Jogamos

Análise: LEGO Brawls (Multi) é tão satisfatório quanto pisar descalço em uma pecinha de plástico

Gaste mais tempo fazendo seu personagem do que jogando de fato neste título que só não é mais genérico porque carrega um nome de peso.

No cenário atual de jogos, tudo que envolve o nome LEGO tem sido marcante. Aventuras envolvendo franquias famosas, como Star Wars, Marvel e Jurassic World, enchem os olhos dos fãs e de quem curte um bom jogo de aventura e exploração.

LEGO Brawls vai por outro caminho, dando foco à liberdade que os bloquinhos coloridos sempre proporcionaram no mundo real e virtual, para gerar pequenos lutadores. A ideia parecia ótima, mas a experiência servida é muito aquém de tudo o que os outros títulosque carregam já proporcionaram aos .

E se eu misturar esse com aquele?

Vamos começar pela parte boa. Lego Brawls conta com uma customização bem diversificada. Por mais que os modelos de bonecos sejam bem conhecidos, podemos liberar itens dentro de temas específicos e juntá-los à vontade. São os seguintes:
  • Conquista Alienígena
  • Castelo
  • Lado Oculto
  • Jurassic World
  • Garoto Macaquito
  • Ninjago
  • Ninjago Prime
  • Ninjago Seabond
  • Pirata
  • Espaço
  • Vidiyo
  • Faroeste
Além desses temas, há também os modelos mais básicos, como cavaleiro, vaqueira, palhaço e líder de torcida, que são liberados no decorrer do jogo. Somando tudo, são mais de 400 peças e infinitas possibilidades.

Por mais que a parte criativa seja o forte do jogo, seria bem interessante poder escolher entre peças de outros temas licenciados fora Jurassic World. Além dos supracitados Star Wars e Marvel, há muitos outros que cairiam muito bem, como Harry Potter, DC, Star Trek, Indiana Jones e Piratas do Caribe.

Além disso, Jurassic World não possui Owen Grady, personagem de Chris Pratt e protagonista nos filmes mais recentes. Pode parecer uma reclamação muito específica, mas faço ela aqui pois o personagem está na tela de loading. Então por que não incluí-lo? Pelo menos o Dr. Ian Malcolm, interpretado por Jeff Goldblum no primeiro filme de todos, está incluído, e com a “camisa” aberta. A internet agradece pelo meme.

Entretanto, falta algo bem básico na personalização: não é possível trocar a cor de nenhuma peça que não seja o rosto. E isso não é restrito apenas para aquelas que imitam algum desenho de vestimenta, como armaduras, jaquetas e fantasias. Até mesmo as peças lisas têm tonalidade fixa. Só é permitido mudar se a cor for liberada, e existe no máximo quatro opções para algumas poucas peças de torso e pernas.

Se juntar dois, não dá meio…

Se na hora de fazer nosso bonequinho há uma série de opções, isso acaba nesse exato momento. O fator replay de LEGO Brawls é praticamente nulo e sua jogabilidade fraca potencializa isso.

A ideia era colocar nossos pequenos seres de plástico em combates até oito pessoas, no molde consagrado por Super Smash Bros. Entretanto, algo que parecia ser simples e poderia ser muito divertido virou uma lambança sem precedentes.

Ao escolhermos um tema, começamos a liberar itens que pertencem a ele à medida que batalhamos. Se nosso desempenho for muito bom, pode render pontos bônus. Assim que desbloqueamos tudo em um, podemos escolher outro, e assim seguimos até conquistar todos esses prêmios. Entretanto, não há desafio algum aqui e isso torna as partidas tediosas.

A cada sessão, as modalidades disponíveis são sempre as mesmas: dominar um ponto específico do mapa, seja móvel ou fixo, em dois times; uma luta entre todos com tempo cronometrado onde ganha quem fizer mais eliminações; e mais um tipo de combate individual, onde cada boneco só conta com três pontos de vida.

Não importa qual a modalidade escolhida, só existe um estágio baseado em cada tema, e eles vão se revezando a cada momento. Ou seja, fatalmente você irá jogar muitas vezes no mesmo lugar em um curtíssimo espaço de tempo.

Podemos colocar quatro jogadores de maneira local e oito em rede. O desempenho online é questionável, pois só notamos que estamos conectados quando os participantes começam a sumir e aparecer na tela, e isso é algo bem frequente. 

Outra coisa questionável é que nem mesmo parece que estamos com outros participantes, pois é muito fácil obter uma vitória. O desafio de LEGO Brawls, seja em rede ou local, é zero.

Até podemos levar em consideração que o jogo possa ter um apelo mais “infantil”, e isso talvez até sirva de muleta para explicar sua jogabilidade simplória, mas ainda assim tudo isso é bem desleixado.

Por falar em jogabilidade, os comandos não passam dinamismo nenhum. É totalmente possível ganhar uma partida ficando no meio do mapa e apertando o botão de bater repetidamente — eu ganhei três fazendo exatamente isso. Nem mesmo os power-ups, também temáticos, conseguem trazer algum brilho para a briga.

Essa tática pode ajudar com outra questão: a da confusão na tela. Alguns cenários são maiores que os outros e, isso influencia na distância do campo de visão, mas, não importa se perto ou longe, tudo vira um emaranhado de cores e brilhos difícil de entender.

Por fim, a parte sonora é nula. As músicas são repetitivas e irritantes, e os efeitos de batalha não causam impacto nenhum. Isso é muito frustrante ao pensar que, em tese, deveríamos contar com sons variados, baseados em toda a criatividade que LEGO sempre proporcionou.

Desmonta e guarda na caixa

LEGO Brawls me deixou bem frustrado. Ter uma infinidade criativa tão grande desperdiçada dessa maneira é vexatório. Nem mesmo a quantidade absurda de peças para liberar nos faz querer passar mais de uma horinha jogando. Triste, no mínimo.

Prós

  • Múltiplas opções para fazer seu bonequinho do jeito que você quiser (ou quase).

Contras

  • Poucos modos de jogo;
  • Poucos estágios;
  • Baixo fator replay;
  • Poucos temas famosos;
  • A inteligência artificial é risível;
  • Muitos momentos de confusão visual;
  • Qualidade sonora inexistente;
  • Não é possível mudar a cor das peças usadas para customização;
  • Exige um grinding absurdo do jogador, que não compensa.
LEGO Brawls — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 3.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela LEGO Games 

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google