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Análise: Vampire Survivors (PC) traz ação minimalista caótica e viciante

Prepare-se para perder a noção de tempo neste simples e impressionante título indie de ação.


Em Vampire Survivors, imensas hordas de criaturas nefastas estão à solta e heróis solitários precisam fazer de tudo para sobreviver. Em sua essência, ele é bem minimalista: os ataques são desferidos automaticamente e só precisamos mover o herói. O conceito pode parecer simples e casual demais, mas, no entanto, há nuances interessantes para dominar e muito conteúdo para explorar. O resultado é um jogo hipnotizante e viciante capaz de nos fazer perder a noção de tempo.

Lutando sozinho contra um mundo de monstruosidades

Vampire Survivors é extremamente fácil de entender. Em cada partida, escolhemos um personagem e tentamos sobreviver o máximo possível em cenários que são constantemente inundados por inimigos. O herói ataca automaticamente e a única ação direta disponível é movê-lo para evitar os perigos. Os monstros derrotados deixam para trás esferas de experiência e, quando subimos de nível, podemos escolher uma melhoria, como ataques, feitiços ou habilidades passivas.


Aos poucos, a chance de sobrevivência do nosso personagem é ampliada. Porém, isso não é suficiente: a quantidade de monstros aumenta sem parar e criaturas mais poderosas também passam a surgir com maior frequência. O desafio, então, é montar uma combinação equilibrada de ataques e habilidades para dar conta das hordas incessantes — a variedade de opções é grande, com direito a sinergias.

Eventualmente, as coisas ficam caóticas demais e a morte chega. Felizmente, a derrota não é completamente em vão e nossas ações são recompensadas. Completar missões, como sobreviver por intervalos de tempo específicos, melhorar armas durante as partidas ou derrotar uma quantidade determinada de monstros, desbloqueia estágios, heróis, itens e mais — o jogo conta com 140 desafios a serem vencidos. Além disso, o dinheiro coletado durante as partidas pode ser utilizado para liberar aprimoramentos diversos, o que aumenta as chances de sobrevivência em partidas futuras.



Ação simples e fascinante

Quando vi o conceito de Vampire Survivors pela primeira vez eu pensei “esse jogo não deve ter graça”, afinal muitas das ações são automáticas. Mas bastaram algumas partidas para mudar completamente de opinião e, quando dei por mim, estava viciado neste mundo pixelizado infestado de monstros.

Parece enfadonho ficar andando enquanto os heróis desferem ataques por conta própria; no entanto as coisas vão ficando mais interessantes conforme subimos de nível e conseguimos novos ataques. O motivo disso é o escalonamento da ação: começamos com um personagem fraco e indefeso, porém, com decisões corretas, ele se torna um ser poderoso capaz de destruir inúmeros inimigos com certa facilidade.


Diversidade é uma constante no jogo. Em uma das partidas, golpeava os monstros próximos com um chicote ao mesmo tempo que acertava inimigos distantes com garrafas de água benta inflamável e relâmpagos. Em outra tentativa, usei alho para criar uma aura de dano em volta do herói e atacava com pedras mágicas que rebatiam pelos cenários. Em outro estágio, me especializei em lançar facas, bolas de fogo e cruzes-bumerangue, cujo poder e tamanho foram aumentados com uma relíquia. Há grande variedade de armas, habilidades e personagens, o que ajuda a tornar cada partida única.

Entre a variação e a repetição

O mais curioso é que por trás da simplicidade há muitas nuances a serem dominadas. As ações são básicas, mas a dificuldade é acentuada: a quantidade e a força dos inimigos só aumenta com o decorrer da partida. Com isso, para sobreviver, é essencial escolher as habilidades com cuidado, com ataques e melhorias que se complementam — montar um personagem de qualquer jeito é sinônimo de derrota. No começo, eu morri muito por não pensar direito no que estava fazendo, porém aos poucos fui entendendo como o jogo funciona e passei a sobreviver por mais tempo.


A ação caótica de Vampire Survivors com centenas de inimigos infestando a tela é, surpreendentemente, meditativa: nos momentos mais tensos, é muito comum entrar em um estado de atenção focada em que conseguimos escapar de monstros por um triz. No entanto, essa abordagem também deixa as partidas um pouco entediantes e repetitivas, afinal estamos sempre fazendo as mesmas coisas com pequenas variações. Isso fica ainda mais aparente quando conseguimos sobreviver por 20 minutos ou mais.

Por sorte, o jogo oferece muitas opções para trazer diversidade. Os estágios, por exemplo, têm mapas que mudam sensivelmente o andamento, como uma biblioteca estreita ou uma fábrica repleta de estruturas que funcionam como obstáculos. Há também modos alternativos, mecânicas que são introduzidas aos poucos (como fusão de armas e uma bússola que nos direciona para pontos de interesse) e inúmeros personagens para testar.



Preso em uma caçada fenomenal

Vampire Survivors usa alguns poucos conceitos simples para criar uma experiência viciante. Enfrentar hordas de inimigos controlando um personagem que ataca sozinho pode parecer enfadonho, mas a graça está justamente em tentar montar um conjunto de habilidades interessantes para conseguir sobreviver. Uma extensa variedade de conteúdo faz com que as partidas sejam empolgantes e divertidas.

O foco em sistemas descomplicados deixa o título acessível, porém este é também o maior problema: às vezes, a ação é enfadonha e repetitiva. Porém, a introdução constante de novidades e algumas variações sutis da fórmula são suficientes para tornar a aventura constantemente hipnotizante.

No fim, Vampire Survivors é excepcional. Não se deixe enganar pelo visual e mecânicas minimalistas, pois este título é difícil de largar.

Prós

  • Mecânicas simples, mas repletas de elementos viciantes;
  • Ciclo de jogo fácil de aprender, mas difícil de dominar;
  • Vasta diversidade e quantidade de conteúdo;
  • Ambientação com visual e música básicos, mas impactantes.

Contras

  • Em alguns momentos, as partidas ficam monótonas e repetitivas.
Vampire Survivors — PC — Nota: 9.0
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela poncle

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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