Análise: EA Sports FIFA 23 (Multi) apresenta bom futebol mesmo em plena reformulação

Marcando o fim de uma era, EA Sports FIFA 23 será o último título da franquia com o nome da entidade máxima do futebol. Enquanto esperamos pelas possíveis mudanças que essa novidade poderá trazer, o game da atual temporada deixou uma boa impressão no presente e para o futuro. As novidades funcionais e de conteúdo, embora não sejam perfeitas, são bastante positivas. Vista a sua camisa e amarre bem as chuteiras, pois a análise vai começar!

Vale o ingresso?

Disponível para PC, PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series, o game de futebol da Electronic Arts é por vezes criticado por não ser inovador o suficiente para justificar uma frequência de lançamento anual, sempre com alto preço. Embora o novo título ainda não quebre essa crítica, é possível ver uma evolução significativa. A maior delas afeta diretamente os visuais e a jogabilidade, chamada de Hypermotion 2.

Recurso com potencial para remodelar completamente a qualidade das partidas virtuais

Esse recurso combina animações já existentes com capturas obtidas da vida real. A mistura é gerenciada por uma inteligência artificial, que busca tornar os movimentos mais fluidos e naturais. Com isso, temos partidas visualmente mais interessantes e uma jogabilidade mais autêntica. Ressalto que o efeito não é notável em todas as jogadas, mas volta e meia percebemos algumas mais interessantes (mais sobre o tópico em breve).

Infelizmente, a produção visual em si, incluindo modelos e texturas, está praticamente parada no tempo. Não há mudanças perceptíveis em relação ao FIFA 22, que por sua vez não mudou muito em relação ao 21. Na verdade, fica difícil dizer desde quando as coisas começaram a estagnar (talvez no FIFA 19), mas o fato é que os gráficos, sobretudo para a nova geração de consoles, estão fracos.

Gol de placa!

Quanto ao desempenho, EA Sports FIFA 23 faz bonito. As partidas, sejam no modo online ou local, carregam rapidamente. Aliás, a estabilidade da conexão me surpreendeu positivamente, incluindo a velocidade em encontrar adversários. Fico na torcida para que ela se mantenha nesse bom nível conforme mais jogadores ingressarem no game.

Que emocionante é uma partida

Se por um lado o Hypermotion 2 possibilita animações mais legais, ele também oferece novas mecânicas e renova a jogabilidade. Com uma maior proximidade da realidade, eventualmente as jogadas terminam em trombadas e choques físicos. Ainda é possível driblar e fazer passes precisos, mas é mais difícil do que antes, visto que agora FIFA 23 se tornou mais cadenciado.

Temos alguns tombos e encontrões destrambelhados que nem sempre resultam em falta

Essa característica, inclusive, era uma das qualidades da franquia rival, PES, hoje conhecida como eFootball. Outra novidade positiva são os goleiros e zagueiros, que estão um pouco mais espertos, sobretudo nos cruzamentos na área e na marcação individual. Infelizmente, por vezes é difícil colocar um jogador em movimento na direção da bola, parecendo que ele está preso em um trilho invisível. Logo, pode ser difícil lidar com lançamentos nas costas.

A bola também parece mais “viva”, rebatendo com certa frequência e dando trabalho para ser dominada em certos momentos. Na prática, todas essas mudanças (além de várias outras) pendem para o lado positivo, sobretudo para quem gosta de placares elásticos. Mesmo assim, será preciso atenção nas atualizações para equilibrar as coisas. O contra-ataque, por exemplo, se tornou um recurso mortal, visto que erros não forçados acontecem com certa frequência, algo improvável anteriormente.

Outra novidade significativa é o Superchute: ao ser acionado, o atleta carrega o movimento e desfere um poderoso chute. A mira é um tanto exigente e o tempo de carregamento relativamente longo, mas com alguma prática é possível marcar verdadeiras obras-primas, seja da entrada da área ou do meio da rua. Também deixo o destaque para as bolas paradas, que contam com mais recursos para serem cobradas com perfeição.

Agora com mais informações para cobrar faltas com qualidade

Calendário cheio

O famigerado modo Ultimate Team, vulgo FUT, continua sendo o maior atrativo do game. A política pay-to-win ainda continua forte, mas ao menos temos algumas novidades que apontam para um futuro melhor. Por exemplo, o sistema de entrosamento entre os jogadores foi remodelado, tornando mais fácil (e barato) montar um time mais competitivo. O maior destaque, entretanto, fica por conta dos chamados “Momentos”.

Abrir um novo pacote de cartas de jogadores é sempre uma emoção

Eles colocam o jogador para completar tarefas específicas com requisitos, como, por exemplo, marcar 3 gols em um determinado espaço de tempo, distribuir assistências sem sofrer gols, e assim por diante. Existem também Momentos temáticos, que focam em nomes como o atacante francês Kylian Mbappé e o técnico alemão Jürgen Klopp, trazendo um pouco da história profissional deles.

Uma inédita e acertada proposta

Embora eu não acredite que esse modo deveria estar limitado ao Ultimate Team, reconheço o seu potencial para entregar histórias interessantes, que podem focar em personagens e eventos importantes do futebol. Já faz um tempo desde o último modo campanha na série FIFA e Momentos seria um substituto perfeito, talvez até mais adequado para um jogo de futebol, que exige uma pegada mais dinâmica, além de já possuir uma rica história na vida real.

Além do FUT, também temos: partidas contra outros jogadores, um modo carreira – tanto no campo quanto na área técnica –, o Pro Clubs, que pode colocar até 11 amigos em um time contra outras equipes e o Volta Football, uma espécie de FIFA Street genérico. Ênfase no “genérico”, pois apesar de ter a mesma proposta caótica do original, aqui temos um jogo menos atrativo mecanicamente e com a já criticada ênfase em compras online.

Além de meio genérico, a disponibilidade de jogadores é muito menor

De maneira geral, todos esses modos são bem divertidos. A jogabilidade é acessível a todos os públicos, sobretudo para os fãs da franquia. Mantenho a opinião de que ela precisa ser refinada, mas reconheço que está no caminho certo e finalmente está apresentando novidades significativas. A diversão é maior jogando com os amigos, como não poderia deixar de ser, seja no modo local, online, cooperativo ou competitivo.

Elenco (quase) perfeito

Em termos de licenciamento, FIFA 23 é uma ótima pedida. Além de possuir todas as ligas mais famosas do mundo, o game também conta com diversas seleções, a Liga dos Campeões, entre outros nomes famosos. Infelizmente, é impossível não notar a ausência da escalação correta da Seleção Brasileira, assim como a maioria dos times do Campeonato Brasileiro. Quem conferiu a análise de eFootball 2023 já sabe que clubes como Flamengo e Corinthians estão disponíveis lá, com elencos razoavelmente atualizados, no jogo da Konami.

Quem curte a Seleção Brasileira deve ficar com o jogo concorrente

Fora do Brasil, entretanto, a EA tem boa vantagem, com poucas ausências relevantes como Napoli e Roma, do Campeonato Italiano. Em outras palavras, quem curte jogar com mais fidelidade aos elencos não ficará decepcionado com FIFA 23. Temos clubes de diversos países menos tradicionais e até mesmo um esquadrão com estrelas aposentadas. Estádios também estão presentes com bom nível de qualidade.

Por outro lado, EA Sports reina absoluto no que se refere ao futebol feminino. Estão disponíveis a Barclays Super League – liga Inglesa – e Division 1 Arkema – liga francesa – de futebol feminino. A presença delas está até mesmo nas comissões de arbitragem; infelizmente, os visuais das mulheres são piores que os dos homens, lembrando que, como comentei anteriormente, eles já deveriam ser melhores do que os títulos passados.

Elas finalmente entram propriamente em campo, ainda que pudessem ser mais bonitas

Ainda falando em licenças, a Copa do Mundo 2022, no Qatar, e a Copa do Mundo Feminina 2023, na Austrália e Nova Zelândia, prometem chegar no futuro por meio de atualizações gratuitas. Considerando que copas passadas chegaram a receber games unicamente dedicados aos eventos, é bom saber que todos os proprietários de FIFA 23 poderão aproveitá-los sem gastar nada mais.

Para terminar, é importante ressaltar a presença do cross-play em videogames da mesma geração. Agora é possível que donos dos Xbox Series, PlayStation 5 e PC possam jogar juntos. PS4 e Xbox One só podem interagir entre si, numa escolha um tanto triste, mas compreensível. O cross-play pode ser ligado e desligado à vontade e a EA promete melhorá-lo conforme receber feedback dos jogadores.

O único ponto que fica em aberto é a mudança que veremos no próximo título. Segundo a própria EA, ela permitirá inovações antes limitadas pela própria FIFA (além de uma grande economia financeira, presume-se). Portanto, uma oportunidade e tanto para que o próximo futebol eletrônico siga no caminho do atual, trazendo inovações bem-vindas tanto em termos de conteúdo, quanto em formas de jogar e na própria jogabilidade, além de melhorias visuais.

Que venha a próxima temporada

No último título com o famoso nome, EA Sports FIFA 23 trouxe boas novidades e manteve as suas maiores qualidades. Por exemplo: o modo FUT continua viciante, a jogabilidade agora tem mais equilíbrio entre cadência e velocidade e temos muitas formas para jogar futebol. Ainda existem problemas, como nos quesitos visuais e mecânicos, mas eles não chegam a comprometer a experiência geral. Resta ficar na torcida para que o próximo título continue reforçando e aprimorando o elenco e, quem sabe, ser considerado um verdadeiro campeão.

Rola a bola!

Prós

Título se mantém como a opção mais completa para curtir futebol digital localmente e online;
O Hypermotion 2 torna diversas jogadas mais realistas e fluidas;
Jogabilidade continua intuitiva e divertida, agora mais física e cadenciada;
Muitos modos de jogo para se divertir dentro das quatro linhas, com destaque para a proposta chamada Momentos;
Grande quantidade de clubes, eventos e conteúdo licenciado;
Eventos como a Copa do Mundo prometem incrementar ainda mais as possibilidades de jogar.

Contras

Novas mecânicas também trazem novos problemas, como dificuldade de defender e relativa falta de exatidão nos passes;
Visuais demonstram certo desgaste;
Política pay-to-win continua forte.