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Análise: The Company Man (Multi) te coloca para trabalhar e merecer uma promoção

Vivencie um primeiro dia de trabalho infernal contra chefes abusivos e confronte os paradigmas e clichês de uma grande corporação.

Mesmo em tempos de trabalho híbrido e home office, muitos de nós ainda possuímos aquela rotina massacrante de chegar na empresa, bater cartão, trabalhar até o almoço, engolir a comida sem nem mastigar direito, voltar correndo antes da hora e ir embora exausto para casa, tudo isso com pequenas pausas regulares para o café ao longo do dia. Mas e se essa jornada fosse transformada em um jogo?

The Company Man transporta nossa labuta para um charmoso e divertido jogo de plataforma, com direito a chefes mesquinhos, recepcionistas grosseiras e diversos outros arquétipos empresariais que você com certeza já viu por aí.

O proletariado contra a máquina corporativa

Controlamos Jim, um rapaz que desde o primeiro dia de trabalho já sofre com as humilhações do local. Ele então tem a brilhante ideia de se tornar o próprio CEO da empresa, e para isso deve percorrer cada andar do edifício até chegar à sala presidencial.

Cada andar em The Company Man representa um setor, como Contabilidade, Recursos Humanos, Pesquisa e Desenvolvimento, Atendimento ao Consumidor, Marketing, Jurídico e a sala do presidente da companhia. A sacada, muito boa por sinal, foi a de colocar cada um desses ambientes com toda uma identidade visual baseada nas características dos empregados do respectivo setor.

O cenário da Contabilidade, por exemplo, é todo congelado, pois os contadores gostam de deixar o ar-condicionado no talo. Isso deixa o piso escorregadio, transforma cofres em cubos de gelo gigante e as plataformas são balanças enormes.

E assim, cada setor vira uma floresta, um laboratório, um palácio e até um castelo mal-assombrado. Os empregados pelo caminho também aderem ao tema de cada andar, formando um bioma único para cada espaço. É uma maneira muito bem-humorada de explorar o cotidiano empresarial com uma abordagem satírica.

Toda essa composição ganha bastante vida graças aos sprites em 2D, desenhados a mão e coloridos de maneira a parecerem uma grande versão alucinógena e cartunizada de The Office. Inclusive, é possível ver várias referências à sitcom americana nas falas e representações dos personagens.

O único ponto fraco dessa composição é a trilha sonora, que mesmo tentando acompanhar as variações do ambiente, se mostra genérica e até dispensável em certos momentos. Por sorte, não é nada que quebre o clima do jogo.

Sobrevivendo ao expediente

Como todo bom aprendiz em seu primeiro dia no emprego, Jim não possui habilidades e tem que se virar com pulos, dashes e ataques com um teclado de computador, na pegada melee.

Ao progredir pelo prédio, é possível adquirir alguns ataques novos, como disparar e-mails como projéteis e até uma saraivada de uma vez, ao melhor estilo “responder para todos”. O problema é que esses disparos são muito fracos e o alcance da nossa arma é muito curto, o que nos torna vulneráveis a ataques a distância e inimigos velozes, que por acaso são muitos.

Mesmo com essa disparidade entre nós e os outros funcionários, as batalhas contra os chefes de cada setor são ótimas. Além de criativas e carregadas de referências, elas não são tão abusivas com o jogador e apenas requerem que nós fiquemos de olho nos padrões de ataque dos oponentes.

Outro ponto que merece atenção são os checkpoints, aqui sinalizados por uma máquina de café. Podemos tomar uma xícara para recuperar nossa energia e seguir a batalha, mas eles são muito espaçados, fazendo com que as fases pareçam mais longas do que realmente são.

Ao concluirmos uma área, podemos retornar à recepção, xavecar a recepcionista (que nos dará um cafézinho) e visitar a cafeteria “desnecessariamente cara”, na qual compramos mais pontos de vida, de habilidade e mais poder para nossos ataques com o teclado e e-mails. Entretanto, se retornarmos à recepção antes de concluirmos uma área, perdemos as moedas coletadas até então, o que meio que acaba nos levando a ignorar esses power-ups, pois acabamos nos acostumando a nos virar com o que temos.

Eu me demito!

The Company Man se aproveita de um charme muito bem pensado, vindo do seu carisma. Ele pode ser concluído em menos de duas horas, mas explorar cada referência nos faz querer ficar um pouco mais. Não se surpreenda se, mesmo após terminar sua jornada, você tenha vontade de cumprir algumas horas extras.

Prós

  • Jogabilidade fácil de dominar;
  • Ótimo visual 2D;
  • A sacada de satirizar um prédio comercial é muito boa;
  • As batalhas contra os chefes são bem bacanas.

Contras

  • Os checkpoints são muito afastados entre si;
  • Não há nada de marcante ou divertido na trilha sonora;
  • A maioria dos inimigos leva vantagem sobre nós durante boa parte do jogo.
The Company Man — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Leoful

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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