, aplicar atributos em trajes, identificar equipamentos desconhecidos e cuidar das criaturas as quais resgatei. Há a opção de personalizá-la ao nosso gosto usando os feitiços de Transfiguração.


A minha Sala Precisa, ficou com uma estética mais sombria, afinal sou um aluno da Sonserina. Não me preocupei em personalizá-la adicionando objetos de decoração, pois isso pra mim foi algo mais opcional do que necessário. Decidi focar no que era principal, as estações de criação de plantas e poções.


Em determinado ponto do jogo, Deek irá nos dar uma bolsa encantada chamada de Furteira, com a principal utilidade de resgatar e capturar criaturas e colocá-las em um viveiro. Esse será o lar dessas criaturas e simulará um campo com muitas árvores e um rio. Dois objetos enfeitiçados são essenciais no cuidado das criaturas, que são: a escova mágica para animais selvagens e o alimento de criatura. Estas criaturas, se bem cuidadas, fornecerão materiais necessários para melhorar equipamentos.

A beleza ao explorar o mundo bruxo


Tenho de elogiar o quão lindo é Hogwarts Legacy. O mundo aqui apresentado é todo vibrante, colorido e cheio de minúcias que são um verdadeiro deleite aos olhos. Ao explorar Hogwarts, Hogsmeade, a Floresta Proibida ou cada cantinho do mapa, nós vemos o excelente trabalho de direção de arte da Avalanche Software que me transportou com êxito para este universo. A trilha sonora presente aqui remete às dos filmes, que foram composta pelo famoso maestro John Williams, e me levou a um sentimento totalmente nostálgico.


Na hora das tomadas de decisões o jogo dá um close nos personagens e assim pude ver a textura das vestes e das feições, ficando completamente impressionado com os detalhes. Um exemplo é a precisão com a qual é possível ver os furinhos em uma malha de tricô do cachecol que o personagem está usando.

Joguei o título no PlayStation 5 e não enfrentei nenhum problema técnico relacionado a jogabilidade, mas preciso dizer que algumas cutscenes possuem uma qualidade baixa, o que parece ser algum problema de compressão. Inclusive, pra mim, o PS5 é a melhor opção para se jogar Hogwarts Legacy, além da missão exclusiva presente temporariamente apenas no console da Sony, os recursos que o DualSense oferecem só enriquecem ainda mais na imersão. A luz de LED do controle irá representar a cor de sua casa escolhida e mudará de acordo com o feitiço lançado. Os gatilhos adaptativos são bem usados ao lançarmos feitiços ou ao usarmos a vassoura como locomoção pelo mapa.

Foi bom estar de volta à Hogwarts

Hogwarts Legacy consegue combinar vários elementos presentes em títulos de RPG e jogos de ação quase que perfeitamente. Um de seus maiores acertos é explorar muito bem o material no qual é inspirado. Vivenciar o mundo bruxo do ponto de vista de um personagem criado por mim é algo único. 

Ele segue uma mesma fórmula já vista em seu combate, mesclando o que há de melhor em jogos de ação da atualidade  de uma forma confortável para os jogadores casuais. Por mais que o título peque em sua campanha principal e repita certos clichês narrativos, é definitivamente  o jogo que eu e todo fã de Harry Potter sempre quis.

Hogwarts Legacy conquistará jogadores e atrairá os fãs de Harry Potter para esta mídia. Seu lançamento foi um grande sucesso que pegou de surpresa até a sua publicadora. Ele é, sem sombra de dúvidas, a maior e melhor representação da franquia Harry Potter nos videogames.



Prós:

  • Exploração maravilhosamente boa do universo de Harry Potter;
  • Convidativo aos que não são fãs de Harry Potter;
  • Alguns personagens são bem explorados em missões secundárias;
  • Direção de arte imersiva e impecável;
  • Sistema de combate intuitivo e fácil de aprender;
  • Gráficos belíssimos e muito bem trabalhados;
  • Trilha sonora nostálgica;
  • Faz bom uso do DualSense.

Contras:

  • Narrativa previsível e rodeada de clichês;
  • Escolhas não impactam em nada a narrativa;
  • Repetição de inimigos;
  • Baixa qualidade em algumas cutscenes pode atrapalhar a experiência;
  • As aulas repetem a mesma mecânica de quick time events.
Hogwarts Legacy — PS4/PS5/XBO/XSX/SWITCH/PC — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Santos
Análise produzida com cópia adquirida pelo próprio redator

Poderia estar dando um rolê na Epoch, ou participando do torneio Mortal Kombat, e quem sabe escapando de alguns zumbis, mas estou aqui, feliz por estar escrevendo sobre games.
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