Shin Megami Tensei: 30 anos de uma franquia vasta e diversa

Mesmo com pouca popularidade no Ocidente, SMT tem um legado sólido e invejável na indústria de jogos.


Apesar de ainda engatinhar no quesito popularidade aqui no Ocidente, Shin Megami Tensei completou seus 30 anos neste mês com um legado que marcou quase todos os grandes consoles já criados, com uma variedade enorme de estilos e propostas.

Origens



Antes de falar dos jogos em si, é necessário falar da obra que deu origem a tudo isso. SMT é uma adaptação de Digital Devil Story, série de livros escrita por Aya Nishitani que começa com a história de um garoto do colegial que cria um programa de computador capaz de invocar demônios.

Antes de se tornar "Shin", ou "Novo", Megami Tensei recebeu dois jogos para o Famicom. Uma estreia morna mas que já contava com elementos que ditam o clima dos seus sucessores. Em 1992, Shin Megami Tensei daria um reboot que a série precisava para entrar no eixo de vez, com dois lançamentos chegando ao Super Nintendo. 




Mas foi somente com Shin Megami Tensei III: Nocturne (PS2) que a série chegaria de vez aos olhos do Ocidente. Trazendo todas as mecânicas que consolidaram a série, agora em 3D completo, oferecendo mais vida e dinamismo para os jogadores.

Depois disso foram lançados também Shin Megami Tensei IV (3DS), Strange Journey (DS) e o mais recente da franquia principal: Shin Megami Tensei V (Switch), que elevou tudo que foi construído até então com um enredo bem escrito, gameplay refinada e estilo sombrio único que os fãs amam.

Muito mais que invocar demônios



MegaTen é caracterizado por algumas mecânicas específicas que fizeram a fama da obra. A capacidade de negociar e invocar demônios, além de poder fazer uma coleção, lembra uma versão satânica do que conhecemos em jogos como Pokémon ou Digimon, mas vale ressaltar que a primeira versão de Megami Tensei foi lançado em 1987, quase dez anos antes de Pokémon Red & Blue (GB).

A filosofia existencialista intrínseca da obra também é um destaque que dá um nível a mais aos jogos. Em uma indústria abarrotada de roteiros com convenções comuns e saídas unilaterais, a série se sobressai com uma proposta mais densa e cinza, com enredo que pode acabar no total niilismo (Caminho do Caos) ou esperança (Caminho da Ordem) e por vezes, no caminho da liberdade, que é a rota neutra, algo que lembra um pouco como Undertale (Multi) conduz sua narrativa.
 
SMT também é conhecido por ser vanguarda em diversas áreas da indústria de games. Além de ser um dos primeiros jogos de colecionar monstros e dungeon crawler, SMT também foi responsável por popularizar os gêneros de RPG com combate por turno na era inicial dos videogames. No mais, sua influência acabou impactando franquias inteiras e moldando tendências do futuro.

O poder dos derivados



Quando dizemos que Shin Megami Tensei é gigante, não é uma hipérbole. Além dos jogos principais, podemos destacar a popular série Persona, que por si só já roubou os holofotes do seu progenitor. Hoje Persona já vende mais que SMT, conquistou um público fiel no Ocidente e tem seus próprios derivados, incluindo jogos de luta e até de dança!

Nesse derivado os demônios são colocados em um ambiente escolar e o foco muda para os problemas sociais e psicológicos dos adolescentes. Como o próprio nome sugere, Persona deriva do termo empregado na psicologia analítica de Carl Jung, podendo ser definida como "uma espécie de máscara projetada, por um lado, para fazer uma impressão definitiva sobre os outros, e por outro, dissimular a verdadeira natureza do indivíduo", a face social que o indivíduo apresenta ao mundo. 


Devil Summoner é outro derivado que ganhou vida própria, tendo seus próprios remakes e spin-offs. Apesar de manter uma jogabilidade parecida com a série principal, aqui o destaque está na narrativa e motivação das personagens, mais voltado para o lado detetive da história. Seu título mais recente foi Soul Hackers 2 (Multi) lançado no dia 26 de agosto deste ano.

Os derivados são tão ramificados que também exploram a ideia de crianças protagonistas em Demikids (GB), o mundo conectado dos MMOs em SMT: IMAGINE (PC) e até o estilo estratégico de Majin Tensei (SNES).

Legado


A franquia Shin Megami Tensei é um exemplo de como é possível expandir universos, visões e estilos com a equipe criativa certa. Seu maior trunfo é ampliar tudo que foi colocado à vista lá nos livros de Aya Nishitani, criando um verdadeiro ecossistema em volta dos tão famosos demônios.

Dentro de uma mesma premissa, os desenvolvedores contaram histórias feudais, futuristas, atuais, assustadoras, cômicas, trágicas, divertidas e até bizarras. Tudo graças à vontade de inovar e de trazer um frescor a cada lançamento, seja em uma plataforma nova, gênero ou época. 

Assim como o apocalipse é inevitável no universo dos jogos, o eterno retorno de Shin Megami Tensei também é. São 30 anos de desenvolvimento ramificado em diversas mídias e estéticas. O que torna cada entrada dessa série tão original, única.

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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