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Análise: Wings of Bluestar (Multi) traz muitas coisas, mas faz o mínimo para satisfazer

Combata um mal espacial e explore uma história de múltiplas escolhas, caso seu interesse não desapareça após conseguir o troféu de platina.

Sim, o ano mal começou e cá estou eu com mais um jogo de nave. Wings of Bluestar é interessante e tem boas ideias, mas aproveita mal seu conteúdo e desperdiça seu potencial.

O poder do protagonismo

A fórmula básica dos shoot 'em ups é seguida à risca aqui: você controla seu veículo disparando projéteis e ainda conta com o auxílio de duas torretas, que podem ser controladas para diversas  direções.

Podemos escolher entre os pilotos Aya e Zarak. Seus estilos são diferentes, com ela sendo mais defensiva e ele mais agressivo. É fácil se adaptar ao estilo de cada um deles, só que a jogabilidade causa um pouco de dor de cabeça, principalmente com Zarak.

Já é explicado de início que a nave se locomove mais rapidamente quando não está atirando. Só que com a quantidade massiva de inimigos na tela, que causam inclusive uma poluição visual pesadíssima, é impossível cessar fogo.

Isso torna o controle um pouco mais lento, o que dificulta escaparmos dos projéteis que estão lotando o espaço. E além disso tudo, ambas as naves têm hitboxes estranhos, o que implica em tomar aquele único tiro que você tinha certeza que ia passar de raspão, no máximo.

Outro ponto estranho é que não fica claro o que temos que fazer para fortalecer nossos disparos se escolhemos Zarak. Ambos personagens ficam mais poderosos e cobrem áreas maiores, mas em nenhum momento é sinalizado se isso acontece com o piloto por causa dos cristais, estrelas ou itens que coletamos pelo caminho, nem temos a percepção de que ele tem escudos funcionais. Já para Aya, tudo é bem claro a cada power-up coletado.

Por isso, prepare-se para perder muitas vidas, principalmente nos níveis finais e contra os chefes. Um deles em específico, que lembrava uma centopeia, trouxe um defeito curioso: cada uma dessas batalhas possui um contador, e não eliminar o chefe ao final dele não impede nosso progresso, apenas nos deixando  sem uma parte da pontuação.

Acontece que esse em específico não morre, se estamos controlando o coitado do Zarak. Eliminamos as partes do meio, depois a cauda e por fim seria a cabeça, mas ela se recusa a explodir, então só nos resta sobreviver até o fim do tempo e progredir.

Mas tinha tanta coisa para fazer…

Wings of Bluestar traz alguns modos de jogo e várias coisas que aumentam o seu fator replay, como uma galeria, uma loja, outros modos de jogo e até um sistema interno de conquistas. Entretanto, ele tropeça mais uma vez.

Sua lista de troféus é curtíssima, podendo ser concluída em menos de 30 minutos. Os platinadores de plantão vão adorar, mas quem gostaria de aproveitar o jogo ao máximo se sentirá desmotivado, ainda mais com os defeitos citados no bloco anterior.

Nós sabemos que algumas desenvolvedoras se especializam em lançar jogos de conquistas rápidas, mas Wings of Bluestar possui um modo história com diferentes finais, um arcade para até dois jogadores e um Boss Rush, no qual temos 40 minutos para lutar contra todos os oito chefes de maneira consecutiva. Não aproveitar a lista de troféus/conquistas para fazer o jogador explorar as diferentes opções é uma bola fora.

Entretanto, esbarramos em mais um defeito (dessa vez no modo história), e esse é grave. Até o presente momento é impossível concluir a narrativa principal, pois assim que chegamos ao chefe final, na última fase, o jogo relata um erro e precisa ser encerrado.  E adivinhem só com quem isso acontece? Pois é, não é com a Aya...

Até o momento de conclusão desta análise eu tentei cinco vezes fechar o modo História com Zarak, todas elas sem sucesso, e não houve uma atualização que corrigisse esse defeito. Já com Aya, houve um momento em que a última fase simplesmente não seguiu, mas bastou reiniciá-la e a conclusão foi possível sem problemas.

Tiro no vazio

Wings of Bluestar é mais um caso de jogo ok que poderia ser muito melhor. Juntar todos os defeitos acima com as animações e cenários de fundo um tanto quanto ultrapassados que ele traz não o torna injogável, mas com certeza existem opções melhores pelo mesmo preço.

Prós

  • Diversos modos de jogo;
  • Modo História com múltiplos finais;
  • Alto fator replay;
  • Conquistar o troféu de platina é bem fácil.

Contras

  • A jogabilidade deixa a desejar;
  • A lista de troféus/conquistas não explora todo o conteúdo do jogo;
  • Os cenários de fundo  parecem estar em baixa qualidade;
  • O hitbox da nave é estranho;
  • Poluição pesada na tela;
  • Crash que encerra o jogo no chefe final;
  • Um personagem tem a jogabilidade escandalosamente mais favorecida que o outro.
Wings of Bluestar — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Eastasiasoft


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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