Jogamos

Análise: Water Margin: The Tale of Clouds and Wind (Multi) — saindo da sombra da ilegalidade para se tornar um aditivo curioso para a sua biblioteca

Criado sem licença nos anos 90, este beat ‘em up ganhou o carinho devido e agora pode ser jogado de maneira oficial em todos os consoles.

Os anos 90 ainda estão recheados de jogos obscuros, que aos poucos vão aparecendo com ports licenciados. Water Margin: The Tale of Clouds and Wind foi um título “alternativo” (vocês sabem bem a palavra que eu queria usar aqui, né?), lançado em 1996 apenas em Taiwan para Sega Genesis, com o nome de Shui Hu Feng Yun Zhuan.

Todos modelos e músicas utilizados na produção de Water Margin haviam sido retirados de outros títulos da época, e inclusive ele nunca chegou a ser licenciado pela Sega de fato. Em 2015, a Piko Interactive comprou os direitos do jogo, substituiu todo o material compilado por assets originais, realizou a tradução dos menus e textos para o inglês e fez o seu lançamento físico para o Genesis. Agora, a QUByte colaborou para que o port chegasse aos consoles desta geração.

Uma maneira peculiar de contar uma história

Apesar de sua produção “artesanal”, Water Margin traz uma história bem interessante. Ele retrata o famoso conto chinês Margem da Água — também chamado de Os Pântanos do Monte Liang, ou variantes —, que narra a jornada de um grupo de 108 foras-da-lei durante a dinastia Sung, que formaram um exército para combater invasores estrangeiros e rebeldes.

A escolha de reviver este conto no formato de um beat ‘em up é uma boa sacada e vai agradar bastante quem gosta destas joias reclusas dos games. Quanto à estética e à jogabilidade, ele não inova e é até bem mais simples se comparado à expoentes do console na época, como Streets of Rage e Golden Axe.

Os jogadores podem escolher entre três protagonistas, com alguns atributos diferentes entre si, como ataque, defesa, velocidade e distância do pulo. Entretanto, todos eles contam com animações de movimentos bem similares e golpes simples, além de magias elementais que são coletadas pelo caminho. Não há agarrões ou alguns itens que podem dar uma ajuda na jornada, como armas auxiliares ou animais para cavalgar. Pelo menos, controlá-los com o uso do analógico funciona muito bem.

Além disso, os sinais da idade pesam um pouco para Water Margin, pois atualmente já existem diversos outros beat ‘em ups com estilo 16-bits, mas que oferecem uma experiência mais completa, como Fight'N Rage e Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge. Os visuais e paleta de cores são bacanas, mas algo inerente à época era usar diferentes cores para os mesmos inimigos, à medida que eles vão lotando a tela.

Outro aspecto, este um pouco mais irritante, são as situações de “emboscada”. Jogando sozinho, é muito fácil perder boas doses da sua barra de vida ao ser cercado por capangas que não dão um minuto de sossego quando nosso boneco vai ao chão. Isto acontece em qualquer nível de dificuldade e causa algumas frustrações em quem não foi forjado no ódio da dificuldade noventista — que convenhamos, não é mérito nenhum.

O que conta muito a favor de Water Margin é seu preço. Ele é barato em qualquer plataforma atual, não passando de 30 reais. É um preço justo para conhecer um pedaço diferenciado da história. Com os já característicos filtros de tela, é possível emular exatamente a sensação de se jogar em uma televisão de tubo e aumentar ainda mais a imersão .

Um “semi-clássico” recomendável

Water Margin: The Tale of Clouds and Wind não é a primeira escolha para quem quer jogar um clássico do gênero, mas os curiosos e nostálgicos terão um bom pedaço da história ao experimentarem este beat ‘em up pitoresco. Só a história da sua produção de três décadas atrás até o lançamento atual já é um chamariz para entender o que os apaixonados por games podem fazer quando querem.

Prós

  • Port oficial com os textos devidamente traduzidos para o inglês;
  • Filtros de tela;
  • Comandos respondem bem para os controles atuais.

Contras

  • Jogo datado em questões de jogabilidade e estética;
  • Diversas situações em que o personagem é encurralado pelos inimigos;
  • Jogo um pouco repetitivo e curto.
Water Margin: The Tale of Clouds and Wind — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google